CAPÍTULO 33 - NOVOS TEMPOS, VELHOS PEDIDOS

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Eu poderia ficar ali a noite toda, observando-o. Mas então, ele me olha com aquele olhar que me derrete e pergunta:
-Posso te pedir algo?
-Claro! Hoje estou mais condescendente do que o normal!
Ele se aproxima, cola o seu rosto no meu, fala bem baixinho ao meu ouvido, fazendo com que cada músculo do meu corpo se contraia:
-Volta pra mim?
Fico extasiada, sentindo o seu cheiro, analisando cada sílaba que acabara de ouvir. Lutei e tentei resistir, enquanto minha deusa interior parecia que estava dançando tango.
-Não posso!
Seu olhar parece se perder agora, ficando sem brilho, como se estivesse na escuridão de uma noite com eclipse lunar.
-Por quê? Você não consegue me perdoar?
-Não é por isso.
-Seu pai, então?
-Não. Já superei essa fase! - dou-lhe um sorrisinho.
-Então, por quê? Ainda ama seu ex-namorado?
-Não. Para! Não é nada disso. Apenas não posso mais conviver com alguém que vê coisas que não existem. Alguém que, ao menor sinal de problema, me deixa e se embriaga, junto com uma ex-namorada. Não sou mais aquela menina boba, cresci e sei o que quero!
-Acredite, aprendi com os meus erros. Você não faz ideia do quanto sofri. - seus olhos marejam.
-Será? Como posso ter certeza disso?
-Não há nada que eu possa fazer para que você tenha essa certeza! Você pode apenas optar por acreditar em mim e nos dar outra chance, ou ir embora novamente. Mas, mais uma vez, espero que você fique.
-Preciso pensar, não vou criar falsas esperanças, não mais. Acho que já sofremos o suficiente por isso.
-Eu espero, sou paciente!
-O Thiago costumava dizer isso.
-Dizer o que?
-Sou paciente. - dou um sorriso.
-Mesmo sendo G..., desculpe-me, vou reformular. Mesmo sendo ele apenas seu amigo, realmente não gosto de me lembrar dele.
-Tudo bem. Dê-me um tempo, vou pensar. - fico tonta.
-Posso esperar, afinal, o que são alguns dias para alguém que espera há cinco anos?
-Verdade!
-Vou fazer outro pedido, então, pode ser? Só enquanto você pensa.
-O que?
-Você fica comigo hoje?
-Esse é um pedido que eu não só posso, como também quero muito atender!
Então, nossos corpos se aproximam e não pensamos em mais nada. Apenas trocamos centenas de beijos e carinhos, como se no mundo não existisse ninguém, além de nós dois.
As horas passam como se fossem segundos. Está tarde e preciso ir embora. Ele pede a conta, paga e saímos.
-Acho melhor pegar um taxi. Mesmo morando perto, não me sinto segura em ir andando sozinha pra casa.
-Sozinha? Não! Vou com você. - ele diz.
-Não precisa. Melhor você ir. Vai ficar tarde.
-Já sou bem crescido, não acha? Vou com você. Assim fico mais um pouco ao seu lado, afinal, ainda corro o risco de você não me querer mais na sua vida, portanto, tenho que aproveitar cada segundo.
-Está bem, então! Obrigada pela companhia.
Dessa vez ele não me dá o seu braço. Abraça-me pela cintura, vamos andando para a minha casa caminhando abraçados, assim como fazíamos antigamente.
No caminho, o tempo muda e começa a chover. A chuva fica cada vez mais intensa. Poderíamos correr, mas para que? Amo chuva, certamente ela refrescará meus pensamentos.
Ele me deixa no portão de casa e me dá um último beijo.
-Obrigado por essa noite! - ele diz.
-Não precisa agradecer, pois relacionamentos são sempre bilaterais. Nada aconteceria se eu também não quisesse.
-Então, nós temos um relacionamento? - ele diz sorrindo.
-Você entendeu o que eu quis dizer. Preciso pensar e já está tarde. Boa viagem de volta e tome cuidado.
-Tenho que tomar cuidado, então?
-Claro! Se a minha resposta for sim, precisarei de você inteiro! - dou-lhe um sorriso.
-Então, vou me cuidar bastante, pode deixar.
-Tenha um lindo sonho esta noite. Pode entrar agora, ficarei te olhando, até que a porta da sua casa se feche. Ficarei muito mais tranquilo, sabendo que te deixei em segurança.
E com sorrisos e um sabor de "quero mais" nos lábios, encerramos a nossa noite.

A Deusa do Mago - Uma história de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora