O período de colégio acabou, o tempo passou e olha eu agora, no 2º ano da faculdade. Novamente meus amigos, ou melhor, meu amigo urso ficou para trás. Seguiu seu caminho, foi morar no Rio de Janeiro. Estou aqui e acabo de terminar um relacionamento com um rapaz da minha sala. Às vezes eu acho que os garotos não crescem mesmo.
Como alguém termina com você e diz que te ama? Diz ainda que não quer terminar, mas que é preciso. Babaca!
Não vou pensar mais nele. Já estou descolada desses "caras" que não sabem o que querem de verdade. A minha primeira decepção foi logo no meu primeiro amor, que me traiu na primeira vez que desconfiou de mim.
Esquece! O que passou, passou, ficou para trás. Eu era uma garota boba naquela época. Se fosse hoje, as coisas seriam bem diferentes.
Saio do trabalho a caminho da faculdade. Trabalho bem próximo, posso ir a pé. Quando chego na porta da Faculdade, meu celular toca. É Eduardo, meu irmão mais velho.
-Oi Edu! O que manda?
-Oi Ann, hoje eu estava dando uma volta no shopping e você não sabe quem eu encontrei. - ele diz.
-Sério? Quem? - Wagner.
-Tá brincando?
-Sério! Já faz tempo, não é mesmo?
-Cinco anos. - digo
-Ele pediu seu telefone, mas eu não sabia se podia dar, então, ele deixou o dele. Mas ele disse que sabe que você não vai ligar. Quer o número?
-Ele disse isso?
-Disse.
-Me passa o número, por favor.
-Claro.
-Obrigada!
-Você vai ligar? - ele pergunta.
-Ainda não sei.
Terminamos a conversa, olho para o número, mas não sei se devo ligar. Será que ele acha que ainda sou aquela menina boba e ingênua de cinco anos atrás? Será que pensa que agora alguém ainda manda em mim?
Coitado!
Encontro o número na agenda, clico em discar. Do outro lado, uma voz doce atende ao primeiro toque.
-Alô!
-Wagner.
-Deusa?
-Ann.
-Uma vez Deusa, sempre Deusa! - ele diz.
-Como vai?
-Agora mais feliz.
-Hum. - é só o que consigo murmurar.
-Não acredito que você me ligou! - ele diz, com uma voz realmente feliz;
-Por que? Achou que não ligaria?
-Não sei, pensei que você ainda estivesse com raiva de mim.
-Raiva? Eu nunca tive raiva. Mágoa, talvez, mas raiva é algo que não sinto por ninguém.
-O que tem feito nesses cinco anos?
-Nossa, se for contar tudo que se passou, acho que levaremos muito tempo, mas posso dizer que muita coisa mudou, principalmente eu mesma.
-Sinto isso na sua voz.
-E você?
-Como você me pediu da última vez, lembra? - ele disse,
-O que?
-Amadureci.
-Fico feliz por você!
-Gostaria de te ver, seria possível?
-Não sei se é uma boa ideia.
-Por quê? Você tem namorado?
-Namorado? Tinha até alguns dias atrás. - dou uma risada - Sempre achei que na faculdade os homens seriam diferentes.
-Ah, é? E não são?
-Não! Eles continuam sendo garotos mimados e babacas. - digo.
-Então, você me achava mimado e babaca? - ele ri.
-Às vezes.
-Em quais momentos?
-Não gostaria de falar sobre isso.
-Tudo bem, então me fale mais. Já sei que não tem namorado.
-Tenho que desligar, preciso ir pra a aula.
-Posso ligar para você depois?
-Claro, agora você tem o meu número. Tenha uma boa noite.
-Uma boa aula para você então! - ele diz - Deusa?
-Sim.
-Você me fez muito feliz hoje, obrigado por ter ligado.
-Sem problemas, é bom falar com você depois de tanto tempo.
-Que bom que você não tem mais raiva de mim.
-Já disse, nunca tive raiva.
-É bom saber, posso te ligar mais à noite?
-Sabe como é, chego muito tarde, quase 01h00 e acordo antes das 06h00 pra trabalhar, minha noite já é bem curta. Me liga entre 17h00 e 19h00, esse é o tempo em que saio do trabalho e aguardo para entrar na aula, fico desocupada, então, nesse tempo é melhor.
-Pode deixar. Então, te ligo amanhã, sem falta.
-Tenha uma boa aula. Vou sonhar com você essa noite.
-Boa noite, Wagner.
-Boa noite, minha Deusa. - então, desligo.
"O que foi tudo isso, dona Ann?"
Poxa, ela tinha que voltar? Lá está a minha querida consciência, falando comigo novamente; faz tempo que a gente não conversa. "Vai dormir, sua chata! Tenho aula para assistir e essa não é a melhor hora para você entrar em crise."
Vou para a sala de aula, pensando que realmente sou burra. Por que sempre me envolvo com os rapazes errados? Olha lá ele! Gabriel, um Deus Grego, pena que é um babaca.
Gabriel e eu nos tornamos muito amigos, desde o primeiro dia de aula na faculdade. Ele é louro, olhos azuis, pele branquinha, lembra o ator Leonardo Dicaprio. As meninas literalmente babam por ele. Pena que seja tão "filhinho de papai". Como ele mesmo me disse quando terminou comigo, ele é "pai-trocinado", foi esse o termo que usou.
Quase um ano juntos, éramos como unha e carne. Quando estávamos há, mais ou menos, cinco meses juntos, ele me pediu um tempo. Também veio com uma historinha, sem pé nem cabeça. Nessa fase, nem era tão afim dele. Aceitei numa boa e acho que foi isso que o fez voltar atrás.
Terminamos num dia e, no dia seguinte, ele me ligou e pediu para almoçarmos juntos. Logo imaginei que tinha se arrependido. Mas até que foi bonitinho o pedido de desculpas. Disse que seus pais não aprovavam o nosso relacionamento, que achavam que faculdade era coisa séria e que eu só servia para desviar a atenção do que era realmente importante pra ele, mas que quando foi para casa, ficou triste por ter pedido um tempo. Foi para o estágio - esqueci-me de dizer que, como todo bom filhinho de papai, ele também não trabalha, é sustentado. Não posso me dar a esse luxo, pois, tenho que pagar a minha faculdade - e lá, no estágio que ele faz na USP, sua supervisora, uma mulher já de meia idade, vendo que ele não estava bem, chamou-o para conversar. Disse a ele que, se não era o que queria, não deveria ter feito. Por isso criou coragem e pediu para voltarmos.
Depois de mais alguns meses de namoro, percebi que não era aceita pela família dele. Na verdade, nem era o pai, mas sua mãe. Aquela velha chata fazia questão de mostrar que me detestava. Nas poucas vezes em que ficamos frente a frente, quando íamos à sua casa, ela sempre falava sobre gravidez, faculdade, futuro. Acho que tinha medo que eu engravidasse do filho dela e destruísse o seu futuro.
Só sei que agora não tem mais volta e ouvir de novo que não é o que ele quer, mas que ele é obrigado a me deixar por ser "pai-trocinado", seria demais para qualquer um, até mesmo para mim.
Então, mudei de lugar na sala e passei a me sentar perto de Jhonny, um rapaz bem bacana. Logo no início, assim que entrei na faculdade, ele foi muito simpático comigo, me cortejou e tivemos um breve relacionamento, nada sério. Mesmo assim ele é muito gentil e, sempre que me vê, vem logo me dando um beijo e um abraço gostoso.
Ele faz lembrar-me do meu amigo "Urso". Sinto saudades.
Mesmo não querendo ficar perto de Gabriel, ele sempre está me olhando. Não sei se por arrependimento ou se por pura força do hábito. Não há muito como fugir dele, pois, temos amigos em comum e estamos acostumados a fazer todos os nossos trabalhos no mesmo grupo, mas acho que isso será um problema daqui para frente. Mas cada coisa ao seu tempo.
A aula passa tranquila. Na faculdade tudo é tão diferente. As responsabilidades, os amigos... Mas é hora de ir para casa e, lá fora, como sempre, está Miguel. Não mudou muito nesses anos. Continua ciumento, mas acho que ele gostava de Gabriel, é uma pena! Agora meu pai atravessa a cidade todas as noites para me buscar na faculdade. Antes, na época do colégio, até considerava normal, pois eu era apenas uma menina, mas agora já sou maior, tenho 18 anos, quase 19. Mesmo assim, Miguel está sempre lá me esperando.
Amo meu pai, mesmo ele sendo um "sargentão".
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A Deusa do Mago - Uma história de Amor
Storie d'amoreAnna é uma garota ingênua, gordinha e sonhadora. Ao mudar de colégio ela se depara com Wagner, juntos eles vão viver uma emocionante história de amor, entrega. Com ele ela descobrira o primeiro amor. o primeiro beijo, a primeira decepção. A primeira...