A Deusa do Mago - Uma história de Amor

CAPÍTULO 29 - MEU AMIGO URSO, MEU COMPANHEIRO DE LÁGRIMAS

Já faz quase uma semana que não vou para o colégio e hoje é o último dia de aula, antes das férias. Preciso ir para ver as minhas notas. Se eu for, terei que encará-lo. Mas não quero e não vou. Troquei o chip do meu celular, não quero mais que ele tente me fazer acreditar nas suas mentiras.
Ligo para Thiago um pouco antes de sair de casa, peço para que ele me espere em frente ao colégio. Realmente não quero a possibilidade de ter que confrontálo.
Thiago se mostra preocupado, afinal, faz uma semana que ninguém tem notícias minhas. Quando chego, ele já está na porta, me aguardando. Saio do carro e ele vem me encontrar.
-O que aconteceu? Você sumiu, não atende ao telefone, já estava quase indo aos hospitais para te procurar. - ele diz em tom de brincadeira, tentando inutilmente me tirar um sorriso.
-Vamos entrar. Lá dentro eu te conto.
Quando estamos entrando, Wagner aparece na esquina. Quando me vê corre na minha direção, então, falo para Thiago:
-Não quero falar com ele, vamos logo.
Mas é tarde, ele já está quase nos alcançando. Faz menção de falar comigo, mas dessa vez, pela primeira vez Thiago o deteve.
-Você não vai chegar perto dela. - ele diz.
-Saia da minha frente, você pode ser grande, mas não são dois.
-Se você tentar chegar perto dela, vamos ambos para a delegacia, porque vou acabar com você.
-Por que você não tenta a sorte?
-Parem! - gritei - Não tenho nada para falar com você Wagner. Tudo o que poderia querer dizer não vale a pena mencionar.
-Deixe-me explicar.
-De novo? Qual vai ser a desculpa agora?
-Vamos conversar.
-Acabou! Dessa vez é definitivo! Não posso viver com alguém que sempre que acha que vê algo que não existe, corre para os braços da ex-namorada.
-Não é nada disso.
-Você é surdo? - Thiago diz em tom muito bravo - Você perdeu! Vá embora.
Vejo os olhos de Wagner se transformarem em duas bolas de fogo e tenho a sensação de que ele vai matar Thiago. Mas acho que, em respeito a mim, ele não reage.
-É isso então, Deusa? Vai acabar assim?
Thiago passa seu braço pela minha cintura, me aperta junto a ele e me puxa para dentro do colégio.
Wagner fica ali, olhando sem dizer mais nada.
E não o vi mais.
As férias chegaram e terei um mês para esquecê-lo. O tempo passou, as aulas voltaram, mas Wagner não tenta mais conversar comigo. Eu entro e saio sempre acompanhada de Thiago. A cada dia fica mais fácil, até o dia em que ele resolve mudar de colégio e também de casa.
Hoje é o seu último dia no colégio e ele me para no pátio.
-Oi, minha Deusa.
-Não sou sua Deusa.
-Você sempre será.
-O que quer?
-Vim me despedir.
-Se despedir?
-É! Estou indo embora. - meu coração doeu, mas não quis demonstrar.
-Vai se transferir do colégio?
-Vou, não tem mais nada para mim aqui.
-Mas não tem outros colégios na região. - digo
-Estou me mudando. Amanhã não estaremos mais morando aqui.
-Sinto muito. - digo.
-Eu também!
Sei que ele está sendo sincero.
-Espero que seja feliz. - digo.
-Eu já fui, mas deixei a felicidade ir embora. E não tem volta, não é?
-É, acho que não.
-Então, realmente não tenho mais nada para fazer aqui. Seja feliz, minha -Deusa!
-Seja feliz você também.
Ele se vira para sair e, de repente, ele volta, me olha nos olhos e diz.
-Posso te pedir apenas mais uma coisinha, um último pedido?
-O que quer me pedir?
-Quero te pedir um último beijo...
-Acho melhor não, é melhor não jogar álcool na fogueira, ainda podem existir brasas.
Ele sorri e diz:
-Foi o que pensei, mas não custa tentar, não é mesmo?
Ele está saindo pelo portão e sei que isso é um adeus. Antes de sair ele se vira.
-Deusa.
-O que?
-Você ainda não se livrou de mim, ainda vou voltar em outra oportunidade.
-Espero que você amadureça um pouco até lá.
-Farei o possível.
-Adeus, Wagner!
-Até breve, minha Deusa!