067. E SE...

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Raphael Veiga

Não sei o que sentir, nem sei o que pensar. Só sei que tudo se mistura... Raiva, choque, indignação e um pouco, mas bem pouco, de esperança.

Nem percebo quando Lorena em um pulo tá do meu lado, com o celular do irmão na mão.

– Tá.De.Sacanagem? — fala pausadamente. – Cê tá pegando a Bruna Santana????

– Então o sobrenome dela é esse?? — o irmão dela arquea as sombrancelhas. – Tão genérico, por que ela nunca quis me dizer?

– Porque ela é... Aliás, o irmão dela é famoso e o ex também. — responde me olhando de lado.

Não consigo falar nada, minha cabeça está girando e eu cerro os punhos só por pensar na possibilidade do filho que ela espera não ser meu.

– Licença.

Com um impulso só me vejo levantando do sofá, dando alguns passos até a porta de saída do apartamento de Lorena e só parando de andar quando entro dentro do carro.

Minha cabeça tá explodindo e meu coração bate tão rápido que o sinto pulsando até a minha garganta e voltando com tudo contra o meu estômago. Meu corpo reage da mesma maneira daquele dia no corredor, como se tudo ao meu redor quisesse me espremer, levando consigo todo o meu ar e minhas forças.

Tem vários "e se" passando pela minha cabeça.

E se esse filho realmente não for meu?

E se novamente Bruna tentou me enganar pra me manter perto dela?

E se eu estivesse até hoje sem Lorena por causa de uma situação que a Bruna criou?

Por que? Qual a razão de mentir tanto assim?

Cara, com criança não se brinca. Um bebê ainda por cima, isso é... Isso é nojento pra caralho.

– Raphael! — os dois socos que Lorena dá no vidro do carro me tira do tranze. – Abre essa merda dessa porta.

Destravo o carro e Lorena senta no banco passageiro puta da vida. Não sei se ela está assim pela forma como eu saí da casa dela ou se os mesmo "e se" meus circulam pela cabeça dela também.

– Você contou pra ele? — desvio o olhar do volante pra encontra os dela. Lorena acenti a cabeça em confirmação. – Conseguiu saber se rolou na mesma época ou...

– Raphael dá um tempo. — joga as costas no estofado do banco. – Toda vez a gente termina no mesmo lugar. — franzi o cenho. – Roda, roda, roda, pra no final ser sempre algo relacionado a ela, ou ao relacionamento que vocês tiveram.

Sinto um nó se formando na garganta, sabendo que tudo que ela disse tem fundamento. Estamos com uma sombra do passado ainda pairando sobre nós, mesmo que eu tente evitar, a frustração de Lorena é compreensível, e eu me sinto impotente diante da repetição desse ciclo.

Suspiro fundo, sentindo o peso de coisas mal resolvidas atrapalharem meu novo ciclo. Mesmo que eu queira deixar o passado para trás, parece que ele insiste em nos perseguir, como se estivéssemos destinados a reviver cada memória. É como se a presença dela mesmo de longe, quisesse nos separar. Um castigo.

– Desculpa, não devia ter saído daquele jeito. — deito minha cabeça no banco deixando meu pescoço ceder pro lado. – Fui um idiota, seus pais devem achar que eu sou maluco.

– Você é muito explosivo Rapha, tem que começar a ser mais racional. — Lorena tá irritada, a respiração tá pesada e ela nem pensa muito pra falar. – Sei que é meio chocante só de pensar na possibilidade do filho não ser seu, mas assim... Ah, sei lá. — bufa.

𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora