002. ATRAVÉS DA JANELA.

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Lorena Viana

Nem falei nada quando ele me disse seu nome, somente me virei e continuei seguindo me caminho até a porta do apartamento.

No passado eu devia ser muito cuzona, porque não tem explicação pra passar tanta vergonha igual eu passo, só pode ser pagando algo que eu fiz na vida passada.

Assim que fecho a porta do apartamento sinto um alívio. Suspiro fundo até fechando um pouco os olhos e quando abro, reparo na maravilha que é esse apartamento. Na descrição que Lara colocou no site o apartamento não vinha com mobília, mas ela gostou tanto de mim que decidiu deixar a maioria dos seus móveis aqui, só tive que comprar uma cama.

Solto a minha mala perto do sofá e vou até a varanda aberta, me escorando no corrimão. São 18:00 horas da tarde, mas parece que tá todo mundo dormindo porque só tem um apartamento com luz acesa e é justamente o de frente pra minha varanda.

Fico observando a casa pela janela igual aquelas vizinhas fofoqueiras. Daqui eu vejo vários quadros, um sofá enorme de cor clara, uma mesa de sinuca, e bem no cantinho uma estante com vários prêmios.

– Cheio de prêmios, será que é famoso? — eu costumo conversar sozinha, não fiquem achando que sou esquizofrênica tá legal?

Desvio o olhar quando uma sombra cresce como se alguém estivesse passando. E ele passa, conversando no telefone, o mesmo cara do elevador.

Raphael Veiga né!? É. Foi isso que ele falou. Esse nome não me é estranho. Tenho quase certeza que já ouvi.

Ele parece entretido com a ligação, então não penso duas vezes em voltar a olhar pra sua casa. Mas agora, é ele quem me chama atenção. Sem camisa, com uma bermuda que daqui está visivelmente apertada em suas coxas grossas, mordo a parte interna da bochecha e sinto meu rosto corar quando ele senta e ajeita o próprio pau na roupa.

Sua mão enche com o volume que está ali, e tenho quase certeza que nem duro está ainda. Isso faz minha mente ir longe... Tão longe que talvez eu tenha até mordido o lábio inferior sem perceber... Balanço a cabeça e massageo minhas têmporas, tentando distanciar esses pensamentos.

Volto pra dentro de casa e respiro fundo antes de começar a desfazer minha mala. Ligo uma música na tv e prendo meu cabelo.

– Bora começar pelos livros né. — me ajeito em frente a estante passando a mão nela conferindo se está limpo.

Mas não está, óbvio. Pego um paninho despejando água e detergente pra passar na estante. Ajeito meus livros em fileiras de ordem alfabética deixando um em específico fora dela, pretendo ler ele de novo hoje e vou me aproveitar dessa varanda fresquinha pra isso.

Antes, tomo um banho daqueles que limpa até minha alma. Coloco um pijama que ficou um pouco apertado no meu corpo me fazendo refletir se eu engordei em menos de uma semana, porque juro que experimentei todas as minhas roupas antes de colocar na mala. Oque não me servia mais, pedi minha mãe pra doar.

Pego uma velinha aromatizante acendendo ela e colocando em cima da mesinha de centro da varanda. Antes dou uma leve olhada pra casa do meu vizinho de frente, vendo uma de suas luzes acesa que daqui parece ser a do quarto dele.

Enfim, abro meu livro e me aconchego naquelas cadeiras que ficam praticamente deitadas.

O livro é sobre o romance de uma secretária com o próprio chefe. Ele é bem mais velho que ela e super experiente. Ela já é mais reservada, e só transou uma vez na vida com seu primeiro namorado. Ou seja, imagina a barbaridade. Ele literalmente revira a mulher em inteira, transa com ela em tudo que é lugar. E por mais que ela seja reservada, ela provoca tanto ele, mas tantooooo...

𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora