Jogo do amor - Ódio

Desafio lançado

Uso minhas ondas cerebrais para transmitir-lhe um insulto, o qual ela recebe antes de se ajeitar.

– Antes de encerrarmos, mais uma coisa – anuncia o senhor Bolsonaro.

Leila tenta não fechar uma carranca. Ela detesta quando ele age como se estivesse presidindo sozinho as reuniões.

– Temos um anúncio sobre uma reestruturação na equipe executiva – Leila prossegue, fazendo os lábios do senhor Bolsonaro se repuxarem de irritação.

E ele logo a interrompe:

– Uma terceira posição executiva foi criada: o cargo de diretor de operações.

Simone e eu parecemos tomar um choque elétrico em nossas cadeiras.

– Será uma posição abaixo de Leila e de mim. Queremos formalizar a posição de alguém que supervisionará as operações, deixando os CEOs livres para se concentrarem em assuntos mais estratégicos.

Aqueles seus lábios finos lançam um sorriso para Tebet, que assente atentamente em resposta. Leila me olha nos olhos e arqueia a sobrancelha de forma bastante significativa. Alguém me cutuca.

– Será anunciado amanhã... Detalhes na internet, no portal de recrutamento.

Ele fala como se a internet fosse uma engenhoca recém-criada.

– O posto estará aberto para candidatos internos e externos – complementa Leila, pegando seus papéis e se levantando.

O Gordo do Pinto Pequeno também se levanta para ir embora, mas não sem antes pegar outra fatia de bolo. Leila o segue, balançando a cabeça. A sala mais uma vez explode em barulhos e a caixa de bolo desliza pela mesa.

Simone permanece próxima à porta e, ao perceber que permaneço teimosamente sentada, dá o fora da sala.

– Parece que você tem trabalho a fazer – Pacheco me diz.

Faço um gesto afirmativo, engulo em seco e aceno, dizendo tchau também para todos na sala, oprimida demais para me despedir com elegância.

Quando deixo a reunião, começo a correr até subir as escadas dois degraus de cada vez.