061. TROFÉU CIÚMES.

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Lorena Viana

Já falei aqui que odeio disputa de pênalti?

Porra. Não tem condição. Como que ninguém faz um gol em 180 minutos, pelo amor de Deus. Cadê o toca no Calleri que é gol? E o Rony rústico?

Tudo enganação.

Agora eu entendo porque que as pessoas que gostam de futebol parecem malucas. Não tem como ficar em paz vendo seu time em campo sem fazer gol, eu diria que torcedor só tem paz na época de férias dos jogadores... Ás vezes nem isso.

– Quem é o primeiro a bater? — pergunto pro fotógrafo do meu lado.

– É o Veiga.

Puta que me pariu. Isso só pode ser algum tipo de teste cardíaco.

– E você acha que ele faz? — pergunto sentindo o nó bater na minha garganta e voltar.

– Provavelmente, ele é bom batedor. — solto o suspiro que estava preso. – Mas o Rafael também é um bom goleiro.

Resumindo, só Deus sabe.

Só me vejo juntando às mãos, fechando os olhos e praticamente implorando pro Rafael deixar passar pelo menos esse pênalti do Veiga.

– Faz o gol amor, pelo menos de pênalti. — me vejo sussurrar.

O árbitro apita, e eu continuo com os olhos fechados pra não ter que assistir essa tortura. Mas minha mente trabalha sozinha, e eu consigo imaginar perfeitamente o Veiga indo até a bola, esticando a perna e batendo no cantinho pra fazer o gol. Quase que o Rafael pega.

Abri os olhos pra vê se a comemoração que eu pedi vai ser feita, e a única coisa que eu vejo é ele voltando pra fila e outro jogador já se preparando para a cobrança. Não julgo, deve tá tenso pra caramba, consigo imaginar daqui seus músculos todos contraídos.

E assim segue as cobranças de pênalti, todos do São Paulo converteram, e o primeiro a errar do Palmeiras foi o zagueiro Murilo. Agora quem tá há frente do Rafael é o Piquerez, e não sei porque, mas meu sexto sentindo diz que ele vai errar.

– Ele vai errar. — falo com o fotógrafo.

– Se ele acertar, você zikou o São Paulo. — me responde rindo.

– E se errar, eu sou vidente e vou jogar na Mega-Sena assim que sair daqui. — rimos juntos.

Dessa vez eu assisti, fiquei tão mais tranquila e consciente de que ele ia errar que acompanhei cada passo que ele deu pra trás, até a corridinha pra chutar a bola e... Errar. Aliás, Rafael pegar né.

– PUTA QUE PARIU, EU VOU FICAR MILIONÁRIA. — grito e dou pulinhos de alegria.

A torcida do São Paulo inflama o Mineirão, começa a gritar, cantar, e tem alguns até chorando. Registro tudo com minha câmera, apontando pra felicidade dos jogadores e dá torcida. Os dois em sincronia.

Eu acho que esse é um dos principais ingredientes para ter um time campeão. A sincronia entre os jogadores e a torcida. O torcedor ama ver os jogadores jogando com raça, tendo orgulho de vestir a camisa que veste, representando o peso do escudo no peito. E quando a direção percebe isso e faz o possível pra manter os jogadores com esse espírito... Buuum, troféu, títulos. Receita pronta.

– OH LOLO... — escuto um deles me gritar. – VEM PEGAR SUA MEDALHA.

O que? Eu vou ganhar medalha também?

𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora