044. INTIMIDADE.

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Raphael Veiga

Observo Lorena ajeitar a postura e mexer no cabelo pela décima vez enquanto Renata faz o story pedindo pra que as pessoas mandem perguntas pra mim e pra Lorena. Ela cita a Lorena como minha "amiga", e eu vejo a própria rir com essa constatação.

– Tudo bem pra você fazer isso? — pergunto baixinho, só pra ela ouvir.

– Você me pergunta isso agora? — solta uma risada nervosa.

– Se você me falar agora que não quer, a gente não faz.

– Agora é tarde né, a Renata já fez o story e postou. — ajeita o cabelo mais uma vez. – Mas, tá tudo bem, isso só é novo demais pra mim.

– Desculpa, eu errei em não ter te perguntado se você queria antes.

– Desculpado. — sorri com os lábios. – De qualquer forma, eu vou ter que me acostumar com essa exposição quando a gente se assumir de verdade.

"Se assumir de verdade." A indireta sútil.

– Quando chegar em casa a gente vai conversar sobre esse bagulho de "se assumir", tá?

– Será? — estreita os olhos e aproxima o rosto do meu. – Porque você tá sempre fugindo desse assunto comigo, mas aparentemente, pra todo mundo ao seu redor você anda falando outra coisa.

– Sendo bem sincero, o Diogo foi o primeiro que me perguntou se você é minha namorada. — aproximo ainda mais nosso rosto.

– E você nem pensou em responder que sim.

– Eu menti então? Você não é minha namorada?

– Você não entendeu o ponto da conversa. — o sopro da risada dela atinge meu rosto. – Chegar em casa a gente conversa mesmo. — me dá um selinho rápido.

Eu entendi perfeitamente o ponto da conversa. Ela quer que eu peça ela em namoro, mas assim, calma. Eu quero fazer algo legal, que fique marcado na memória dela, porque eu sou o primeiro namorado e quero muito ser o último também.

– Prontos? — Renata tira a nossa atenção, estávamos nos encarando até esse momento. – Já chegaram muitas perguntas, escolham aí.

Me entrega o celular e eu entrego a Lorena. Selecionamos juntos três perguntas e deixamos Renata escolher as outras quatro.

– Posso começar a gravar? — pergunta, Lorena concorda com a cabeça e eu já não preciso falar mais nada. – Tá bom. — Renata respira fundo, ajeita o cabelo e começa a gravar. – Bom gente, vamos começar com uma clássica... Como vocês se conheceram?

– Quer responder essa? — pergunto pra Lorena que nega com a cabeça. – A gente mora no mesmo prédio, e... Num belo dia a gente se esbarrou no elevador.

– E o santo bateu de primeira? — Renata brinca.

– Não, definitivamente não. — Lorena responde rindo.

– Não?? Você me deu até apelido. — franzi o cenho olhando pra ela.

– Que apelido?

– Quer que eu te lembre mesmo? — solto uma risada e Renata me acompanha desligando o story. – Você me chamou de gostosinho no primeiro dia que você me viu Lorena, como que o santo não bateu?

– Ué, eu te achar gostoso é universal. Todo mundo acha. — arquea as sombrancelhas. – E isso não é apelido, seu apelido é outro e você sabe muito bem qual é.

– Briga, briga, briga.... — Gabriel faz um coro no fundo.

– Próxima pergunta... Gravando. — ergue o celular no nosso rosto. – Uma viagem que vocês fariam juntos?

𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora