CAPÍTULO 2 - RECONHECIMENTO

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Meus olhos cruzaram os seus e, numa reação instintiva, abaixo o rosto. É a primeira vez que alguém me olha assim.
Ele é alto, 1,75m de altura ou um pouco mais, talvez. Forte para os garotos da sua idade. Usa uma jaqueta preta de couro que lembra aqueles meninos rebeldes dos tempos da brilhantina. Tem uma franja que lhe cai sobre a testa, cabelos castanhos, pele branca e um belo sorriso.
Continuo subindo a escadaria, imaginando se essa troca de olhares um pouco mais intensa havia sido fruto da minha imaginação conturbada pelo primeiro dia nessa terra desconhecida.
Logo encontro minha sala de aula, 1º C. Pelo jeito todos os alunos problemáticos do colégio foram mandados para cá. É como entrar numa zona de guerra. Alunos gritando, alguns discutem, outros riem de forma histérica, as cadeiras bagunçadas, percebo que a pintura tem algumas pichações, não tem cortinas e a lousa está gasta. Quase não se vê cadernos por aqui, parece-me que o ano será longo, muito longo.
Procuro uma carteira livre para que possa me sentar e encontro uma logo atrás de um rapaz alto, com mais de 2m de altura. Acho que ninguém gostaria de se sentar atrás dele, pois mal consigo enxergar a lousa, mas é aqui que eu vou ficar. Quem sabe, atrás dele ninguém me nota e poderei passar o ano como todos os outros, sozinha entre lições e pensamentos.
Assim que me sento, o garoto enorme à minha frente vira-se para me saudar com um belo sorriso. Ele é lindo, apesar de tão grande. Tem cabelos negros, olhos brilhantes, um sorriso largo, gosto dele de imediato.
__ Oi, muito prazer, meu nome é Thiago. Você é nova aqui, veio transferida?
Eu demoro um pouco a responder, como se o terreno à minha volta fosse parte de outro país, no qual eu desconhecesse por completo o idioma.
__Olá, o prazer é meu. Meu nome é Anna. Eu sou nova por aqui, pois, vim transferida do "Castelo Branco", eles não têm colegial por lá.
__Legal! E o que está achando? Tá com uma cara de assustada!
Eu olho seus olhos brilhando e aquele sorriso fácil e lhe retribuo o sorriso. Decididamente gostei dele. É como se nos conhecêssemos há anos.
__Não sei ainda. Tudo é bem diferente de onde vim e, ao avaliar pela algazarra, acho que fomos jogados aos leões.
Ambos caímos na gargalhada, imaginando a cena, então a primeira professora entrou e a sala ficou em silêncio, ou pelo menos tentou ficar.

A Deusa do Mago - Uma história de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora