𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.

015. REFÉM DE EX.

Raphael Veiga

– Pensa que eu não vi né príncipe. — Endrick me assusta batendo o pé no chão.

– Pelo amor de Deus, você vai encher meu saco até aqui?

Estamos na premiação do bola de prata aguardando toda a confraternização e a entrega dos troféus.

– Eu vi hein... — engoli seco com medo de que ele estivesse falando do que rolou comigo e com a Lorena ontem. – Vi que sua ex voltou a te seguir.

– Ah, é isso? — respiro aliviado.

– Veiga, Veiga, para de ser ioiô de ex.

– O que você tá falando moleque?

– Tá querendo enganar quem Ex Santana? — dou risada. – Toda vez que ela volta a te seguir ou curti alguma coisa sua, é porque ela tá planejando vim falar com você.

– Deixa ela vim falar. — dou de ombros.

– Ah não príncipe, não. — ele bate a mão na testa. – Por favor, foca em outra mulher. — saio andando e deixo Endrick falando sozinho, mas a peste vem atrás. – A Lorena, tu e ela não estão...

– Ela já te disse que não, não disse? — olho pra trás por cima do ombro.

– Ué, mas às vezes... — coça a cabeça. – Ah esquece, não quero me meter.

– Isso aí, vamos curtir o prêmio. — passo meu braço ao redor do seu pescoço. – E a loirinha que chegou com você? Finalmente assumiu hein.

– Meu maior golaço desse ano foi ela. — me responde rindo.

– Isso foi fofo irmão. — mexo no cabelo dele. – Parabéns e juízo hein. Não tô afim de ser vô não.

– Deus me livre príncipe. — faz o nome do pai e eu dou risada.

Esses eventos de premiação do futebol brasileiro são sempre da hora. Vem influenciadores de tudo quanto é lugar, as perguntas não são chatas, rola uma vibe divertida. A mistura de gente famosa e a descontração fazem desses momentos algo bem animado e empolgante.

Mas nada supera a sensação de chegar em casa com a cabeça na viagem que eu e meu irmão vamos fazer pra Dubai nessa madrugada.

– Eu sei falar inglês pô. — converso com ele no telefone. – Confia em mim Gabriel, vai dá bom.

– Não é mais confiável contratar um tradutor? — ele fala do outro lado da linha.

– Depende, você vai pagar? — escuto ele rir do outro lado. – Foi o que eu imaginei.

Me distraio quando meu telefone vibra na minha orelha e eu me vejo afastar pra olhar quem me incomoda uma hora dessa.

Sou surpreendido com uma mensagem de Bruna, minha ex.

"Estou na porta do seu apê, quero conversar."

A notificação me deixa meio perdido, sem saber o que esperar. O encontro inesperado traz consigo a promessa de uma conversa que pode mexer com as coisas, e o coração acelera só de pensar no que pode rolar.

– Gabriel, vou ter desligar. — é a única coisa que eu falo quando estaciono o carro em frente ao meu apartamento.

Sei que devem tá pensando que sou um idiota, um cara de 28 anos que ainda não superou a ex-namorada.

Mas, pô, experimenta. Experimenta passar 4 anos com alguém que você sempre achou que fosse o amor da sua vida, confiando a ponto de até pedir em noivado... É complicado, cheio de altos e baixos, e superar isso leva tempo, né? Cada um tem seu tempo.