050. ME AMA.

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📍ALGUNS DIAS DEPOIS

Raphael Veiga

– Ela falou que me ama. — fungo o nariz não conseguindo parar de chorar. – Você tem noção de como eu tô me sentindo um bosta?

– Raphael, calma. — Lara pede, me entregando uma garrafinha de água.

– Eu não mereço o amor dela. — nego com a cabeça várias vezes. – Mas eu queria muito merecer.

– Você vai terminar com ela?

– Não... — encaro Lara. – Quer dizer... Eu não sei. Eu não sei oque fazer.

– Eu deveria te dar uma lição de moral por ter transado sem camisinha com sua ex. — passa por mim e senta no sofá. – Mas como eu tô vendo que você realmente tá mal, eu só posso te oferecer colo. — abre os braços me chamando.

E eu vou, sem nem pensar duas vezes. Aconchego minha cabeça no colo dela enquanto sinto sua mão deslizar no meu cabelo. Solto uma respiração pesada contra as pernas de Lara e volto a desabar.

Não consigo dormir a dias. Estou andando pelo ct igual um zumbi, e me senti mal pra caralho por não ter conseguido me despedir do Kevin da maneira certa.

Eu preciso de um tempo, um tempo pra mim, a sensação de desabamento bate com vontade nas minhas costas. Me sinto a beira do abismo, tentando segurar sentimentos que eu não tenho controle. Não me lembro da última vez que chorei tanto. Não me lembro da última vez que me senti assim. Incapaz. Sem saída. Num buraco sem fim.

– Veiga, ela precisa saber. — Lara corta o silêncio que já durava minutos.

– E como eu vou contar isso? — pergunto soluçando.

– E melhor ela saber pela sua boca, do que pela boca de outros, ou pior ainda, pela internet.

A ansiedade cresce em mim, pois sei que tenho que contar à Lorena sobre a gravidez da Bruna. A ideia de trazer uma criança ao mundo é algo que sempre quis, mas a forma como isso aconteceu torna tudo complexo. Como vou explicar para Lorena que, mesmo estando com ela, a Bruna ficou grávida de mim? É um nó na garganta que me sufoca, mas sei que não posso adiar esse momento.

– Quando voltar do jogo contra o Novo Horizontino, vou conversar com ela.

– Quer que eu vá com você?

– Não. — nego com a cabeça. – Fiz merda sozinho, tenho que assumir a responsabilidade sozinho.

Cada respiração parece mais difícil, e o peso de uma revelação iminente se torna insuportável. A incerteza do futuro de um relacionamento que mal começou me atinge profundamente, e a ideia de vê-la partir é avassaladora.

O que antes era um momento de felicidade e segurança agora se transformou em uma encruzilhada emocional, onde a perspectiva da perda parece inevitável. Como vou explicar a ela que a minha vida passada está prestes a afetar nosso presente?

A ideia de que talvez seja melhor para ambos, deixando-a seguir seu caminho sem mim, começa a ganhar força em minha mente. Sinto-me como um peso, uma sombra que paira sobre a vida dela, prejudicando-a de alguma forma.

Por mais doloroso que seja considerar essa possibilidade, acredito que seja um ato de amor permitir que Lorena escolha um caminho que a faça verdadeiramente feliz, mesmo que isso signifique não ter mais minha presença em sua vida.

É inevitável não sentir demais.

Eu a amo, de verdade. Eu não menti quando disse isso a dias atrás. Eu realmente amo, quando ela sorri me dá vontade de dizer o porque eu a amo, eu sei que pode ser exagerado, mas quando ela me olha, daquele jeito acolhedor eu sinto vontade de chorar de felicidade por ver que o amor é recíproco. Eu amo ela porque ela faz eu me amar, porque ela arranca pra fora tudo que a de bom em mim, eu a amo porque sinto que posso ser eu mesmo ao lado dela.

𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora