053. LAR.

6K 559 366
                                    

⚠️🚨 ATENÇÃO: O capítulo contém descrição de crise de ansiedade. Se isso for te causar algum gatilho, sinta-se a vontade pra pular.

Já você que gosta de sofrer, leia ao som da música Home da Gabrielle Aplin.

Boa leitura pra todas vocês.🎧❤️

Meta: 230 comentários.

Raphael Veiga

– Psiu. Psiu. — alguém assobia tentando me chamar. – Irmãozinho.

Olho em direção ao Piquerez.

– Meu Deus, você tá péssimo. — faz careta.

– Sério? — debocho. – Agora fala algo que eu ainda não sei.

– Humm... — coloca o dedo no queixo como se tivesse pensando. – Você ama a Lorena. — solto uma risada pelo nariz e ele gargalha. – Consegui tirar um sorrisinho do seu rosto.

– Me erra cara, esquisito. — desvio da mão dele que insinuou fazer carinho na minha barba.

– Vocês terminaram né!? — Richard pergunta amarrando o short da puma no corpo.

– É. Quer dizer... — coço a nuca. – Não, eu não queria, mas... Ah, é complicado.

– Eu imagino, porque você tá com uma cara de morto vivo. — o colombiano completa a humilhação enquanto Piquerez ri.

– Eu vou ficar bem. Eu sempre fico. — minto pra mim mesmo.

Faz uma semana que eu não durmo direito. Na madrugada, meus pensamentos não dão trégua, e a cama parece um abismo sem Lorena. A culpa aperta no peito, e as minhas lágrimas rolam até que eu consiga pegar no sono. A imagem dela sofrendo assombrava meus sonhos interrompidos, e o remorso me manteve em noites sem fim.

Mas por incrível que pareça, acho que essa tristeza vem dando resultado nos treinos. Tô conseguindo durar mais tempo, dobrei a quantidade de exercícios na academia, e sou sempre o último a ir embora do CT. Me dedico o máximo, pra evitar ter espaço pra pensar na minha vida fora do futebol.

– Caralho, tô aqui te esperando faz meia hora. — meu irmão confere no relógio antes de desencostar do carro.

– Foi mal, esqueci que você ia me buscar hoje. — cumprimento ele com as mãos.

– Como foi seu dia? — aperta a chave do carro.

– Cansativo. — solto um suspiro.

– Tá melhor? Conseguiu...

– Não, não consegui. Tava conseguindo até sair do CT, você acha que eu tô dobrando as minhas horas de treino por que?

Meu irmão solta uma risadinha pelo nariz e dá a volta no carro enquanto eu entro pelo lado do passageiro.

– Eu sinceramente, não sei qual de vocês dois tá pior. — afivela o cinto.

– Como assim? Você viu ela? — arqueo as sombrancelhas.

– Vi, quando tava saíndo do seu ap hoje de manhã. — continuo olhando pra ele com expectativa de que fale mais. – Conversei com ela, talvez enchi até um pouquinho o saco dela. — faz pouquinho com os dedos. – E ela chorou nos meus braços.

– E você... — engulo seco. – Você conseguiu acalma-lá?

– Consegui. — me oferece um sorriso sem graça, como se estivesse apreensivo com minha reação.

Consigo imaginar perfeitamente essa cena do meu irmão consolando a Lorena. A real é que eu fico feliz que alguém tenha conseguido conforta-lá em um momento em que eu sou inútil.

𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora