Pensei que ia rolar...

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É um apartamento de dois quartos, e eu agora estou no centro do que é um escritório.

Mãos na cintura.

Há um enorme monitor de um computador. Mais livros. Lanço um olhar de luxúria para seu armário de arquivos.

Se Simone não estivesse aqui, eu leria até sua conta de energia elétrica.

– Terminou?

Olho para a minha mão. Estou segurando um carrinho de brinquedo antigo que encontrei em uma das gavetas. Agarro como se eu fosse uma batedora de carteira.

– Ainda não.

Estou tão amedrontada que quase não consigo falar. Simone aponta para um corredor escuro e eu atravesso.

Ela se a próxima, passa uma mão lentamente pela minha cintura e a outra se estica e liga o interruptor próximo ao meu ouvido e eu chego a engasgar em deleite.

Chegamos ao seu quarto pintado do mesmo tom azul da camisa que eu mais gosto. Azul como a cor dos ovos de um tordo americano. Turquesa claro misturado a leite.

Sinto algo estranho brotando em meu peito, uma sensação que mais parece um intenso déja-vu. Como se eu já tivesse estado aqui antes, como se eu fosse voltar aqui.

Me encosto sobre o batente da porta.

– Essa é a sua cor preferida? Azul turquesa.

– Sim.

– Eu adoro essa cor – digo arrastado.

Isso soou tão sexual que até eu me encontro surpresa.

Ela compõe uma explosão tão inesperada de cores entre os tons chocolates e areia, e penso em quão Simone é isso.

Algo inesperado. Azul-claro e fofo. A cabeceira marrom-escura da cama, sofá em couro, faz o quarto não parecer tão feminino.

Ela está atrás de mim, próximo o suficiente para me encostar a ela, mas resisto. O cheiro de sua pele está confundindo meu cérebro. A cama está arrumada e os lençóis são brancos e eu pareço achar cada detalhezinho muito sensual.

O quarto está perfeitamente polido e brilhando. Toalhas vermelhas e escova de dente vermelha. Parece um catálogo da Casacor.

– Eu jamais imaginaria que alguém como você tivesse uma samambaia. Eu tinha uma, mas ela secou.

Volto à cama de Simone Tebet. Encosto o dedo no canto de sua fronha.

– Está bem, agora você está ficando mais do que esquisita. – Ela diz em tom de brincadeira enquanto eu ajo como uma louca curiosa.

Tento empurrar a cabeceira da cama, mas ela é pesada. O que é bom, significa que não terá problemas se eu estiver me apoiando nela, durante uma noite quente com essa mulher.

– Pare com isso e sente-se no sofá. Preparei chá para você.  – Ela pede ou me ver empurrando a cabeceira para ver se bate na parede.

Vamos andando até a sala novamente e no caminho Simone foi na frente o que me deixou na tentação de bater na sua bunda. E que bunda.

– Como pôde ficar parada enquanto me via bisbilhotar? – Pergunto me sentando no sofá.

Pego a bela almofada e a ajeito em minha lombar. Ela me entrega uma xícara e eu a seguro como uma arma.

– Eu já bisbilhotei o seu apartamento. Agora é a sua vez.

Fico sem graça, mas tento disfarçar com uma brincadeira:

Jogo do amor - ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora