008. SUPOSIÇÕES.

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Lorena Viana

A "festa" que Lara arrumou está até legal. As pessoas são gentis, todo mundo conversa com todo mundo, brinca e dança. É como se todos já estivessem juntos há anos, e a maioria deve se conhecer mesmo, já que metade do time do Palmeiras está aqui.

O lugar está leve, descontraído, amigável, e é surreal observar como todos os jogadores são legais e engraçados.

Até o sonso do Veiga, que parece ser super na dele, tímido, é amigo de todo mundo, querido por todo mundo que está aqui. Menos por mim, porque eu tenho a leve sensação que ele está me ignorando a minha presença e isso me faz subir os nervos.

– Amiga... — Helena me grita de dentro da piscina. – Entra, a água tá quentinha.

– Depois eu entro, vou pegar um sol primeiro porque eu tô me achando pálida. — agacho até minha bolsa e pego um protetor solar. – Você passou?

– Eu não, o Kevin que passou em mim. — abre um sorrisinho de lado.

– Lá vai né, sua papa anjo. Maria chupeta.

– E você é Maria Chuteira. — joga água em mim e eu dou um pulo pra trás.

– Curuzes. — nego com a cabeça. – Saí da piscina, vem passar protetor em mim.

– Eu não, pede seu macho. — aponta pro Veiga que tirou a camisa e sentou na beira da piscina.

– Vai se fuder Helena, sua inútil. — ela gargalha.

Tiro os óculos que estavam apoiados no topo da minha cabeça e os coloco nos olhos. Em seguida, leio as descrições do protetor solar, fingindo que é algo super interessante, mas na verdade, estou apenas tentando disfarçar o fato de que Veiga está secando até minha alma agora. Consigo perceber seu olhar pela visão periférica, e a tentativa de manter a pose frente a esse olhar intenso torna a leitura das embalagens um ato quase teatral.

Um calor sobe pela minha nuca, e eu passo a mão ali. Consigo ver Veiga rindo e finalmente desviando o olhar, e eu aproveito pra soltar a respiração que estava presa.

– Senhor. — sinto os pelos dos meus braços arrepiando de uma vez só. – Isso é macumba, só pode.

– Não é macumba não, é Raphael Veiga. — a voz de Lara me faz dar um pulinho de susto.

– Tava aonde hein? — pergunto enquanto me deito na espreguiçadeira.

– Dando pros meus machos. — Lara me acompanha deitando na espreguiçadeira ao lado. – Brincadeira, fui abastecer o freezer com bebida.

– Brincadeira? E esses dedos marcados na sua cara aí?

– O que? — Lara pega um celular sei lá de onde e olha seu rosto no reflexo. – Porra, que susto Lorena.

– Brincadeira né... sei... — dou risada.

– Não desvia do assunto não, que o foco era a secada que o Veiga tava te dando. — ela aponta com o queixo pra ele. – E aí? Vai rolar de novo?

– Ôxe, como assim de novo? Você já tá sabendo é? — franzi o cenho.

– Óbvio, ele é meu melhor amigo, me contou tudinho. — estala a língua no céu da boca. – Agora quero escutar a sua versão.

Que versão? A versão de quem gostou pra caralho de ser fodida da maneira que foi? A versão de quem tá odiando ser ignorada depois de uma transa daquelas? A versão de quem está achando ele o homem mais gostoso do mundo agora?

Nha... Sinto muito Lara, mas eu vou fazer a sonsa.

– Pra mim foi normal. — é o que eu respondo.

– Ata viu. — Lara gargalha. – Vou fingir que acredito.

– Tô falando sério, pra mim não teve nada demais. Eu achei ele até... Fraquinho. — Lara arregala os olhos.

– Você tá de brincadeira né!? — deixa a boca entre aberta. – Lorena, eu já sentei naquela rola, sei que de fofo ele não tem nada.

– Talvez o problema esteja em mim então. — dou de ombros.

– Ele vai saber disso tá!? — Lara ri. – E eu não quero tá na sua pele quando ele for te mostrar quem é soca fofo.

– Opa, não coloca palavras na minha boca, não disse fofo, eu disse fraco. — Lara da risada e olha pra trás de mim.

– Tá ouvindo isso Maddy? — olho pra trás. – Ela disse que o Veiga é ruim de cama.

– E ela mentiu? Acho ele fraco também. — Maddy responde e me entrega um drink. – Trouxe pra você, pode ficar tranquila que eu não sou uma Key Alves dá vida não. — as duas dão risada e eu fico sem entender mas não questiono.

– Vocês tão de sacanagem de falar um negócio desse. — Lara continua indignada com o fato de eu e Maddy discordamos sobre o Veiga ser bom de cama. – Cara, eu conheço a peça.

– A gente também conhece. — Maddy fala apontando pra si e pra mim. – Quer dizer, eu acho né. Você já dormiu com ele? — me pergunta.

– Se têm uma coisa que a gente não fez foi dormir. — respondo dando um gole no drink.

– Veiga é um cafajeste mesmo né, acho que ele comeu metade dessa festa. — Maddy gesticula.

Agora que eu me toquei que talvez a gente esteja falando demais do Veiga e tirando conclusões sobre ele transar bem ou não. Quando na verdade claramente somos três mulheres que pecamos deixando aquela rola de mel passar entre nossas pernas.

– Depois que ele terminou, desandou de vez. — Lara continua. – Tá desacreditado no amor, resolve todos os seus problemas na putaria. — dou risada. – Palmeiras perde, come uma loira. Lesão, come uma morena. Perdeu pênalti, come uma ruiva.

Eu e Maddy gargalhamos.

– Eu sinceramente fico preocupada, porque ele sempre foi tão certinho, um cara super romântico. — Lara continua. – Lembro quando ele me falava da Bruna com brilho nós olhos, e de repente tudo desandou.

– Por que eles terminaram? — me vi perguntar.

– Uai, nunca entendi muito bem, mas parece que foi por causa da tia Márcia. — Lara me responde.

– Márcia é a mãe dele?

– Isso. — as duas me respondem em sincronia.

– Eu acho que ela se intrometia nas discussões, só pode. Porque com a gente ela é tão legal, não é Lara? — Maddy fala enquanto eu acompanho as duas conversarem olhando de um lado pro outro igual um cachorrinho.

– Sim, tia Márcia é um amor. Acho que o problema era com a Bruna mesmo, muito infantil. — Lara responde fazendo careta. – Mas enfim, não é da nossa conta também né.

Disse ela, depois de falar horrores.

– É da nossa conta sim, eu hein. — Maddy responde e eu dou risada. – Ele fala da nossa vida, nada mais justo que a gente falar também.

– Ele tá sempre com você na boca né Maddy. — a resposta de Lara me faz gargalha. – Não ri não que você é a próxima, e se não ficar esperta, ele come vocês duas ao mesmo tempo.

– Ele não tem coragem.

– E muito menos pique pra isso. — completamento a resposta de Maddy.

– Essa garota é das minhas. — tocamos as mãos.

– Gente, gente... — Lara nega com a cabeça. – Bom, não vou falar mais nada. — levanta da espreguiçadeira. – Eu só quero que filmem e me mostrem depois.

– Filmar o que? — pergunto.

– O sexo a três de vocês. — me engasgo com o drink.

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Autora: Quem é vivo sempre aparece né.😎🤭

𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora