CAPÍTULO 31 - ENCONTRO MARCARDO

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Já são 16h45, está quase na hora de ir para a faculdade. Ainda estou no trabalho. Sou Assistente Financeira, em um escritório de prestação de serviços na área de contabilidade e auditoria. Penso no meu querido Urso. Lembro-me do dia em que fiquei contabilizando os beijos e abraços que ficamos devendo um ao outro. Nossa, como sinto saudades dele.
Vou até o banheiro antes de sair, dou uma olhada no cabelo, passo um batom. Mudei muito desde o colégio, acho que cresci depressa. Sempre fui maior que as outras meninas da minha idade, mas agora, com quase 19 anos, realmente sou uma mulher.
Não tenho mais os cabelos tão louros como antigamente, agora eles estão um pouco avermelhados, bem longos, chegam até a minha cintura, continuam cacheados, apesar do trabalho que me dão todos os dias. Ter um cabelo cacheado e nesse comprimento não é nada fácil, mas gosto. Estou um pouco mais curvilínea do que quando tinha 15 anos.
Agora os garotos realmente me notam. O que mais mudou mesmo foi a minha personalidade. Acho que deixei de ser a menina boba, que sonha com cavaleiros. Não acredito mais nos homens, eles são instáveis. Agora sou mais eu e não aceito mais ser ferida por ninguém.
Chego ao final do meu expediente. Coloco meus relatórios na gaveta, desligo o computador e vou para a faculdade. No elevador encontro Márcio. Ele é um rapaz legal, trabalhamos juntos. Sua sala fica do outro lado do corredor. Ele é bem bonitinho e vive de sorrisos para o meu lado, mas é uma pena que seja tão baixinho - penso comigo e dou uma risadinha.
-Que foi? - ele pergunta.
-Nada não, só algo que lembrei agora.
-Você está rindo de mim ou pra mim? - ele pergunta.
-Não vamos brigar. É para você, está bom?
-Sei! - ele sorri.
Márcio é bonitinho, não como Gabriel, meu ex-Deus Grego, mas tem seu charme. É baixinho, no mínimo uns 10 cm menor que eu, então não dá. Não que eu seja alta, mas, embora baixa, sou "robusta". Tenho seios fartos, pernas grossas, sou o que os meninos chamam de mulherão, não pela beleza, mas pelo tamanho em si. Desfilar com alguém menor do que eu, não acho muito legal.
O elevador se abre e Marcinho - como eu o chamo - me dá um beijo no rosto e vai embora. Começo a subir em direção à faculdade, que não fica muito longe do escritório e tenho bastante tempo para chegar até lá.
Cinco minutos depois e já estou quase chegando, quando meu celular toca. Olho para o visor e é ele. Nossa!
Ele é realmente pontual. - pensei, antes de atender.
-Oi!
-Olá minha Deusa!
-Tudo bem?
-Melhor agora.
-Que bom!
-Ainda está no trabalho? - ele pergunta.
-Não, já estou na faculdade.
-Que bom, então, dá pra gente conversar?
-Sem problema.
-Que ótimo, tenho tanta coisa para perguntar.
-Sério?
-Claro, cinco anos não são cinco dias. - ele diz.
-Verdade, muitas coisas mudam em cinco anos, não é?
-Sem dúvida!
-O que quer saber? - pergunto
-Bem, já sei que você não tem namorado. Nada mudou desde ontem, mudou?
-Não! - dou uma risadinha - Não tenho namorado.
-Ótimo! O que está cursando na faculdade?
-TPD.
-O que é isso?
-Tecnologia em processamento de dados.
-Nossa que legal, em que ano está?
-Segundo.
-Hum, tem muito homem na sua sala?
-Vai começar?
-Não! Está tudo bem! Era só pra saber. - ele ri.
-Tudo bem. A maioria é de homens, mas tem algumas mulheres também.
-Foi o que imaginei. Seu ex-namorado é da faculdade?
-Por que quer saber?
-Estou só verificando o terreno. - ele ri. - É da minha sala.
-Hum! Vocês namoraram muito tempo?
-Quase um ano. Você realmente quer falar sobre isso? - eu pergunto.
-É uma curiosidade natural. Você não quer falar sobre isso?
-Não é que não queira, apenas acho que o que passou, passou.
-Então, não tem possibilidade de reconciliação com ele?
-Acho que não. Essa é a segunda vez que ele termina comigo. Não quero uma terceira.
-Achei que você nunca dava uma segunda chance. - ele diz.
-Como não? Você também teve a sua, se lembra?
Ele fica quieto por um tempo.
-Desculpe-me. - digo.
-Tudo bem, acho que mereci essa resposta.
-Foi sem querer, falei sem pensar.
-Vamos mudar de assunto?
-Melhor.
-Você trabalha com o que?
-Sou Assistente Financeira.
-Sério?! Não é muito jovem para a função?
-Você acha? Estou com quase dezenove, lembrase?
-Como poderia esquecer? Realmente lembro-me de tudo sobre você.
-Hum. Vamos mudar de assunto - eu digo - agora é a minha vez de fazer o interrogatório.
-Pergunte o que quiser! - ele diz.
-Olho para o relógio e está quase na hora de entrar.
-Desculpe-me, mas acho que terá que ficar para outro momento. Realmente estou no limite do horário.
-Que pena! Como sempre, quando estou com você o tempo voa. - ele diz.
-Quem sabe outra hora?
-Tudo bem. Deusa?
-Sim.
-Posso te pedir algo?
-O que?
-Você sairia comigo nesse fim de semana?
-Acho melhor não, às vezes é melhor a gente não mexer em feridas que já cicatrizaram.
-Te feri tanto assim?
-Olhando bem para trás, vejo que tivemos uma série de mal entendidos, na verdade.
-Então, me dê uma chance para explicar.
-Pra que mexer no passado?
-Porque, pra mim, nunca passou.
-O que pretende com isso?
-Na verdade, nem eu sei. - ele diz - Por favor!
-Tudo bem. Ainda moro no mesmo lugar.
-Sério?
-Sério.
-Nunca mais passei por lá, mas sempre passo em frente à casa da sua avó. É inevitável me lembrar de você.
-Mas nunca tive coragem de te procurar.
-Acho que foi melhor assim, cada coisa acontece ao seu tempo.
-É verdade. Então, aceita sair comigo neste sábado?
-Tudo bem, onde quer me encontrar?
-Quer que eu vá até sua casa para te buscar?
-Melhor não, meu pai ainda é um dragão. - ele ri.
-Então, podemos nos encontrar no shopping? Tem um lugar legal lá. A gente se encontra em frente ao elevador do primeiro piso, pode ser?
-Tudo bem, a que horas?
-Às cinco da tarde? - ele diz.
-Combinado, agora realmente tenho que ir.
-Vou aguardar ansioso.
-Está bem! - digo rindo.
-Deusa?
-O que?
-Lembra quando nos vimos pela última vez?
-Tenho algumas lembranças, você disse que ia embora do colégio e que estava de mudança. O que tem?
-Você me disse Adeus, lembra?
-Claro!
-E eu disse, até breve. - dou um sorriso.
-Acho que você estava certo, então.
-É, acho que eu estava. Boa aula.
-Obrigada. Boa noite.
-Pra você também. Já estou com saudades. Esses poucos minutos não foram suficientes para suprir cinco anos de saudades...

A Deusa do Mago - Uma história de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora