064. FAZ PARTE.

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Lorena Viana

Nossa, com que cara eu vou sair lá fora pra tomar café da manhã agora?

A gente praticamente transou a noite toda, quando assustamos o dia já estava amanhecendo, e mesmo assim a mãe do Raphael fez questão de vim aqui bater na porta, nos acordar, pra tomar café com pão quentinho que o senhor Rubens buscou.

– Com que cara eu vou olhar pros seus pais agora? — pergunto, assistindo a preguiça dominar o corpo do Raphael deitado de bruços.

– Com a mesma que você entrou. — ele ri pelo nariz. – Engraçado né!? — cede a cabeça pro lado pra me olhar. – Na hora de me provocar, nem pensou nos meus pais.

– Esse vinho evangélico de vocês não me fez bem. — nego com a cabeça enquanto ele ri. – Sério Veiga, sua mãe deve tá achando que eu sou uma sem vergonha.

– E ela tá errada? — ri da minha cara enquanto eu abaixo catando uma camisa e jogando nele. – Relaxa amor, todo mundo aqui em casa transa.

– Mas eu não tô na minha casa.

– Lógico que tá. — arquea as sombrancelhas. – Mí casa, su casa.

Sabe aquela trend do tiktok onde você tem que falar qual cachorro seu namorado é!? Fico em dúvida se o Veiga se encaixa no Golden Retriver ou no Rusck Siberiano. Porque sinceramente, ele consegue ser os dois ao mesmo tempo.

– Você veio só com essa roupa do corpo? — me pergunta enquanto levanta ainda sem roupa e não fazendo questão nenhuma de esconder isso.

– Sim!? — arqueo as sombrancelhas. – A gente não ia ficar aqui, lembra?

– Realmente né Lorena, a gente não ia ficar aqui. — coloca às duas mãos na cintura.

– E desde quando você deu pra me obedecer hein!? — cruzo os braços. – Não é porque eu falei que a gente vai fazer, que a gente tem que fazer.

– É sim. — dá risada vestindo a camisa no corpo. – Julguei tanto o Richard e o Piquerez por obedecerem a Lara, que agora tô igual.

– Obediente?

– Pau mandado mesmo. — sela nossos lábios em um selinho rápido.

Se esse pau mandado tivesse aceitado ser mandado por mim antes, talvez não tivesse acontecido tanta coisa pra dificultar o nosso caminho até aqui. A Bruna não estaria grávida, eu não teria dormido com o Arrascaeta, a gente não teria que lidar com crises sozinhos, e várias frustrações teriam sido resolvidas de outra maneira ao invés do afastamento.

Faltou diálogo muitas vezes. Eu sei.

E é tão satisfatório poder sentir mudança em todos os sentidos. É uma experiência poder testemunhar a nossa evolução como casal ao longo do tempo. Desde os primeiros encontros cheios de nervosismo até os momentos de profunda conexão.

É é uma evolução muito pessoal pra mim perceber que nem sempre tudo precisar ser nas minhas costas, que nem sempre a culpa é só minha e que na maioria das vezes sou exagerada quando o assunto é se sentir culpada pra saber lidar melhor com a situação.

– Eiii... — Raphael me cutuca. – O que foi? Tá pensando em que?

– Nada, eu só... — prendo os lábios soltando aos poucos. – Essa é a camisa que você arrumou pra mim?

Mudo de assunto esperando que o Veiga entenda que não quero expôr meu pensamento de segundos atrás. E ainda bem que ele entende, só me entrega a camisa e me dá um beijo na testa.

𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora