051. OQUE NEM COMEÇOU.

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Capítulo escrito ao som de Love In The Dark, da Adele. Recomendo ouvir enquanto. Boa leitura. 🎧❤️

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Raphael Veiga

Faz mais ou menos três dias que eu não vejo a Lorena, desde a estreia do São Paulo que ela foi cobrir. Cheguei de viagem hoje, de um péssimo jogo de estreia. Fiz o gol, mas joguei mal, a equipe em si não jogou muito mal e se não fosse pelo Weverton, o resultado talvez fosse pior.

Conversamos pelo telefone, ela parecia muito empolgada com algo e eu presumi que fosse por causa do primeiro jogo do São Paulo. Mas, foi pelo gol que eu fiz. Pelo menos foi isso que ela me disse.

Ainda não tive coragem nem de abrir o telefone hoje. Não quis ver mensagens. Nem ligações. Nada. Eu só preciso de tempo pra pensar em como terminar com algo que nem começou direito.

– Filho...— minha mãe me chama. Ela não sabe de nada. Ainda não tive coragem de contar pra ela também. Os únicos que sabem até então, é Lara e meu irmão. – Tá tudo bem? Você não tocou na comida.

– Raphael negando comida? Tem alguma coisa muito errada mesmo. — meu pai brinca.

– Aconteceu alguma coisa filho, quer conversar? — insiste.

– Não mãe. — tento oferecer um sorriso pra ela, mas sem chance, vai só piorar as coisas. – Eu só estou sem fome.

– Certeza? Sabe que se precisar de mim, eu estarei aqui.

– Eu sei mãe, obrigado. — empurro o prato até o centro da mesa e me levanto. – Tenho que ir. Obrigado pela janta e pela preocupação. — beijo o topo da cabeça dela. – E você, vê se para de pilhar o Endrick sobre esse bagulho de Pelé. — brinco com meu pai, tentando deixar o clima mais leve antes de sair pra que eles não se preocupem tanto.

O caminho até meu apartamento nunca foi tão longo. Cheio de apreensão e medo, cada passo era tipo um suspiro na noite quieta. As luzes da cidade piscavam longe, como se tivessem perdido o brilho junto comigo. O corredor parecia mais apertado, as paredes sussurrando segredos incertos. Cada som era como um alerta, criando um clima tenso.

Suspiro, muito. Uma. Duas. Três vezes. Antes de bater na porta de Lorena, que não demora nem dois minutos pra me atender.

– Oii. — me dá um selinho rápido. Ela usa uma blusa larga preta, e aparentemente, só uma calcinha box por baixo. Visivelmente mal intencionada. – Não vai entrar?

Os olhos fixo nos meus, enquanto eu umideço os lábios tentando focar no que eu vim fazer aqui, que infelizmente não foi o que elas está querendo.

– E essa roupa aí? — fecho a porta atrás de mim. – Nem tá mal intencionada. — estreito os olhos.

– Pior que não. — sorri com os lábios. – Eu durmo assim, pensei que você tivesse se acostumado.

– Nunca vou me acostumar com uma gostosa andando só de blusa e calcinha, Lorena. — ela ri, laçando os braços no meu pescoço me dando um selinho rápido.

E é nesse momento que eu paraliso.

Porra, ela é linda. Como ela é linda.

Sou apaixonado pelo seu sorriso e pela expressão do rosto dela quando sorri. Mais precisamente pelas linhas que se formam nas bochechas e perto dos olhos. Sou louco pelo cheiro, voz, pelo seu andar e até mesmo pelo jeito que ela para. Louco desde a coisa mais óbvia ao mínimo.

Eu pensei que já tinha sentido tudo que era possível sentir numa vida, explorando cada sentimento ao limite, mas eu estava enganado. Nunca senti nada parecido com isso, nada que chegasse perto de paz por mais de minutos.

𝐏𝐈𝐋𝐀𝐍𝐓𝐑𝐀 - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora