CAPÍTULO 52 - O DOMINGO

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Estamos em frente à casa de Wagner. Eduardo buzina. Estou sentada no banco de trás e, na frente, junto com Edu, está Rafaela. É até engraçado vê-lo com alguém. Eles têm a mesma idade, mas ela parece ser tão mais vivida. Ela tenta ser simpática, mas não houve, da minha parte, empatia por ela. Vai ver é apenas ciúme de irmã, se é que isso existe.
Ligo para Wagner.
-Belo adormecido, bom dia! Não ouviu a buzina?
-Bom dia, minha Deusa! Ouvi sim e já estou indo.
-Apenas mais cinco minutos.
-Estamos te esperando.
-Já estou indo.
Ele chega ao carro, Eduardo faz as apresentações, em seguida ele se senta ao meu lado no banco de trás.
-Bom dia novamente, Deusa! - ele me beija.
-Bom dia, amore!
-Amore? Parece que meu dia será muito bom!
-Num almoço com um dragão? Ainda bem que você fica feliz! - dou risada.
Eduardo apenas me olha pelo retrovisor.
-Não está com sono? - Wagner pergunta.
-Morrendo de sono, mas não deixaria o Edu na mão.
-Vem cá, deite-se aqui no meu colo e durma um pouco. Eu te acordo quando a gente chegar.
-Você não vai aguentar ficar comigo no seu colo até lá. - digo rindo - Vai ficar sem perna!
-Isso é uma ordem! - ele diz.
-Tudo bem, afinal, a perna é sua!
Pulo em o seu colo, ele me envolve num abraço quente, repousa seu nariz nos meus cabelos e começa a acariciá-los. Deixo o sono me levar.
Sinto um beijo quente e desperto.
-Despertada por um príncipe, com um beijo? Acho que meu dia vai ser muito bom! - eu digo.
-Poderia te acordar assim todos os dias.
-Gostaria muito disso... - eu digo.
-Chegamos. - ele diz
Pulo do seu colo. Esse não é o melhor lugar para o meu pai me ver. - pensei.

