A Deusa do Mago - Uma história de Amor

CAPÍTULO 25 - MINHA VALSA

Enfim, chegou o dia. Hoje completo 15 anos e estou ansiosa. Tudo preparado para o almoço na casa da minha avó, todos estarão lá e isso me deixa apreensiva. Pedi a Wagner para que não converse com meu pai hoje, apesar de ele insistir que seria o melhor momento.
Não sei qual será a reação do meu pai e não gostaria que minha festa de 15 anos se tornasse um almoço de halloween. Ele entendeu, mas disse que não fingiria que não era meu namorado. Ele poderia até não ir pedir a permissão do meu pai, mas não estava disposto a me ver sem que possa, no mínimo, me abraçar. Nesses termos, não tenho como discordar.
A festa está muito boa, todos parecem estar muito felizes, comendo, bebendo e se divertindo, exceto meu pai, que sempre que olha na direção de Wagner, com uma expressão de poucos amigos.
Após o almoço, subo as escadas, até a casa da minha avó. Vou para o quarto me arrumar e me preparar, pois está chegando a hora da valsa.
Tomo um banho, coloco a roupa que foi feita especialmente pra hoje. Blazer branco, saia cinza, sapatos de salto. Arrumo meus cabelos ainda úmidos, passo um batom e volto para a festa.
Wagner está encostado na parede, conversando com Eduardo. Quando me vê descendo, ele fica em silêncio. Seu olhar percorre todo o caminho até que eu esteja próxima. A valsa começa a tocar e ele se move em minha direção.
Antes que ele me alcance, meu pai me puxa para os seus braços. Wagner para, volta a se encostar na parede e fica apenas observando.
-Ninguém vai tirar de mim a primeira valsa da minha filha! meu pai diz.
-Ninguém está tentando te tirar nada, pai. Sou sua filha, vou ser sempre.
-Eu sei, mas vou ser sincero com você, prefiro muito mais seu outro amigo.
-Eu sei papai, mas você não acha que sou eu quem tem que decidir isso? - continuamos dançando.
-Desculpe-me, não quero acabar com sua festa. Hoje é um dia muito especial para você e para todos nós.
-Obrigada, pai! - terminamos a dança em silêncio.
Quando a música para, ele beija minha testa e diz:
-Só quero o seu bem, você sabe.
-Eu sei papai, vou me cuidar.
-Assim espero, para o bem dele.
Faço um sinal para que toquem outra valsa. E sigo na direção de Wagner, ele me dá um sorriso, pega-me pelas mãos e começamos a dançar.
-Olá, nobre cavaleiro, essa é a primeira vez que alguém, além de meu pai, dança uma valsa comigo, sabia?
-Independentemente de eu ser ou não o primeiro, meu amor, desejo apenas que eu seja o último. - ele sorri.
-Que bom! Assim também espero.
-O que vocês tanto conversavam enquanto dançavam?
-Falávamos sobre você. Ele ainda não está seguro de que você será uma boa influência. Mas disse a ele que essa escolha é minha.
-É bom ouvir isso.
Continuamos dançando, música após música até o fim do dia. Meu aniversário foi realmente ótimo, só não foi melhor porque uma pessoa em especial não estava lá. Eu sabia que, depois de tudo, ele não iria, mas ainda tinha esperança.
Quando a festa acaba e voltamos para casa, pego meu celular na bolsa. Entre algumas mensagens de amigos, lá está uma que realmente me chama atenção; é dele!
"Querida Ann, parabéns! Fico feliz que hoje seja o seu dia. Espero que entenda meus motivos para não ir. Mas nem por isso deixei de pensar em você! Espero que me perdoe por hoje e pela conversa de outro dia. Não quero, jamais, magoar você. Do sempre seu, Urso".
"Querido Urso, meu dia foi ótimo, só não foi melhor porque faltou você. Sinto sua falta, esses dias não têm sido os mesmos sem você. Entendo se você quiser se manter afastado de mim, mas quero que saiba que você me faz muita falta! Da sua sempre, Ann".
"Querida Ann, também sinto sua falta. Mais do que deveria, mas acho que ainda não estou preparado para estar perto de você. Preciso aprender a lidar com esse sentimento ou apagá-lo de vez. Mas não se preocupe, vou sempre ser seu amigo e em breve estaremos perto novamente. Do sempre seu, Urso".
Uma dorzinha apertou o meu peito. Ele está tentado me esquecer. Pego o celular e respondo.
"Meu urso amado, fico feliz em saber que, em breve, voltaremos a ser como antes. Não vejo a hora de ganhar seu abraço. Estou sentindo falta e, pelas minhas contas, você já me deve uma porção deles. Da sempre sua, Ann". "Minha Ann, que bom que você está contabilizando os meus abraços, assim que me sentir preparado prometo que pagarei com juros, mas não acha que tem algo mais a contabilizar? Do sempre seu, Urso".
"Urso lindo, pode ser mais específico. Sua Ann". "Minha Ann, sempre boba... Estou contabilizando seus abraços também, mas, mais que isso, acho que você está me devendo o triplo em beijos. Do sempre, seu Urso". "Meu urso, como eu poderia esquecer? É claro que eles estão contabilizados. Também restituirei com juros, isso é uma promessa. Aguardo ansiosa por poder pagar a minha divida. Da sempre sua, Ann".
"Ann, acho melhor e mais prudente esperarmos meu coração não te querer mais, pelo menos não do jeito que ele quer agora. Do sempre seu, Urso".
"Urso, entendo e respeito. Quando você estiver confortável com tudo isso, estarei lá. Sou paciente (acho que essa frase é sua!). Da sempre sua, Ann".
"Ann, é bom saber disso. Não esperava nada diferente, vindo de você. Essa é a minha garota. E essa frase é minha, pare de roubar os meus bordões. Do seu sempre, Urso".
"Querido Urso, pela saudade que estou de você, poderia passar a noite toda nessa conversa, mas acho que está na hora de dormir. Espero que fique bem e saiba que realmente sinto saudades. Tenha uma boa noite. Da sempre sua, Ann".
"Querida Ann, nem vi a hora passar. Até por mensagem de texto, estar com você é sempre encantador. Tenha uma boa noite também. Do sempre seu, Urso."
Desligo meu celular, viro para o lado para me aconchegar na cama. Agora meu dia realmente terminou perfeito, meu amigo urso estava voltando pra mim.
O mês passou rápido e já é início de maio. Meu querido urso estava um pouco mais próximo. Não tanto quanto eu gostaria, mas estamos progredindo. Pelo menos agora, quando passa por mim, me dá um sorriso que só ele pode dar. Sempre espero um abraço que, até agora, não veio, mas por enquanto está bom.