A Deusa do Mago - Uma história de Amor

CAPÍTULO 23 - UM DOMINGO AGRADÁVEL

Quando entro na cozinha, estão todos lá. Papai está ajudando minha mãe com o café, o cheiro está muito bom, acho que é panqueca. Eduardo conversa com Thiago. Parecia um dia normal como todos os outros. Pude realmente ver o Thi fazendo parte da nossa família. Parecia tão fácil, tão entrosado, nem parecia o meu pai no mesmo recinto.
-Bom Dia!
Thiago se vira e, num piscar de olhos, levanta e corre na minha direção. Ele me abraça como sempre, mas aproveita e dá um giro comigo em seus braços. - Que belo domingo, você não acha? - ele pergunta - Está lindo mesmo! Dormiu bem?
-Muito bem e você?
-Alguns pesadelos. Já tomou café?
-Não. Estava esperando a Bela Adormecida! - rimos
O café correu normalmente, adoro café em família. O cardápio estava muito bom, torradas, panquecas, pão fresco, adoro o cheiro de café de manhã. Todos conversando e rindo, é realmente muito fácil ter ele aqui - pensei.
Acabamos o café da manhã e fui ajudar a minha mãe a lavar a louça. Meu pai chamou Thiago para ajudá-lo a arrumar a churrasqueira e eles saíram.
-Ann? - minha mãe disse - Algum problema?
-Por que diz isso?
-Você me parece distante e ontem ouvi você chorar, ia sair para lhe perguntar o que estava acontecendo, mas vi que estava em boa companhia, então voltei para a cama.
-Eu e o Wagner brigamos.
-Por quê?
-Porque ele não gostou do Thi dormir aqui, porque ele morre de ciúmes dele, porque ele ... - eu choro.
-E ele tem motivo para isso Ann?
-Não mamãe, ele não tem, ou não tinha pelo menos.
-Entendo. Seu pai gosta dele.
-Dele quem, mãe?
-Do seu amigo, seu pai gosta dele.
-Ele gostaria de qualquer um que não estivesse agarrando a filha dele, mãe.
-Pode ser, mas eu acho que eles realmente se dão bem.
-Que bom, mãe, mas acho que isso não ajuda muito, não é?
-Pelo visto, acho que não. Mas acho que seu amigo gosta de você.
-Eu sei mãe, mas eu já tenho namorado, ou tinha, já não sei mais.
-Amanhã vocês se entendem, curta o seu domingo. Se eu fosse você, desligaria o celular e passaria um dia agradável com seu amigo, ele é encantador.
-Obrigada, mãe! É isso que vou fazer.
O dia foi ótimo, dentro do possível. Todos muito animados, contando piadas e meu pai colocou música. Adoro dançar, então, ele me puxou e dançamos. Meu pai adora dançar comigo e quando ele me soltou foi a vez de Thiago.
- Concede-me a honra dessa dança, linda donzela?
Sorri ao vê-lo, com a mão estendida, quase ajoelhado no chão, me pedindo para dançar.
Ele me pegou pela mão e começamos a dançar. Fiquei pensando, enquanto dançávamos: "ontem, nessa mesma hora, era abraçada por outros braços, estava tão feliz, dançando". Uma tristeza tomou conta de mim. Afastei o pensamento, imaginando que agora ele estaria em outros braços que não os meus. Provavelmente, se aconchegando no colo dela, a "amiga". E sem me sentir culpada, Thiago e eu continuamos dançando.
A tarde chegou, era hora de levar Thiago para casa.
Meu pai pegou as chaves do carro e me chamou:
-Vamos Ann, levar seu amigo para casa?
-Ah, papai! Acho que vou deixar você levá-lo sozinho. Estou cansada, não dormi direito essa noite. Thi você se importa se meu pai te levar sozinho?
Não! Está tudo bem. Espero que você esteja melhor amanhã. Obrigado pelo domingo maravilhoso. Adorei tudo, principalmente dançar com você.
Dei-lhe um sorriso, e retribui o carinho:
-Foi muito bom mesmo! Quem sabe a gente repita.
-Vou aguardar ansioso, é uma promessa?
-Vou pensar a respeito, está bem?
-Sou paciente - ele diz, sorrindo - O que vem fácil, vai fácil também, assim meu pai sempre diz.
-É verdade! - agora é o meu pai que dá a sua opinião - Seu avô, meu pai, costuma dizer que quem muito quer, pouco tem, mas que a fé move montanhas.
Thiago sorri.
-Até amanhã Thi.
-Até amanhã Ann.
Os dois entraram no carro, e seguiram em frente. Entro para casa, tomo um banho e deito novamente na minha cama. Decido ligar o celular e vejo que tem muitas mensagens de voz, diversas mensagens de texto, todas de Wagner, com exceção de uma, que era de Thiago.
Decido olhar primeiro a de Thiago.
"Minha linda Ann, hoje você me fez o homem mais feliz do mundo. Estar na sua presença é sempre muito agradável. Espero que possamos repetir em breve. Pense na ideia com carinho. Até amanhã. Seu Urso" - ele realmente é um cavalheiro.
Então, começo a ouvir as mensagens deixadas na minha caixa postal.
"- Deusa! Desculpe-me, eu sei que fui tolo. Eu sei que você está com raiva de mim e que eu devia confiar em você, mas o meu ciúme sempre fala mais alto. Pensei em ir à sua casa hoje, mas sei que ele vai estar ai, além dessa situação ainda não resolvida com o seu pai. Não quero que você fique ainda mais triste comigo e sei que não conseguiria me conter ao vê-los. Queria apenas explicar o que aconteceu, queria explicar por que estava com a Eli. Espero que você tente me entender e, pelo menos, ouça o que eu tenho a te dizer. Não vou mais ligar por hoje. Espero que você fique bem e lembre-se que eu te amo. Amanhã nos veremos no colégio. Tenha um bom dia e
fique tranquila, pois não sairei de casa hoje e estou sóbrio."
Ao término da mensagem, me questiono se devo ligar para ele. Não, não vou ligar. Não quero saber, não tem nada que justifique o que ele fez, não tem nada que justifique ele estar com ela.
Estava cansada demais, até mesmo para pensar na minha própria tristeza. E com a certeza de que não deveria procurá-lo, aquietei meu coração e adormeci.