Meu pai não aliviou em nada, até agora. Está atirando para todos os lados. Estou com dó até do Edu. Eu até já me acostumei, mas para Edu, certamente, isso é uma novidade. Almoçamos e logo nos apressamos para ir embora.
-Vamos para a represa? - diz Edu.
-Olhe o tempo. Não acredito que conseguiremos chegar lá, pois choveu ontem e hoje de manhã. Deve estar um verdadeiro lamaçal. - eu digo.
-A gente tenta e, se não der, a gente volta. - ele diz.
-Está bem. - digo.
-Então, vamos.
O caminho para a represa está terrível, tem até carro atolado.
-Bem, se a gente quiser passar acho melhor ajudar aquele povo que está com o carro atolado.
-Vamos lá. - eu digo.
Depois de Eduardo ter de dirigir o carro que estava atolado e de nós fazermos bastante força para tirá-lo de lá, resolvemos deixar o carro ali mesmo e continuar a pé. Se atolássemos, é possível que não houvesse mais ninguém para nos ajudar a sair.
Chegamos à represa, mas o tempo frio não está nada convidativo. Eduardo não quer nem saber disso, entra na água com Rafaela e os dois ficam de amasso lá no meio da represa.
Wagner olha pra mim e pergunta.
-Quer arriscar?
-Nossa! Dá frio só de olhar... - eu digo.
-Eu te esquento. - ele diz com aquele olhar.
-Sério mesmo? Você está afim de entrar?
-Seu irmão não está com frio.
-Tudo bem, mas se sentir muito frio a gente sai.
-Tudo bem - ele diz.
Tiramos os sapatos. Tiro a saia e camisa e fico de maiô, pois não me sinto bem de biquíni. Ele me olha e enrubesço de vergonha.
Coloco o pé na água e o frio sobe pela espinha. Ele me abraça e diz:
-Vamos correndo, assim a gente não sente! - ele ri Então, ele me agarra e me puxa represa adentro.
-Nossa! Está congelando! - digo, quase batendo o queixo.
Ele me puxa para ele e diz:
-Você vai esquentar, daqui a pouco. - ele ri.
Ele segura as minhas pernas para que eu fique com elas envoltas no seu quadril. Agarro-me a ele como se fosse meu travesseiro.
Então, ele trança seus braços sobre o meu corpo e, mesmo com a água gelada, posso sentir o seu calor. Então, começamos a nos beijar.
Não é como nos outros beijos, nós nunca estivemos tão próximos, tão íntimos. Ele me beija tão profundamente, que sua língua me invade em busca da minha e, ao encontrá-la, iniciam uma espécie de ritual e, como duas serpentes, elas se entrelaçam.
Suas mãos percorrem meu corpo, minha respiração fica ofegante, respiramos o mesmo ar.
Ele beija meu pescoço e fala ao meu ouvido:
- Eu quero você, preciso de você, eu te amo!
A adrenalina toma conta de mim, causando uma sensação tão forte que faz com corpo pareça convulsionar. Eu o quero demais.
Aperto ainda mais as minhas pernas a sua volta e sinto seu volume, ele arde de desejo. Sussurro em seu ouvido:
-Quero você.
-Você me quer? - ele diz.
-Quero.
-Não aqui, não assim! - ele diz. - Você merece muito mais que uma represa, tem que ser sem medo, sem preocupações...
-Não sei se vou aguentar esperar, te desejo muito.
-Não mais que eu. - ele diz - Ainda está com frio? - acho que ele está tentando mudar de assunto.
-Não!
-Quer sair?
-Não! Você não me quer?
Ele segura o meu quadril e o força sobre o seu volume.
-Você acha que isso é alguém que não te quer? - ele diz com um olhar muito sexy - Só acho que você merece mais, principalmente, na sua primeira vez.
De repente me vem à cabeça que aquele homem a minha frente, sempre foi o meu primeiro.
O primeiro amor, o primeiro beijo, a primeira decepção. Mas agora eu o queria para ser realmente o meu primeiro, o homem com quem perderia a minha virgindade.
Não era isso que importava, mas ele seria o homem que me possuiria pela primeira vez e vejo que não poderia ter me enganado ao esperar por ele.
Sempre pensei que a minha primeira vez seria com Gabriel, mas depois de um tempo acabei percebendo que, apesar do desejo, as coisas aconteceriam como uma pipa em dia de vendaval. Certamente, me perderia entre braços e bocas, mas não haveria a calma, o carinho, o cuidado.
Seria como um copo de suco gelado em um dia muito quente, ele me beberia depressa, sem apreciar a textura, o cheiro, o sabor e, ao fim, não lhe mataria a sede.
Mas Wagner é diferente e isso que o torna especial. Ele não se importa só com o meu corpo e, também, não quer apenas o meu corpo, ele quer a minha alma, a minha vida. Ele quer um "felizes para sempre"!
Estou envolta nesses pensamentos, sentindo seus beijos, suas mãos, seu calor. O frio da represa não toma mais o meu corpo. Sinto-o arder em desejo, de uma forma que nunca senti antes. Não sei se, nesse momento, consigo me importar com o local onde estamos.
-Vamos, está ficando tarde. - ouço a voz de Edu e vejo que eles já estão fora da água.
-Acho que está na hora de irmos. - Wagner diz.
-Que pena, estava tão bom!
-E como estava! Mais um pouco dessa deliciosa "brincadeira" seria o suficiente para uma explosão submersa. Não é fácil manter o controle, com você assim... - ele diz sorrindo.
-Assim, como? - pergunto, me fazendo de desentendida.
-Me querendo... Tão quente...
-Quente? Gostei!
Saímos da água e o vento bate no meu corpo, um frio gigante me envolve. Começo a tremer.
Visto a roupa o mais rápido que posso, mas com um maiô molhado por baixo, não faz muita diferença.
Wagner percebe que estou com os lábios roxos, ele me abraça com força, me envolve de tal forma que fica até difícil caminhar de volta para o carro.
Quando estamos de volta ao banco de trás, ele me faz deitar em seu colo novamente, agradeço, pois, preciso do seu calor para me manter aquecida.
Pulo no seu colo e ele me aconchega. Poderia me perder nesses braços, penso. Então, abro um sorriso.
-O que foi, minha Deusa? O frio tá passando? - Estou pensando que poderia me perder aqui.
-Onde?
-Nos seus braços...
-Se você se perder aqui, despeça-se do mundo, pois não deixarei ninguém te encontrar. - ele diz.
-E quem disse que quero ser encontrada? - beijo-o com imenso carinho.
-Durma um pouco. A acordarei, quando chegarmos.
-Seu desejo é uma ordem, meu amo!
Deixo-me levar pelo seu calor, que me invade e logo adormeço em seus braços.

A Deusa do Mago - Uma história de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora