068. DNA

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Raphael Veiga

– Nossa, eu tô só aquele meme; "eu já sabia" — Lara fala enquanto faz uma dancinha esquisita no carro. – Se você tivesse me ouvindo antes hein!?

– Não me vêm com lição de moral, já tô nervoso o suficiente.

Depois de respirar e raciocinar com mais calma sobre essa possível história do filho que Bruna espera não ser meu, eu e Lorena conversamos sobre como abordar isso com ela sem que às coisas fugissem do controle. E o combinado foi que eu ligaria pra ela, marcando de encontrar em um lugar público e Lara viria comigo por segurança.

– Você marcou de encontrar essa vaca aonde? — se olha no espelho retrovisor pra ajeitar a sombrancelha.

– Naquela cafeteria da esquina.

– Ai, sinceramente, a Lorena é uma diva paciente. — solto uma risada. – Porque se fosse comigo, eu ia fazer questão de vim e rebaixar ela todinha na frente de todo mundo.

– Aí ela perde a razão e saí como a namorada surtada. — nego com a cabeça várias. – Por isso que você vai ficar no carro, olhando de longe, não posso correr o risco de vocês caindo no soco.

– Que horror Veiga, não vou bater em uma mulher grávida. — faz careta. – Por mais que ela mereça.

– Lara...

– Ué, eu tô mentindo? — arquea as sombrancelhas. – Vai me falar que essa vaca em nenhum momento pensou na possibilidade desse bebê não ser seu? Se ela transou com outro cara, é óbvio que sabia disso.

– Às vezes ela usou camisinha com ele. — coço a nuca me sentindo nervoso quando já começo a avistar o lugar daqui.

– Não é possível que você é tão inocente assim. — gargalha alto. – Ela só fez o que sabe fazer de melhor... Se fazer de sonsa.

Pode ser idiota da minha parte nunca ter pensado que a Bruna podia estar mentindo sobre o filho ser meu. É que, sei lá, pra mim é meio bizarro mentir sobre qualquer coisa que envolve gravidez. Principalmente quando a mentira envolve um sonho meu que é ser pai.

– Fica quietinha aqui tá, só observando. — puxo o freio de mão e me desvencilho do cinto.

– Tá bom né, fazer o que. — dá de ombros.

– Cadê meu boa sorte? — cruzo os braços.

– Uai, eu não sei o que você considera ser sorte. — franze o cenho. – Você quer que o filho seja seu? Você quer ter algo te prendendo a uma pessoa que você deveria evitar? Ou você prefere ter sido enganado e o filho ser de outro?

– Caramba Lara, muito obrigado viu. — ela ri. – Ajudou demais.

– De nada, quando precisar estarei aqui. — sorri com os lábios. – Mas agora é sério, vem cá... — abre os braços. – Abraço de urso.

Solto uma gargalhada enquanto me aproximo pra receber esse tal abraço de urso. E não é que realmente funciona!?

Sou coberto pelos braços de Lara, que me aperta, me esquenta, faz carinho nas minhas costas e respira junto comigo.

– Você lembra da última vez que a gente deu um abraço de urso? — pergunto, sentindo o sopro da risada dela no meu pescoço.

– Sei. — se afasta pra me olhar. – Foi quando meu irmão morreu.

Bacana. Que clima gostoso hein. Minha semana começou do melhor jeito possível.

– Ah. — é a única coisa que eu falo antes de girar o corpo pra descer do carro enquanto Lara solta uma gargalhada percebendo meu constrangimento.

𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora