Amassos

241 31 6
                                    

Enquanto deslizo a língua para dentro de sua boca, começo a pensar em uma reunião da qual participamos algumas semanas atrás.

Simone estava sentada próxima à janela e eu me lembro de ver o sol lentamente deslizando pelo parapeito, pelo chão, por sobre a mesa, conforme a tarde se arrastava.

Ela usava um terninho azul escuro que não o vejo usar com frequência e a camisa azul-clara. Sentei-me à sua frente e dali observei o sol lentamente se arrastando por seu corpo, igual eu gostaria de me arrastar.

Inspirei o cheiro do tecido aquecendo seu corpo. Ela fechou a cara e voltou a analisar pacientemente a apresentação em PowerPoint, sem tomar uma única nota enquanto minha mão tentava escrever, mas doía com câimbras.

Aqueles olhos, brilhando para mim, me fizeram pular para fora da pele. Eu não sabia o motivo, mas agora sei. Era desejo.

– Estava lembrando aquela reunião de algumas semanas atrás.

Minha cabeça se inclina para um lado enquanto ela segura meu maxilar. Todo o meu corpo treme.

Sua mão se abre em minhas costelas, o polegar cutucando a parte de baixo de meu seio. Todo o meu foco se concentra nesse meio centímetro de contato.

– Sim, o que tem a reunião? Se estiver pensando na reunião agora, é sinal de que não estou me saindo muito bem.

Ela encosta sua boca outra vez à minha e explora um pouquinho. Preciso de minutos antes de conseguir voltar a falar.

Possivelmente horas. Minha respiração sai arfada e ela mordisca meu lábio inferior.

Seu polegar desliza, cutuca meu mamilo com delicadeza e sobe até o maxilar. Meu corpo treme e formiga.

Preciso me explicar melhor.

– Você olhou para mim e... e acho que eu queria te beijar. Acho que percebi naquele momento.

– Ah, sério?

Sou recompensada por sua outra mão deslizando em minhas costas. Pele contra pele. Dedos brincando languidamente com a alça do meu sutiã.

– Lembro mesmo que você me lançou um olhar escuro tipo, como... – Não consigo completar.

– ... como se eu estivesse tendo pensamentos sacanas? Eu estava. Você estava com a sua camisa de seda branca e botões de pérola. E um cardigã que parecia de um tecido leve durante metade da reunião. Cabelos presos, lábios vermelhos.

Ela solta o corpo e desliza a ponta dos dedos por minha garganta, até chegar ao decote. E seus dedos se afundam ali enquanto eu estremeço pensando na única coisa em que consigo pensar.

– Era um cardigã de casimira.

– Você gosta da doutora Tebet... Eu gosto de bibliotecárias retrô cheias de frescuras, Sory. – Ela arfa quando sentiu minha mão sobre a sua, fazendo-a apertar meus seios – Sory de casimira sedosa. Minha fantasia. Um lápis nos cabelos, informando a chefe de departamento as estatísticas do último trimestre. E eu gostaria muito de ser a chefe – Completa em sussurros no meu ouvido.

Ela continua apalpando meu seios, dedos pressionando minhas costelas.

– Que fantasia mais específica. Não consigo acreditar que você ainda lembra o que eu estava vestindo. Mas eu posso fazer isso. Posso usar um par de óculos todo nerd e repreendê-la. – Franzo a testa, toda séria, e levo um dedo aos lábios. – Faça silêncio.

Ela emite um gemido teatral.

– Eu não aguentaria isso.

– Pode imaginar como seriam as coisas entre você e eu? O dia todo, todas as noites?

Ela sabe exatamente do que estou falando.

– Ah, sim.

– Como você disse antes: o segredo é encontrar alguém forte o suficiente

para aguentar. Aquela pessoa capaz de devolver na mesma moeda.

– E você dá conta?

Seus olhos parecem o de um viciado. Pupilas dilatadas, íris brumosas.

– Sim.

Nos beijamos com uma nova intensidade, uma intensidade incendiada por nossas fantasias na sala de reunião.

Sory e Sisi olhando para imagens pornográficas muito ardentes.

Ela arqueia o corpo na direção do meu. Sua intimidade pressiona tão forte a minha perna que chego a sentir ela molhada.

Simone interrompe o beijo.

– Devagar. Eu quero fazer uma pergunta.

Ela se afasta um pouquinho e fitamos os olhos uma da outra. Sua boca está

suavizada, rosada, e quero tê-la em mim. Lambendo e mordendo bocados da minha carne.

Minha respiração é tão alta que quase não consigo ouvir o que Simone diz em seguida:

– Esta noite, quando você me ligou, quase ligou para o Rodrigo antes, não foi? – Começo a protestar, mas ela aperta a mão em meu braço e prossegue: – Não estou sendo nenhuma psicopata ciumenta. Só fiquei interessada em saber.

Ela está com o olhar de investigação. Não sei se seria ciúmes.

– Você já saiu vencedora dessa competição com ele. Rodrigo é meu amigo agora. Ele e eu seremos só amigos.

– Mas você não respondeu.

– Ele é a opção sensata. E eu não ando fazendo muitas coisas sensatas durante as minhas noites nos últimos tempos. Fico contente por não ter ligado para ele. Ou provavelmente estaria agora em um cinema, e não aqui.

E me esfrego um pouquinho em seu colo.

Simone tenta sorrir, mas não consegue.

– Eu iria ao cinema com você. – Ela respira fundo – Olha, está ficando tarde.

Suas mãos escorregam outra vez para agarrar as minhas nádegas. Ela me

faz inclinar o corpo para o lado e me puxa na direção de seus seios. Depois, me levanta e me coloca ao seu lado.

Ela me tira de seu colo.

Se ajeita na beirada do sofá e apoia o rosto nas mãos. Sua respiração está tão pesada quanto a minha. Isso não traz prejuízo nenhum ao meu ego.

– Porra! – exclama. – Estou com tanto tesão – admite com um sorrisinho constrangido.

Entendo completamente seu desespero.

Certamente deve estar se perguntando por que está se sujeitando a isso.

Simone é uma mulher adulta, mas agora está reduzida a sessões de amassos com essa colega esquisita.

– Quer saber com quanto tesão estou? – pergunto mordendo os lábios em um sorriso safado.

– Melhor não – admite com esforço.

– Acho que eu deveria ir para casa.































Não briguem comigo!!!! Deixe o comentário demonstrando sua indignação e a estrelinha para eu continuar.

Jogo do amor - ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora