CAPÍTULO 39 - REFLETINDO

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Estou parada no trânsito novamente, me sinto cansada. Lembro que demorei muito para dormir essa noite e penso em Gabriel. "Babaca, não cuidou, perdeu!". Mas não era bom vê-lo sofrer, independentemente do que aconteceu, fomos amigos e gosto dele.

Meu celular toca e, dessa vez, não é uma mensagem de texto. Nossa! Ele já está acordado?

-Olá Sr. Wagner, caiu da cama?
-Bom dia, minha amada Deusa. Para cair da cama, antes deveria ter dormido.
-E por que não dormiu?
-Fiquei pensando em tudo que me disse ontem.
-Em quais partes?
-Sinceridade? Fiquei pensando na sua conversa com seu ex-namorado.
-Disse que você não precisava perder seu sono com isso, não disse?
-Eu sei, mas é inevitável.
-Acho que tenho que lembrar-me de ocultar algumas coisas de você, se quiser que você tenha algumas noites de sono.
-Vai começar a mentir para mim, então?
-Mentir não, ocultar. Dizem que o que os olhos não veem o coração não -sente! - digo.
-Nesse caso, prefiro sentir.
-Não foi nada, ele apenas percebeu o que perdeu. Acho que não esperava que o substituísse tão rápido. Deve estar com o ego ferido.
-Será que é apenas isso?
-Provavelmente. Ele é filhinho de papai e não está acostumado a perder.
-Pode ser, mas acho que devo ficar de olho nele.
-Não precisa. Sei me cuidar.
-Sei que sabe. Mas como disse ontem: "Quem ama, cuida" e eu amo.
-Tudo bem, mas não perca suas noites de sono. Não por isso, pelo menos.
-Poderia ter perdido a minha noite com outros pensamentos. - ele diz, com um tom de voz bem malicioso.
-Ah, é? Que tipo de pensamentos? - pergunto, tentando parecer surpresa.
-Hum! Minha Deusa, sempre tão inocente. Adoro isso!
-Não sou mais aquela menina inocente.
-Para mim, você sempre será aquela menina. Foi por ela que me apaixonei.
-Talvez você se decepcione.
-Acho que não, conheço a sua essência.
-Vamos mudar de assunto.
-Tudo bem. - ele diz - Como explicou em casa o buquê?
-Meu pai achou que era de Gabriel, pensou que havíamos feito as pazes.
-E você o deixou pensar que era?
-Claro que não.
-Então?
-Disse que era de outra pessoa.
-Ele não quis saber de quem?
-Quis!
-E, então?
-Disse que, se as coisas derem certo, uma hora eu lhe contaria.
-Vão dar certo. Mas ele aceitou numa boa?
-Não sei se numa boa. Mas ele respeitou a minha decisão.
-Hum! Acho que seu dragão está perdendo o fogo! - ele diz e sorri.
-Não se engane, bravo cavaleiro, ele apenas está guardando-o para próxima batalha.
-Será que teremos que ter aquela conversa de novo? Eu e ele? - ele pergunta.
-Não acho necessário. Ninguém precisa ouvir um sermão duas vezes e já não sou nenhuma menininha. Aliás, você nunca me disse o que conversaram naquele dia.
-Coisas de homem. Naquela época pensei que você não estivesse preparada para ouvir tudo o que ouvi. Ele falou sobre agir como um homem, que esperava que te respeitasse. Que você era uma menina de família, inocente, que ele estava de olho em mim. Que se tirasse a sua virtude - agora ele riu - eu seria um homem capado - agora ele cai na gargalhada.
-Puxa, naquela época acho que eu teria ficado realmente envergonhada com essa conversa! - digo.
-Hum! E agora não fica mais? - ele dá um sorriso ainda mais malicioso.
Não, não mais!
-Então, devo supor que alguém já quebrou essa barreira? - ele pergunta, com um ar de constrangimento.
-Que barreira?
-Da sua virtude! - ele diz.
-Não foi isso que eu disse. - agora ele sorri aliviado e muito contente.
-Fico feliz em saber! - ele diz.
-Não seja bobo! - digo.
-Fui seu primeiro beijo, lembra-se?
-Como poderia esquecer?
-Será que terei a mesma sorte? - ele ri.
-Não tem medo de acabar capado? - agora sou eu quem sorri.
-Posso correr o risco!
-Bravo cavaleiro, sempre corajoso!
-Sabe, não pensei que você tivesse mantido a sua
"virtude", se é que podemos chamar assim.
-É mesmo? Por que não?
-Sei que não se aplica a você, mas as meninas de hoje são tão fáceis.
-É verdade, mas não sou como as meninas de hoje.
-É por isso que te amo! Você não segue os padrões. - ele diz.
-Não acho que as pessoas sejam fabricadas em série; cada um é cada um e cada um tem que seguir aquilo em que acredita.
-Então, isso é uma opção? - O quê?
-Manter sua "virtude".
-Até hoje foi, ou você acha que foi por falta de oportunidade? - digo rindo.
-Prefiro não pensar nisso! - ele diz.
-Melhor não pensar mesmo!
-Acha que só casando, então? - ele ri e eu chego a gargalhar.
-Você se engana sobre mim, Wagner.
-Por quê?
-Não sou puritana. Apenas acho que, até hoje, nunca valeu a pena.
-Nunca? - Nunca.
-E o playboy?
-Sempre quis. Brigávamos muito por causa disso.
-Então, por que não aconteceu?
-Por quê? Porque sou melhor que a mãe dele e nunca daria o gostinho a ela de ter algo para falar mal a meu respeito. Ela nunca gostou de mim, mas, também nunca me deu a chance de mostrá-la que não sou uma oportunista.
-Como assim?
-Ela pensava que a minha intensão era dar o famoso "golpe da barriga" no filho dela. Coitada! Agora sim ela corre esse risco.
-Minha mãe sempre gostou de você! - ele diz.
-Eu sempre gostei dela também. - eu digo.
-Ela ficou feliz de saber que voltamos. E ela disse que, quem sabe, agora tomo jeito.
-Será que toma?
-Já tomei. Sabe por quê?
-Não.
-Porque por você vale a pena.
-Fico feliz em ouvir isso. Cheguei no escritório e tenho que desligar. Mais tarde nos falamos?
-Não.
-Vai estar ocupado?
-Sim.
-Que pena! O que vai fazer?
-Vou me encontrar com uma Deusa. - ele ri.
-Hum! Então, pelo menos terá um bom motivo. Fico feliz!
-O melhor motivo do mundo. Até breve.
-Até!
-Te amo, minha Deusa.
Não sei o que responder, então, apenas desligo.

A Deusa do Mago - Uma história de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora