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Acordo quando um raio de sol alcança metade do meu travesseiro, passando por uma fenda nas cortinas do hotel. Meu primeiro pensamento é: "Não, aqui está gostoso demais".
Meu segundo pensamento é: "Finalmente vou conseguir ver Simone dormindo".
Deitadas com as cabeças apoiadas em travesseiros que se tocam, passamos a noite toda brincando do Jogo de Encarar, mas com os olhos fechados. Seus cílios são escuros e grossos. Eu mataria por cílios assim, mas os plastificados combinam mais com ela.
Simone segura meu braço como se fosse um ursinho de pelúcia. Eu não odeio essa mulher. Nem um pouquinho. É um desastre não odiá-la. Deslizo os dedos pelo seu rosto em um carinho, ao contornar os lábios dela, ela franze a testa.
Me apoio em um cotovelo e vejo no relógio ao lado da cama que já são 12h42. Tenho que verificar várias vezes para ter certeza. Como foi que dormimos até depois do meio-dia? Nossa exaustão mútua dos últimos dias resultou em um sono muito impressionante.
– Sisi. – Não há motivo para continuar com a formalidade de chamá-la por seu nome, e não apelido, considerando que estamos dormindo na mesma cama. – A que horas é o casamento?
Ela dá um salto e abre os olhos.
– Oi.
– Oi. A que horas é o casamento?
Tento sair da cama, mas ela me abraça apertado.
– 14h. Mas temos que chegar um pouco antes.
– Já são quase 13h.
Ela fica ligeiramente assustado.
– Não durmo até tão tarde assim desde o colegial. Vamos nos atrasar. Mesmo sabendo disso, ela puxa meu cotovelo como se fosse o descanso de uma bicicleta e eu me solto outra vez no colchão. Consigo ver parte de seu braço nu. Está usando uma regata preta.
– Belos braços.
Deslizo as mãos, tocando cada curva definida. E repito o movimento. Ela observa e, dessa vez, uso as unhas. Arrepios. Hum. Aproximo-me para beijar.
– Você é... diferente, Simone Tebet.
Afasto seus cabelos da testa. Estão bagunçados. Passo alguns instantes arrumando-os.
– Estou me esforçando demais para seduzi-la?
Ela me puxa mais para perto. Jamais imaginaria que Simone é do tipo que gosta de abraçar.
– Bem, você sempre pode tentar um pouco mais.
Como ela é doce! Deitar-me com ela é luxúria. Sem pensar, lanço uma pergunta que sempre quis fazer:
– Quando foi a última vez que você namorou?
A pergunta é estridente como se eu tivesse espancado um gongo. Muito bem, Sory, isso mesmo, traga outras mulheres para a cama enquanto ainda está deitada com ela.
– Hum... Sexo ou sentimentalmente?
Uma longa pausa se instala.
Por tanto tempo que chego a pensar que Simone voltou a dormir ou que está
prestes a explicar que já foi casada com alguém ou pior, com um homem. Mas ela é nova demais. Sem dúvida. Então, tenta outra vez:
– Bem. Hum.
– Não me diga que está esperando o divórcio sair ou algo do gênero.
Seu braço desliza em minhas costas e minha cabeça se ajeita em seu ombro. Mal consigo manter os olhos abertos, estou tão à vontade. Tão quentinha. Cercada por seu cheiro e lençóis de algodão.
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Jogo do amor - Ódio
RomanceSoraya e Simone são completamente opostas, mas obrigadas a trabalharem juntas elas aprendem a conviver na base do jogo do amor ou ódio... Uma convivência que leva ambas a descobrirem sentimentos que antes não eram sequer possíveis e que transforma a...