Lorena Viana
– Vamos combinar de não contar nada que aconteceu aqui pra ninguém? — ele questiona enquanto veste a blusa dele em mim.
– Qual parte você não quer que conta? — pergunto irônica. – A parte que você pediu por favor ou a que você ajoelhou nos meus pés?
– Que tal não contar nenhum das duas!?
– Por que, Veiga? Com receio de que descubram que por trás da fachada, você não é tão pilantra quanto quer parecer?
Ele me encara, meio desconfortável, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas para me responder.
– Na verdade, minha única intenção era te proteger, mas se quiser ficar fazendo propaganda sobre mim... Vai em frente. — ele sorri de lado e pisca um dos olhos.
A gente se pega rindo, toda aquela tensão se desmanchou por completo. O alívio me atinge ao ver a gente numa boa depois daquela turbulência.
Mas, sei lá, fica essa sensação de que tem algo no ar, como se ainda tivesse mais coisa pra rolar, algo que não foi totalmente dito. Talvez seja só paranoia ou resquícios da confusão anterior, mas a vibe leve entre nós não consegue apagar completamente essa sensação de expectativa.
– Posso tomar um banho aqui? — ele pede, ainda de cueca e agora com uma toalha sobre o ombro.
– Pode, o banheiro fica...
– Eu sei aonde fica, eu já morei aqui. — prende os lábios com força e solta fazendo um barulho. – Isso a Lara não te contou?
– Oxê, como assim? — cruzo os braços.
– Antes desse apartamento ser dela, ele era meu. Eu que dei pra ela.
– Não...Você tá brincando né? — dou risada.
– Não. — dá risada também. – Eu morava aqui, e me mudei pra ficar longe de... Bom, longe de certas pessoas.
– Mas qual o sentido disso? Você mora no apartamento aqui do lado.
– Eu estava em uma casa quando dei esse apartamento pra Lara, decidi mudar porque senti um clima pesado lá depois que o irmão dela morreu. — dá de ombros. – Aí eu voltei pra cá, porque é um lugar que eu já conheço e fica perto do CT do Palmeiras.
A ficha cai: ele morava aqui?
Isso explica a facilidade dele em se movimentar pelo meu apartamento, conhecendo cada canto. É como se estivesse em casa, essa familiaridade preocupante que agora faz total sentido. Ele vai até o banheiro, entra e liga o chuveiro, como se fosse um hábito enraizado, e eu só consigo pensar no quanto temos segredos compartilhados entre essas paredes.
Enquanto o Raphael demora no banho, eu pego o celular e começo a fuçar no iFood. Fico perdida toda vez que entro em aplicativo de comida, são muitas opções deliciosas, enquanto eu tenho a difícil missão de decidir o que pedir. A demora dele vira uma desculpa perfeita pra explorar o cardápio e ver o que me dá vontade.
– O que você pode comer, jogador? — pergunto quando vejo ele abrir a porta do banheiro, o cabelo molhado escorrendo no rosto deixa ele ainda mais atraente.
– Você. — ele responde com um sorrisinho cheio de segundas intenções. – Mas falando sério, qualquer coisa tá valendo. Me surpreenda.
– Mas você não tem dieta? Essas coisas de jogador.
– Tenho, mas eu tô de férias, até fevereiro consigo recuperar.
– Sendo assim que tal um hambúrguer hum!? — levanto as sombrancelhas. – Vou querer um de frango empanado e você?
– Quero normal, duas carnes, queijo, presunto, mussarela, ovo, alface, tomate... — concerta a toalha no corpo.
– Com esse corpinho aí nem parece que come desse jeito.
– A genética é boa né, marrentinha. — ele pisca pra mim.
– Realmente, porque o seu irmão... — começo a dizer, me abanando.
Sinto apenas um travesseiro atingindo meu rosto.
– Tá maluca, Lorena? Perdeu a noção do perigo? — ele exclama.
– Que isso meu bem, tem que dividir. —provoco.
– Lorena, não me irrita.— ele responde, um tom sério na voz.
– Relaxa, só tô mantendo as coisas interessantes por aqui. Sem estresse, tá? — dou um sorriso.
– Você gosta de provocar, mas quando é ao contrário você não aguenta. — ele comenta, se olhando no espelho para dar um jeito no cabelo.
Caramba, não sei se estou no meu período fértil, mas ele fica tão gostoso assim. Com peitoral nu, as gotículas de água escorrendo pelo abdômen trincado, os músculos dos braços marcados e tensos... Puta merda, Veiga, me come de novo.
– Hein!? — ele vira pra me olhar. – Escutou o que eu falei?
Não. Desculpa, tava ocupada demais me perdendo em cada detalhe do seu corpo.
– Não. — nego com a cabeça enquanto mordo meu lábio inferior.
– Tá com a cabeça aonde que não ouviu o que eu disse? — ele pergunta, um misto de surpresa com impaciência.
– Ah, foi mal. Minha mente deu uma escapadinha momentânea. O que você estava dizendo? — finjo inocência, mas o sorriso dele indica que não está comprando minha desculpa.
– Tanto faz, esquece. — ele resmunga, mas não consigo evitar notar um pequeno sorriso nos lábios dele.
– Sério, me conta. Juro que agora tô prestando atenção. — insisto.
– Já que vai passar o Natal com a Helena, que tal a virada do ano ser comigo? — ele solta, jogando a ideia na mesa.
Um convite surpreendente, meu coração dá uma acelerada. E eu, por um instante, me vejo ponderando sobre as possibilidades de passar o ano novo ao lado dele.
– Não sei se é uma boa idéia, você vai passar com sua família né!? Não quero atrapalhar.
– Você não me atrapalha em nada. — franze o cenho. – Por mais que você me desconcentra pra caralho, isso não é algo ruim.
– Não? Você gosta quando eu te desconcentro?"
– Tem momentos que vale a pena se desconcentrar por você.
Uau. Eu realmente não tô reconhecendo esse Raphael Veiga.
– E o que mais você curte, Veiga? Parece que tá cheio de surpresas hoje. — solto, com um sorriso safado.
– Ah, você ainda vai descobrir. — ele responde, me olhando de um jeito misterioso que me deixa curiosa.
A troca de olhares fica intensa, e a conversa se transforma numa dança de palavras, cheias de sugestões, nos levando por caminhos que conheço bem.
O barulho do interfone toca, quebrando nosso contato visual. Me levanto para atender, ajeitando a blusa dele no meu corpo. Sinto minhas costas queimando sob o olhar dele enquanto me afasto. A tensão ainda paira no ar, e o som insistente do interfone parece ter interrompido algo que estava prestes a acontecer.
Mas o que estava prestes a acontecer? De novo sexo? Outra conversa? Um beijo? Mais provocações?
Sinceramente não dá pra saber, somos imprevisíveis e é isso que deixa tudo melhor.
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Autora: FELIZ ANO NOVO.🤍✨
Um pouco atrasada, mas nunca é tarde. Que 2024 seja o ano de todos nós, amém.🙏🏾

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𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.
FanfictionOnde o Raphael Veiga romântico e fofinho será consumido pela sua versão 𝐏𝐢𝐥𝐚𝐧𝐭𝐫𝐚. #1 - Palmeiras [25/11/2023] #1 - Raphael Veiga [22/01/2024]