Rezo para ela me pedir para ficar. Mas não pede. Mexendo as mãos, diz:
– Só um minuto. – Ela se levantou e ficou virada olhando a bela vista da janela.
Recolho nossas canecas e a minha tigela e levo à cozinha para enxaguar. Olho a frigideira e a coloco na pia, enchendo-a com água e sabão. Minhas pernas estão tremendo e se mostrando ineficientes em seu trabalho de me manter em pé.
– Eu lavo – Simone diz atrás de mim. – Pode deixar.
Meus olhos querem desesperadamente observar abaixo de seus olhos, precisamente para seus seios endurecidos, mas, como sou uma dama recatada, resisto.
Após minutos nos encaramos na cozinha ela diz:
– Vamos?
Eu só balanço a cabeça, meu cérebro tá se esforçando muito para me manter de pé.
Ela me ajuda a vestir o casaco e nós duas nos calçamos. Ficamos cuidadosamente em lados opostos do elevador, mas olhamos uma para a outra como se estivéssemos prestes a apertar o botão de emergência para acabar com o nosso desespero e tesão.
– Estou me sentindo como se eu fosse seu presente de natal. – Digo, mas ela só suspira um meio sorriso.
Na calçada, ela segura a minha mão e atravessa a rua ao meu lado. Quando chegamos ao meu carro, levo minha boca para junto da dela.
Simone cuidadosamente segura meu rosto e me beija. Um arfar de choque escapa simultaneamente de nós duas. É como se não tivéssemos nos beijado em toda uma eternidade nesse tempo.
Ela pressiona o meu corpo contra a porta do carro e me faz gemer. Línguas, dentes, respiração.
– Você é melhor que meu presentes de natal.
– Por favor, por favor... eu preciso tanto de você.
– Vamos nos ver amanhã no trabalho – responde.
Ela me segura em seus braços e esfrega a boca em minha nuca. Seu calor atravessa meus cabelos e me faz inspirar com tanta força que quase solto um gemido.
– Essa é aquela coisa idiota de ser louca por controle? – pergunto enquanto me solto.
– Possivelmente. Parece consistente com minha personalidade.
Um pensamento me ocorre:
– Está planejando me seduzir até eu ficar em coma na manhã da entrevista e, com isso, sair vencedora?
Simone enfia as mãos nos bolsos.
– Funcionou para todas as outras promoções que recebi na vida. Por que parar agora?
– Você quer ter certeza de que eu esteja toda apaixonada por você no dia do casamento da sua irmã.
Alguma coisa em seu semblante me faz dar um passo atrás e encostar na porta fria do meu carro.
– Você não mentiu e contou a eles tudo sobre a neurocirurgiã de quem está noiva?
Simone sorri.
– Doutora Soraya Thronicke. Ela é brilhante, embora não seja nada ortodoxa.
– Estou falando sério. Responda a pergunta. Eu não preciso fingir ser quem não sou, preciso? Ou é para eu fazer algum papel?
– Não.
Mordisco a ponta do lábio e observo a rua. Por que tenho a sensação de que Simone está mentindo?
– Bem, você está começando a achar que, se me deixar com tesão, isso é uma garantia de que eu vou voltar aqui. Sou como uma gata. Você está deixando um pires com leite na sua casa.
Simone dá risada, uma risada forte, como se eu fosse hilária. Uma eletricidade me invade.
Neste momento, me sinto mais viva do que nunca. Brigue comigo, me beije. Ria de mim. Converse comigo se estiver triste. Não me faça ir para casa.
– Teremos que ver se isso é verdade. Se você voltar amanhã à noite, eu admito que é parte de uma estratégia bem pensada.
Ela olha para mim toda alegre, sem disfarçar o bom humor.
Voltar amanhã é um pensamento que realmente não tinha me ocorrido. Agora o dia de amanhã parece promissor.
– Mais um.
Ela beija minha bochecha e eu gemo frustração.
– Dê o fora daqui, Moranguinho. E lembre-se: não quero ver você surtando amanhã.
Deixem a estrelinha, moranguinhos!!
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Jogo do amor - Ódio
Roman d'amourSoraya e Simone são completamente opostas, mas obrigadas a trabalharem juntas elas aprendem a conviver na base do jogo do amor ou ódio... Uma convivência que leva ambas a descobrirem sentimentos que antes não eram sequer possíveis e que transforma a...