023. CONSELHOS DE MÃE.

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Lorena Viana

Que surto foi esse? Sério, qual a necessidade disso tudo? Tipo, é só um vídeo, o corpo é meu, o outro cara nem era ele, então tipo??

Poxa, talvez eu tenha vacilado em não usar camisinha com o Arrascaeta, e, sei lá, talvez eu tenha extrapolado quando disse que, se rolar um bebê, não será dele, já que ele morre de vontade de ser pai.

Sou impulsiva, e às vezes não consigo controlar as palavras que saem da minha boca.

E ele ficou com tanta raiva pra quem sempre diz que está solteiro, e que a gente não tem nada.

Errei, fui agir igual a ele e ele não gostou.

Mas sabe de uma coisa!? Minha consciência está levíssima. Eu já esperava que quando ele soubesse ia surtar, e sinceramente, eu não estou nem aí. Encarei os olhos dele pegando fogo com a atitude de quem finalmente soltou o verbo. Hora de ser eu, sem medo do vendaval que vem pela frente.

Peguei meu celular, mandei o vídeo pro Arrascaeta e em seguida liguei pra minha mãe.

- Lembrou que tem mãe né? - soltei uma risada, imaginando a reação dela ao ouvir minha voz.

- Mainha do céu, preciso te contar umas paradas que tão rolando por aqui. Se segura na cadeira que a conversa vai ser longa, viu?

- Tô sentada já, assistindo minha novela dá seis. Tô doida que descubram logo que essa veia é trabiqueira. - gargalho.

- Que velha? Você?

- Me respeite menina. - minha mãe rebate, soltando uma risada misturada com orgulho e surpresa. O sotaque nordestino dando o tom de uma discussão, mas é só nosso jeitinho de conversar mesmo. - Mas me conta, como você tá? O que tá rolando?

Suspiro fundo. Eu não tenho motivos pra esconder nada da minha mãe, e pretendo contar do início ao fim. Tudo.

Menos sobre o vídeo né!?
Tudo tem limite.

- Então, foi isso que aconteceu. - minha mãe fica em silêncio absoluto do outro lado da linha, e eu começo a me preocupar achando que a velha infartou. - Mainha? Mainha você tá me ouvindo?

- Parei de ouvir quando você falou que dormiu com jogador na segunda noite estando aí.

A linha fica tensa, e eu me arrependo de ter começado a história por esse ponto. O silêncio da minha mãe fala mais do que qualquer palavra.

- Não foi bem assim... - raspo a garganta. - Assim, ele...

- Não filha minha, não é um sermão não. - respiro aliviada. - Só estou surpresa, e sinceramente, bem contente. Finalmente botando a caranga pra trabalhar.

- MÃÃEEE! - solto um misto de riso e constrangimento, percebendo que essa conversa com minha mãe seria mais descontraída do que eu imaginava.

- Mas que diacho é esse dele tá achando que manda em você? - consigo imaginar daqui minha mãe com as sobrancelhas arqueadas, o pano no ombro e a mão na cintura, julgando até a última geração do Raphael. - Ninguém dá família Viana é controlada por macho nenhum.

- Num é mainha? Sem aliança, sem compromisso. - estalo a língua no céu da boca.

- Mas fala pra mim, você gosta dele não gosta? - fico em silêncio por tempo demais, e minha mãe nota. - Eita, aí o buraco é mais embaixo.

- Não sei te responder isso mãe, porque assim... - me ajeito no sofá até meu corpo cair deitado. - Aconteceu tudo muito rápido, e o Raphael é um cara meio complicado sabe!?

𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora