069. APOIO.

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Lorena Viana

Fui promovida de madrasta, pra titia do ano.

O alívio que eu senti quando Raphael chegou em casa com um envelope na mão e uma carinha de poucos amigos foi inexplicável. No papel estava escrito em negrito que o sangue não era compatível, o que significava que não tinha como ele ser pai do bebê que Bruna espera.

Meu primeiro questionamento foi; o que ela pegou do Raphael pra fazer o exame?

E o segundo questionamento foi; como pode ser tão fria em esconder a gravidez do meu irmão e só contar para aqueles que a convém?

Só sei que desde a descoberta, a minha família até esqueceu que vieram aqui pra me ver. Agora só querem saber dessa história, encheram eu e o Raphael de perguntas sobre a Bruna, enquanto o meu irmão foi atrás da própria pra conversar sobre o filho.

– Caralho, eu vou ser parente do Luan Santana e do Raphael Veiga. — Lorenzo fala todo animado. – Santa Rita, como minha vida mudou do nada.

– Meus filhos só me dão trabalho. — meu pai está indignado desde a hora que soube que o Luís vai ser pai. – Além deu não ter idade pra ser avô, vou ser parente de gente rica.

– Não tem idade pra ser avô? — minha mãe ri. – Cê tá chegando nos sessenta já Moacir, se aquieta.

– Ah gente, pensa pelo lado bom... A quanto tempo a gente não tem um bebê na família? — ofereço um sorriso pra eles.

– O último foi esse marmanjo aí. — aponta pro Lorenzo sentado ao lado de Raphael. – Esse cagão. Oh diacho de menino que gastava fralda.

– Que isso painho, na frente do homem? — bate a mão na testa. – Desculpa por isso Veiga, eles não sabem se comportar.

– Relaxa, eu também tive um irmão que cagava muito na calça. — meu namorado brinca de volta fazendo todos rirem.

Por mais que o clima esteja leve e que todos aqui aceitaram numa boa o novo membro da família, eu sei que o Raphael está triste. Quem sou eu pra julgar os sonhos alheios e querer que ele se sinta bem depois de tudo que aconteceu, é pedir demais da minha parte.

E só de pensar que nem eu vou ter a possibilidade de realizar esse sonho dele de ser pai, uma tristeza me atinge tão firme que meu peito começa a doer. Aquela sensação de ser incapaz toma conta de mim de novo, principalmente porque eu não sei como contar isso pra ele. Não sei quando vai ser uma boa hora pra gente conversar sobre isso, não quero machuca-ló ainda mais, mas eu também não quero demorar mais tempo pra contar.

Depois de levarmos minha família quase completa pro aeroporto diante de muitos beijos, abraços, e uma despedida bem melancólica, voltamos pra casa debaixo de um clima chuvoso e um friozinho que me fez vestir o moletom de Raphael que estava no carro.

– Clima bom pra assistir um filminho, comer um brigadeiro e dormir. — sorri com os lábios mas sem desviar o olhar do trânsito.

– Mas é isso que a gente vai fazer, não!? — coloco meus pés em cima do banco, abraçando minhas pernas.

– É. Geralmente é isso que casais fazem quando tá frio. — dá de ombros.

– Disso eu não sei, não tenho muita experiência como casal. — faço careta.

– Sem problemas, sou um cara paciente que gosta de ensinar às coisas. — me olha de lado com um sorrisinho no rosto.

Fico me questionando se devo perguntar como ele tá depois de descobrir que o filho não é dele. Quero que ele se sinta a vontade pra conversar comigo sobre as coisas que o deixam triste, e nem adianta ele fingir estar bem pra mim porque eu sei que não tá. Percebo seus olhos pesados, assim como sua respiração que evita até a ser funda demais. Eu conheço meu homem.

𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora