Novo jogo

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– Como foi o seu... encontro? – A voz sai enfraquecida, os nós de seus dedos estão esbranquiçados.

Ser gentil comigo requer muito esforço.

– Foi tudo bem. Temos muitas coisas em comum.

Tento, em vão, fazer meu computador acordar.

– Vocês dois são extremamente pequenos – ela lança, franzindo a testa para o computador como se essa fosse a pior conversa da qual já participou. Ser minha amiga não é algo que ela consiga fazer com naturalidade.

– Ela nem me provocou por causa dos morangos. Rodrigo é... gentil. Faz o meu tipo.

Isso é tudo o que consigo pensar e dizer.

– Gentileza é o que você quer, então.

– É o que todo mundo quer. Meus pais estão implorando há anos para eu encontrar um cara ou uma garota legal.

Mantenho a voz leve, mas, por dentro, uma pequena bolha de esperança ganha força.

Estamos conversando como amigas. – E o Senhor Gentileza a levou para casa?

Já percebi o que ela quer saber.

– Não, eu peguei um táxi. Sozinha.

Simone expira pesadamente. Esfrega a mão no rosto, exausta, então me olha através dos dedos abertos.

– O que vamos jogar agora?

– O que acha de um jogo chamado Colegas Normais? Ou o Jogo da Amizade? Estou morrendo de vontade de tentar um desses. – Ergo o olhar e seguro a respiração. Ela se ajeita na cadeira e lança um olhar perfurante para mim.

– Os dois jogos seriam uma perda de tempo, não acha? – Ela soa entediada.

– Ai, nossa!

Se eu me expressar com sarcasmo, Simone não vai saber que estou falando sério. Ela abre a agenda, segura o lápis e começa a fazer tantas anotações que eu só consigo piscar e me virar para o computador. Não posso mais me importar com sua agenda ridícula. Seu lápis, minha experiência como espiã... tudo isso termina agora mesmo.

– Tudo foi uma perda de tempo – Digo a mim mesma para ficar contente.

Jogo do amor - ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora