028. DIÁLOGO.

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Raphael Veiga

Lorena simplesmente sumiu. Não acho ela em lugar nenhum.

Não que eu esteja procurando, mas ela não está do lado de Helena que tá bem aqui na minha frente.

Começo a ficar nervoso, sinto minhas mãos suando dentro do bolso da minha calça. Vi ela conversando com o Arrascaeta há pouco tempo atrás, e agora ela sumiu. Só consigo pensar que foi embora com ele. Ela escolheu ele.

A incerteza e a ansiedade se misturam, criando um turbilhão de emoções dentro de mim. Sinto raiva, frustração e uma pontada de tristeza.

– Você viu a Lorena? — Helena me pergunta. E eu juro que se olhei pra ela com a cara de quem está puto da vida, foi sem querer. – Pelo visto a resposta é não, né?

– Pensei que a amiga fosse sua. — balanço meu corpo sobre os calcanhares.

– O principezinho de cara quadrada tá bravo pelo visto. — Helena debocha. – Me fala, qual a sensação de ser a segunda opção de alguém?

A provocação dela corta como uma faca, e o gosto amargo da realidade me atinge. Não sei o que responder, porque no fundo parece ser isso mesmo.

– O que tá rolando aqui? — a voz de Lorena me traz um alívio inexplicável, e eu quase abraço ela por impulso.

Helena revira os olhos, visivelmente decepcionada com a amiga. E eu só consigo dar um sorrisinho de lado.

– Segunda opção né, Helena? — prendo os lábios e solto fazendo um barulho.

– Fazer o que se ela é burra. — dá de ombros. – Vai comigo no carro ou vai com esse aí? — estica a cabeça em minha direção.

Lorena me olha, olha pra amiga, e o impasse fica suspenso. A escolha agora parece mais uma batalha entre amizade e a tentação, e eu fico ali, aguardando...

– Vou com você. — avisa. – Mas eu vou embora com ele né, a gente mora no mesmo prédio. — bate no meu ombro.

Esperta.

Helena julga a atitude de Lorena mais uma vez, mas saí de perto sem dizer uma palavra.

– Pensei que você tivesse ido embora. — olho em sua direção.

– Fui só me despedir de um amigo. — balança o corpo.

O encontro de nossos olhares carrega uma certa luxúria que faz meu corpo esquentar. Lorena analisa meu rosto e desce os olhos pelo meu corpo.

– Espero que eu não me arrependa. — a malícia na frase me deixa meio... Duro.

– Sou uma ótima companhia Lo. — dou um passo em sua direção. – Prometo que você não vai se arrepender.

Caramba, que alívio do caralho.

Pensei que essa noite ia ser um desastre total, mas olha, a reviravolta tá sendo melhor do que eu imaginava.

Lorena Viana

{....}

Me incomoda pra caralho ver o Veiga ali, no meio de uma galera enquanto ele toca violão.

Eu nem sabia que ele tocava violão. E a música escolhida, parece uma indireta pra mim.

Leão, da saudosa Marília Mendonça.

"Tão lindo, tão louco, meu grande amigo
Depois de você os outros são outros, 'cê 'tá fodido
Vamo' fazer amor, cantar um sertanejo antigo
E beijar na boca, amor
Pode ser até que você não me dê moral
Até me ver no espaço pela banca de jornal"

𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora