– Desculpe, mas sim. Simone é mais bonita.
Uma pausa se instala antes de as duas irmãs começarem a rir. Eduarda definitivamente não ficou ofendida, e o braço de Simone relaxa.
– Você pode me contar alguns segredos constrangedores da sua irmã?
– Quando você estiver melhor, não tenha dúvida. Simone, mantenha o soro. Ela é tão pequena que vai ficar desidratada.
– Eu sei.
Juntas, as duas me forçam a engolir um remédio amargo. Fico deitada de costas na cama enquanto saem do quarto e fecham a porta, mas ainda assim consigo ouvir suas vozes.
– Você teria sido boa nisso – Eduarda comenta, balançando suas ferramentas de trabalho. – Fez tudo certinho o que podia fazer por ela.
Simone suspira pesadamente. Tenho certeza de que também cruzou os braços.
– Não fique na defensiva. Então, próximo assunto complicado. Por que você não me respondeu imediatamente? – Eduarda pergunta.
– Eu ia responder. – Simone rebate.
Ela está mentindo.
– Bem, você pode me dar uma resposta agora. E não finja que não sabe a data. Sei que a mamãe entregou o convite pessoalmente para você. Não queríamos que "extraviasse", como aconteceu com o convite da festa de noivado.
Simone, sua ordinária mentirosa!
Eduarda com toda certeza pensa a mesma coisa.
– Responda agora mesmo. Renata precisa saber. Até mesmo para a gente organizar o buffet, as mesas.
– Eu ando ocupada – Simone arrisca, mas Eduarda interrompe.
– Imagine o que vai parecer se você não for.
Simone não diz nada, e Eduarda insiste.
– Você quer que eu apareça lá e finja que nada aconteceu?
Eduarda está confusa.
– Mas você vai levar a Soraya, não vai?
Na escuridão, reflito sobre essa conversa.
Por que seria tão complicado para Simone ir ao casamento da própria irmã?
– Ela não é minha namorada. Nós só trabalhamos juntas – Simone responde irritada.
Eu queria que suas palavras não fossem um soco em meu estômago, mas foram.
– Até parece que você me engana.
– Até parece. Ela está em busca de um cara gentil. Todas estão, não é mesmo? Uma pessoa gentil.
Um silêncio pesado se espalha entre elas.
– Quantas vezes mais terei que dizer...
– Nenhuma.
Simone sabe encerrar conversas como ninguém. Mais silêncio. Posso quase ouvir as duas olhando para a porta do meu quarto.
Agora a voz de Eduarda sai mais baixa e eu não consigo ouvir nada, mas sei que as duas estão discutindo.
Odiando a mim mesma desesperadamente, me arrasto em silêncio para fora da cama, tomando cuidado para me manter escondida na penumbra. Sou uma bisbilhoteira asquerosa.
– Estou pedindo para você ir ao meu casamento e deixar sua mãe feliz. E me deixar feliz. A Re está estressada pra caramba pensando que há alguma briga acontecendo em nossa família.
Simone suspira pesadamente, sentindo-se derrotada.
– Está bem.
– Então, isso é um sim?
Sim, por favor, Eduarda, eu adoraria ir ao seu casamento? Aceito seu amável convite?
– Sim, é sim.
– Vou marcar que você vai levar alguém especial. Se ela sobreviver a esta noite.
Horrorizada, me seguro à parede. Mas logo ouço Simone dizer com sarcasmo:
– Há-há.
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Jogo do amor - Ódio
RomansaSoraya e Simone são completamente opostas, mas obrigadas a trabalharem juntas elas aprendem a conviver na base do jogo do amor ou ódio... Uma convivência que leva ambas a descobrirem sentimentos que antes não eram sequer possíveis e que transforma a...