Alusão a quadrinhos

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Simone não é feia, conforme já falei, mas sempre tenho problemas para descrevê-la. Lembro-me de uma ocasião recente, quando eu estava jantando no sofá, e a TV foi tomada por uma matéria jornalística anunciando que uma revista em quadrinhos antiga do Batman havia sido vendida por um preço recorde em um leilão. Quando a mão, coberta com uma luva branca, virou as páginas, os antigos desenhos de Barbara Gordon, a famosa batgirl fizeram lembrar de Simone.

Como Barbara, sua altura e força ficam enfiadas debaixo de roupas desenhadas para escondê-la e ajudá-la a se misturar na multidão. Ninguém no Planeta sabe nada a respeito de Barbara. Por baixo daqueles terninhos, Simone pode ser relativamente comum ou ter um corpo das antigas Deusas gregas. É um mistério.

Ela tem o cabelo ondulado mais para liso caindo sobre o rosto, usa os óculos que não são nada nerd, fica até mais sexy com eles, ostenta um maxilar definido e forte, além de uma boca bonita e carnuda em um tom quase de quem está de batom. Até hoje pensei que seus cabelos fossem pretos, mas, agora que estamos tão próximos assim, percebo que são mais puxados para o castanho- escuro. Ela também não os penteia tão arrumadinhos quanto Barbara penteava. Mas, sem dúvida, tem olhos pretos e visão de raio-X, e provavelmente mais alguns superpoderes.

Mas Gordon é uma querida, com seu jeito todo heroico e doce. Simone não poderia ser uma heroína com bons modos. Ela seria mais a mulher gato, sarcástica, cínica e bizarra, que aterroriza todo mundo na cidade e irritaria a pobre Barbara até ela gritar com a cabeça enfiada no travesseiro à noite.

Aliás, não gosto de mulheres grandes. Elas se parecem demais com cavalos. Podem pisar em você. Nesse momento, Simone está inspecionando minha aparência com olhos analíticos como os meus. Pergunto-me como estaria o topo de minha cabeça. Tenho certeza de que ela só faz sexo com amazonas. Nossos olhares se confrontam e talvez comparar seus olhos com uma mancha de petróleo seja um pouquinho duro demais. Aqueles olhos são um desperdício em uma mulher como Simone.

Para evitar a morte, respiro relutante, lufadas e mais lufadas de cedro e especiarias. Simone tem o cheiro de um lápis recém-apontado. Uma árvore de Natal em uma sala escura e fria. Apesar dos nervos em meu pescoço começarem a doer, não me permito baixar o olhar. Se fizer isso, acabarei vendo sua boca, e posso analisar muito bem sua boca enquanto ela me lança impropérios no escritório. Por que eu poderia querer vê-la assim, tão de perto? Não, não quero isso para mim.

O elevador traz a resposta para todas as minhas preces. Carlos, o entregador, entra na sala.













Olá Moranguinhos, espero que tenham ficado curiosos com o enredo, deixa a estrela e um comentário para eu saber sua opinião.

Obrigada por lerem!

Jogo do amor - ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora