037. ARMÁRIO.

8.7K 651 348
                                    

Raphael Veiga

Maluco... Que sensação é essa de pós sexo.

Não que os outros tenham sido ruins, mas, nossa... Sabe aquela sensação de leveza? De conforto? Me sinto cansado, óbvio, dei minha vida aqui dentro desse banheiro. Mas pelo estado de Lorena, acho que valeu muito a pena.

– Tudo bem aí? Quer ajuda? — pergunto, perto o suficiente do seu ouvido. Ela levanta a cabeça, me olha e não fala nada. – Te deixei sem palavras, marrentinha? Justo você, que fala merda a beça.

– Dá um tempo, Raphael.

As pernas dela ainda tremem, tô vendo daqui. E ela tá nervosa por isso, as unhas batem na parede de banheiro e os seus olhos estão fixos em um ponto.

– Levanta aí. — estico a mão oferecendo ajuda.

– Pra que? — responde sem me olhar de volta.

– A gente precisa dá um jeito de sair daqui de fininho. — curvo meu corpo um pouco. – Vem, eu te carrego.

– Hahaha, não. — debocha.

– Vamos Lorena, daqui a pouco os caras vão bater na porta de novo. — ela me olha. – Eu carrego você no colo.

Me agacho pra pegar ela.

– NÃO. — grita, me assustando e eu me afasto. – Isso é muita humilhação, deixa que eu... Eu levanto sozinha.

– Então tá. — dou de ombros, saindo da cabine do banheiro e deixando a porta aberta.

Pego duas tolhas dentro do armário enquanto escuto o barulho das mãos e dos pés de Lorena escorregando. Solto uma risada abafada, imaginando a cena dela tentando se levantar com as pernas trêmulas.

– Cara... — a voz dela dá eco. – A gente não usou camisinha de novo. — ela saí pra fora da cabine.

– Fazer o que né. — dou de ombros, entregando uma toalha pra ela.

– Como assim fazer o que? Me dá dinheiro pra comprar pílula. — fico assistindo ela enrolar a toalha no corpo. E sinceramente, eu poderia tranquilamente transar com ela de novo, só que agora em cima da pia, com o corpo curvado em cima da pedra de ardósia gelada, e a única coisa quente pra ela seria meus tapas distribuídos em sua bunda. Nossa, fiquei duro só de pensar. – RAPHAEL.

– Hum!? — aperto os olhos. – Falou comigo?

– Dinheiro. Pílula. Camisinha. — repete, lentamente.

– Ata. Tá, eu... eu já tô indo embora, a gente passa na farmácia juntos.

O barulho da porta sendo forçada pra abrir assusta nos dois. Quase ia me esquecendo que a gente tá no CT, e que provavelmente agora tem um monte de malandro lá fora querendo tomar banho depois do treino.

Olho ao meu redor, procurando um local seguro aqui dentro do banheiro pra esconder Lorena.

– Já sei. — abro a porta do armário e começo a tirar todas as coisas que tem nele e colocar em cima da bancada da pia. – Entra aqui dentro.

– Cê tá de sacanagem que a gente vai se esconder no armário?

– A gente não. Só você mesmo. — dou risada. – É rapidinho, só pra dar tempo deles entrarem e tomar banho.

– O que??? — arregala os olhos.

– OH RAPHAEL, CARALHO. SAÍ DESSA PORRA. — escuto Murilo gritar.

– Vamos Lo, por favor. — junto as mãos, quase implorando. – Se eles te pegam aqui, vou ficar ouvindo uma semana.

– Idaí? Não gosta de agir perigosamente. — sorri de lado. Mulher desgramada.

𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora