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Lorena Viana
"Meu lar"
Acho que às vezes o Raphael não tem noção das coisas que ele fala e muito menos do impacto que suas frases têm em mim.
Chegar em casa e dá de cara com ele abaixado na porta do meu apartamento, foi tão desesperador. Eu tenho crise de ansiedade e por isso não demorei muito pra perceber que ele estava tendo uma. Independente de tudo, eu o ajudei, porque só quem passa por isso sabe como é ruim enfrentar sozinho.
Agora a gente tá aqui, os dois sentados no chão do corredor, em silêncio, apenas trocando carinhos. É um silêncio triste, que me faz querer chorar como venho chorando a semana inteira.
Raphael fica pertinho, meu abraço cobre ele, cheio de conforto, um conforto que eu sei que ele precisa. Eu também precisava, a semanas atrás e a única pessoa que foi capaz de me oferecer isso foi o Gabriel.
No meio desse silêncio, percebo que não tô sozinha, que essa tristeza é coisa dos dois. É uma conexão muda, uma tristeza mútua que faz o corredor ficar menos vazio, mesmo que por um instante. Juntos, no chão gelado, onde a presença um do outro é a única coisa que importa diante da dor que não precisa ser explicada.
– Podemos ser amigos. — sugiro. Raphael se afasta pra me olhar. – Não precisamos odiar um ao outro, até porque isso é meio impossível.
– Amigos? — pergunta de volta, arrastando a voz.
– Parceiros? Companheiros? — arqueo as sombrancelhas.
– Você acha que a gente consegue ser só amigos? — os olhos dele ainda estão vermelhos, e isso faz meu coração apertar mais ainda.
– A gente tem que tentar alguma coisa Raphael, não dá pros dois ficarem triste um de cada lado, chorando pelos cantos, tendo crises...
– E porque a gente não tenta voltar então? — estreito os olhos. – Só mais uma vez. Meu filho não vai atrapalhar nós dois.
– Eu sei disso, o problema nunca vai ser seu filho. — ele ajeita meu cabelo pra trás da orelha. – Mas... A sensação é que eu vou atrapalhar, que eu sou um fardo na sua vida e que além do cuidar do seu filho, você teria que cuidar de mim.
– Você nunca me atrapalhou. Nunca foi um problema pra mim. — coloca a mão no meu queixo levantando minha cabeça. – Olha pra mim... Eu amaria cuidar de você do jeito certo dessa vez.
– Mas eu não quero isso, de novo não. Eu demorei a me curar sozinha, não quero ter que precisar de ninguém de novo...
Raphael me encara supreso, talvez minhas palavras tenham saído com um peso que nem eu mesma percebi antes de dizer.
– De novo? — arquea as sombrancelhas. – Como assim?
– Você não é a primeira pessoa que me deixa pra trás quando surge uma situação difícil. — solto uma risada pelo nariz. – Antes mesmo de conhecer você, eu já fui deixada pra trás antes.
– Mas, e-eu pensei que seria seu primeiro namorado.
– Você iria ser meu primeiro namorado. — confirmo com a cabeça. – As pessoas a quem eu me refiro não tem nada haver com namoro ou ficantes.
Raphael fixa seu olhar em mim, repleto de expectativas, aguardando ansiosamente por uma explicação.
No entanto, sinto uma aversão profunda ao abordar esse assunto específico. Como já disse antes, detesto expor minha vulnerabilidade, fico evitando a todo custo a imagem de "coitadinha" que isso poderia criar. Nunca foi minha intenção me sentir assim, e lidar com essa aversão torna-se um desafio ao tentar compartilhar mais sobre essa parte desconfortável de minha vida.

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𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.
Fiksi PenggemarOnde o Raphael Veiga romântico e fofinho será consumido pela sua versão 𝐏𝐢𝐥𝐚𝐧𝐭𝐫𝐚. #1 - Palmeiras [25/11/2023] #1 - Raphael Veiga [22/01/2024]