CAPÍTULO 3 - O INTERVALO

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A primeira aula transcorre tranquilamente, sem nada de matéria. Os alunos se reconhecem e se apresentam. Sou chamada à frente para me apresentar. Saio da minha cadeira, com o rosto completamente ruborizado. Não sofro por timidez, mas estar diante de uma quantidade enorme de novos rostos, todos me olhando como seu eu fosse um ser de outro mundo, não era a melhor das sensações.
- Boa noite, meu nome é Anna! Fui transferida de..., é um prazer conhecê-los.
Fico imaginando todos aqueles olhares inquisidores sobre mim, me analisando, mas, diferente de tudo que eu poderia esperar, ouço um burburinho e uns gritam: "Seja bem-vinda"! Outros abrem um largo sorriso e, de repente, percebo que posso me enquadrar bem por aqui.
Volto para o meu lugar, onde Thiago já está à minha espera, com seu sorriso cativante. A aula acaba e o sinal toca para o intervalo. Nesse momento eu não sei bem o que fazer. Todos saem para o pátio para conversar e contar o que fizeram nas férias. Meu colega grandão vai conversar com um grupo e eu fiquei sentada na minha carteira, sem saber para onde ir ou com quem conversar.
Meu irmão é dois anos mais velho que eu e foi transferido junto comigo. Por ser repetente, está no 2º ano. Vou até sua sala só para reconhecer o terreno. Assim que entro, percebo que as salas são todas parecidas, se bem que essa não está tão pichada. Concluo que os alunos aqui são mais comportados. Avisto Eduardo, meu irmão. Ele está sentado em sua carteira e, pelo seu semblante, parece também se sentir em uma terra estranha, ainda mais por ele ser tão introvertido, muito reservado mesmo. Vou até ele, dou um sorriso, puxo a cadeira e sento-me ao seu lado.
Meu irmão não se parece nada comigo. Quem não nos conhece nem diria que somos irmãos. Ele é magro, alto, cabelos pretos e pele morena. É como se formássemos a dupla "Café com Leite".
- Oi! Tudo bem? Já fez algum amigo?
- Ainda não! Você sabe, eu não sou muito de falar, então...
- Tá gostando a sua sala?
Ele dá um sorriso tímido e assente com a cabeça. Ficamos ali conversando até que o sinal para retornar às salas tocou.
Nesse momento, o vi novamente, ele está sentado a algumas cadeiras atrás, sozinho e percebo que seu olhar está direcionado em nós. Pela segunda vez hoje, sinto meu rosto enrubescer. Meu coração acelera e trato de me retirar rapidamente, retornando à minha sala.
No caminho tento entender por que estou tão constrangida com aquele olhar. Parece que algo dentro de mim está despertando.

A Deusa do Mago - Uma história de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora