CAPÍTULO 36 - O CONFRONTO

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-Você tem que entrar, não tem? - Tenho! Mas acho que não vou.
-Não quero atrapalhar seus estudos.
-É só um dia, e algumas coisas não mudam. Ainda sou CDF e não será a perda de uma aula que derrubará minhas notas. - digo.
-Então, vai ficar comigo?
-Se você quiser...
-Você tem alguma dúvida do que quero?
-Acho que não.
-Quer sair daqui?
-Não! De qualquer forma, meu pai vem me buscar
toda noite e vai ser difícil explicar por que não assisti à aula de hoje. Melhor ele achar que estava na aula.
-Você não vai contar pra ele?
-Em algum momento sim, mas não agora.
-Por quê? Você ainda tem medo dele?
-Medo? Não, não mais. Respeito sim, sempre. Mas vamos deixar dar certo primeiro. - Tudo bem. Eu concordo.
O horário para a entrada dos alunos está quase terminando e Gabriel atravessa a rua, em nossa direção. Ele para ao ver-me nos braços de Wagner, nos lança um olhar que já conheço bem, pois, já me olhou dessa forma em outra oportunidade.
Nessa época ainda não éramos namorados, pensávamos ser apenas bons amigos. Lembro que marquei um encontro às cegas com um rapaz que conheci em um telefonema. Ele queria me encontrar e tive medo de ficar a sós com alguém que ainda era um estranho, então, pedi para Gabriel me acompanhar e ficar de longe, me olhando, para ver se não se tratava de mais um "Jack - o estripador".
Primeiro ele me deu um sermão, me chamou de louca e disse que eu não tinha a noção do perigo. Mas como disse que, com ou sem ele, iria ao encontro, ele cedeu. No momento em que o rapaz apareceu, percebi que estaria sã e salva, então, fiz um sinal para ele, significando que poderia ir embora, pois eu ficaria bem. Foi nessa oportunidade que vi esse mesmo olhar que ele está me dando agora.
Lembro que neste dia também matei uma aula da faculdade. O rapaz e eu... Poxa! Não consigo lembrar o nome dele! Mas lembro-me que ele tinha hálito de canela e beijava muito bem. Quando ele me deixou na porta da faculdade naquela noite, Gabriel nem quis falar comigo. Acho que foi nesse momento que as nossas coisas ficaram claras. Ele estava com ciúmes, então, alguns dias depois disso, me pediu em namoro. Acho que ele não queria passar por aquilo novamente.
Wagner olha para Gabriel, parado quase ao nosso lado.
-Boa noite, Gabriel! - cumprimentei-o.
Ele vai embora sem responder.
-Que cara mal educado! - Wagner diz - Bem se vê que é um filhinho de papai mesmo!
-Sorrio e digo para Wagner não se incomodar com isso.
-Quem é ele?
-Meu ex-namorado.
A expressão de Wagner muda, não sei se ele está com raiva ou inseguro.
-O que foi?
-Por que você o deixou? - ele pergunta - Ele é bem apessoado e, pelo jeito, também parece ser rico.
-Não o deixei, foi ele quem me deixou. Realmente ele é lindo, tem posses, mas é um babaca, filhinho de papai, que não sabe o que quer ou, se sabe, não consegue se impor.
-Então, você gosta dele?
-Seria hipocrisia se dissesse que ele não mexe comigo, impossível. É algo realmente muito recente, não acho que seja amor. Foi uma "paixonite", mas estou bem.
-Estou aqui com você, não estou?
-Está.
-Então?
-Só quero ter certeza de todas as possibilidades.
-Fique tranquilo, ele é "pai-trocinado". E eu já me vacinei contra essa doença.
-Como assim?
-Deixa isso pra lá, cala a boca e me beija! - sorrio.
-Sim senhora! Seu desejo é uma ordem!
E assim, aos beijos, ficamos por horas...


A Deusa do Mago - Uma história de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora