Raphael Veiga
Sinto tanta coisa. Tá tudo tão bagunçado aqui. É um mix de coisas bagunçando minhas ideias. Tem desejo, tem incerteza, tem vulnerabilidade, e ao mesmo tempo, algo muito familiar.
Meu coração martela contra o peito, e isso me leva de volta à última vez que me senti assim. Lembro-me vividamente de como o final não foi nada agradável, como se essa experiência passada estivesse projetando sua sombra sobre o presente.
A expectativa pra ouvir a resposta de Lorena me gera incômodo. Sei que tenho que esperar o tempo dela. No fundo, sei que ela vai desconversar, como se estivéssemos evitando cuidadosamente enfrentar o que se desenha entre nós. É um padrão conhecido, uma espécie de coreografia que já ensaiamos várias vezes, e essa familiaridade não deixa de trazer um misto de ansiedade e esperança.
Enquanto ela se prepara para falar, uma parte de mim deseja que possamos romper com essa competição de ego ridícula.
– Não sei... Tendo um lance? — solta uma risadinha nervosa.
Consigo ler suas expressões e saber que ela está mentindo.
Não culpo a Lorena por ser fechada, afinal, já dei a ela motivos de sobra para se sentir assim. A raiva, a insegurança e o receio que ela carrega têm raízes nas minhas ações passadas.
– Por que que a gente insiste nisso? — nego com a cabeça. – Por que a gente mente tanto?
– Rapha...
– Por favor, Lorena, por favor. — prendo os olhos com força. – Vamos ser mais honestos, parar de mentir um pro outro.
Os olhos claros de Lorena são dominados pela pupila escura e pelo brilho de lágrimas que se formam ali. Sua boca está entreaberta, como se buscasse palavras para se expressar.
Eu sou um idiota. A verdade é essa. O peso da autorreflexão está estampado em seu olhar, ela está nitidamente se sentindo insegura nessa relação. E é tudo culpa minha.
– Você acabou comigo aquele dia... — abaixa a cabeça, algumas lágrimas pingam em uma de suas coxas. – Quando você disse que eu nunca ia escutar um eu te amo sair da sua boca, quando na verdade a única coisa que eu queria é que você fosse mais... Claro.
– Não estava claro o suficiente que nunca foi só sexo? Nunca é só sobre o nosso sexo. — fixo os olhos no vidro do carro, sentindo um peso enorme sair das minhas costas. – Me desculpa. De verdade.
O interior do carro parece impregnado com a sinceridade do momento, cada palavra ecoando entre nós como um passo em direção à compreensão. As lágrimas de Lorena testemunham a vulnerabilidade que ela expressa, e minhas palavras, por mais tardias que sejam, buscam uma redenção.
Lorena ergue lentamente o rosto, os olhos encontrando os meus. Sua voz, embora embargada, ressoa com uma sinceridade dolorosa.
– Eu só queria que fosse mais fácil, Rapha. — Ela suspira, como se carregasse não só o peso das suas emoções, mas das minhas também. – Não quero ser a pessoa que vai te mudar, mas também não quero ser só mais uma em sua lista.
Eu entendo ela pra caralho, e perceber que ela se sente só mais uma, me deixa mal. Porque não é só isso. Ela nunca foi apenas mais uma.
As palavras que dela carregam um peso, um peso que de algum jeito bateu no fundo do meu peito. Ela me demonstra se sentir substituível, mas, pô, a gente sabe que não é bem assim. Sempre teve mais coisa entre a gente do que só algo casual.
A verdade é que agora parece que temos a chance de deixar a poeira baixar e enxergar além das bagagens que carregamos. É como se tivéssemos uma tela em branco pronta pra ser preenchida com algo mais genuíno e, quem sabe, um entendimento mais profundo.

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𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.
FanfictionOnde o Raphael Veiga romântico e fofinho será consumido pela sua versão 𝐏𝐢𝐥𝐚𝐧𝐭𝐫𝐚. #1 - Palmeiras [25/11/2023] #1 - Raphael Veiga [22/01/2024]