Ter dormido com o nome dela na cabeça provavelmente foi o motivo que me levou a sonhar o que sonhei.
No meio da noite, estou deitada de barriga para baixo e com a bochecha pressionando o travesseiro.
Ela está me abraçando, seu corpo grudado às minhas costas, quente como a luz do sol. Sua voz é um sussurro aquecido em meu ouvido, enquanto ela roça o quadril para se ajeitar à minha bunda.
"Vou fazer você trabalhar pra caralho. Pra. Caralho."
Tenho a impressão de sentir claramente seu peso e seu tamanho. Tento empurrar minhas costas contra ela para voltar a senti-la, mas ela sussurra meu nome como uma reprimenda e sobe um pouco mais, com seus joelhos na lateral do meu quadril.
As pontas de seus dedos roçam a lateral dos meus seios. Sua expiração bate em meu pescoço. Não consigo respirar direito. Ela é pesado demais e eu estou atraída demais.
Sinto-me extremamente sensível, com partes do corpo em chamas. Esfrego a ponta dos dedos nos lençóis até eles queimarem com a fricção.
A ideia de eu estar tendo um sonho erótico com Simone Tebet de repente me faz arder e eu me vejo prestes a acordar, mas mantenho os olhos fechados. Preciso saber aonde minha mente quer chegar com isso. Depois de alguns minutos, estou outra vez sonhando.
"Vou fazer o que você quiser, Soraya. Mas você tem que pedir."
Sua voz sai naquele tom preguiçoso que ela de vez em quando usa ao olhar para mim com uma expressão específica. É como se me visse por um buraco na parede e soubesse como me sinto.
Viro a cabeça e vejo seu pulso ao meu lado, a manga de uma camisa social solta no punho. Consigo ver um centímetro de sua pele: pelos finos, veias e tendões. A mão se fecha e o simples pensamento de vê-la obedecendo me faz tremer por dentro.
Não consigo enxergar seu rosto. Muito embora isso possa destruir tudo, forço-me a virar e os lençóis e as cobertas mexem-se comigo. Estou presa por seus braços e pernas. Percebo-me excitada, e a ideia de que eu provavelmente estou úmida me açoita enquanto observo seus olhos escuros com traços libaneses. Dou uma arfada de terror dramática. Sua resposta é uma risada rouca.
Receio que sim.
Ela não parece apreensiva ou arrependida.
Seu peso me empurrando para baixo é uma delícia. Quadril e mãos. Movimento-me sinuosamente contra a Simone do Sonho, sentindo-a engolir um gemido, e então percebo algo que me deixa em choque.
"Você me deseja desesperadamente."
As palavras se arrastam para fora da minha boca, claras e inegáveis. Um beijo em meu maxilar confirma o que eu já sabia. É mais forte do que atração; mais sombrio do que desejo. É uma inquietação entre nós que nunca teve por onde escapar – até agora. O lençol creme queima a minha pele.
Você está amarrada com cordas e nós, e está em cima de mim. Sinto as mãos deslizando por meu corpo, explorando as curvas, botões abrindo e tecido se arrastando. Estou sendo despida e completamente inspecionada.
Dentes me mordem. Estou sendo devorada. Nunca senti alguém arder tanto assim por mim. Sinto-me vergonhosamente excitada e, muito embora esteja de costas, seus olhos confirmam que sou eu quem está vencendo este jogo. Tento puxá-la para me beijar, mas ela se esquiva e provoca.
"Você sempre soube", ela me diz, e seus lábios febris me levam ao limite do precipício.
Acordo tremendo. Afasto a mão da minha intimidade próxima a costura do pijama úmido enquanto meu rosto queima vermelho na escuridão.
Não sei o que fazer. Terminar o trabalho ou tomar um banho gelado? No fim das contas, simplesmente fico ali, deitada.
A silhueta do meu vestido preto pendurado ao pé da cama é ameaçadora, mas fico olhando para ela até minha respiração acalmar. Vejo as horas no relógio digital. Tenho quatro horas para reprimir essa memória.
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Jogo do amor - Ódio
RomansaSoraya e Simone são completamente opostas, mas obrigadas a trabalharem juntas elas aprendem a conviver na base do jogo do amor ou ódio... Uma convivência que leva ambas a descobrirem sentimentos que antes não eram sequer possíveis e que transforma a...