CAPÍTULO 11 - ESCAPANDO

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Não posso encontrá-lo na saída. Não hoje! Ainda não sei o que pensar ou que dizer. Assim que o sinal toca informando o fim da última aula, corro para fora como uma louca, esquecendo até do meu amigo urso. Deixo-o para trás sem entender nada, sequer um abraço de despedida.
Corro o mais rápido que posso para chegar logo ao carro, pois, lá eu estarei segura em meus pensamentos. Entro ofegante, sento-me no banco de trás e esperamos por Eduardo. Meu pai me lança aquele olhar desconfiado que todo pai tem.
Pela janela lateral posso ver meu cavaleiro sair à minha procura. Ele olha para todos os lados e, antes que seus olhos encontrassem os meus, abaixo a cabeça e torço para que ele não tenha percebido que eu não tinha a menor condição de encará-lo naquele momento.
Voltamos para casa e dessa vez vou direto para cama. Minha cabeça parece uma locomotiva sem freio. Penso: "Meu Deus, ele me quer". Mas lá dentro algo diz:
"Ele está apenas brincando com você"! Mas não quero acreditar nessa hipótese.
Agora quem vem aos meus pensamentos é meu pai. Ele é conservador, ciumento e ainda sou a sua garotinha. Sou sua única menina e, apesar dele e minha mãe terem começado a namorar enquanto ela ainda tinha apenas 12 anos, não creio que ele seja tão compassivo, afinal os tempos são outros.
Depois de muito pensar e nada concluir, adormeci. Esta noite tive um sonho ainda mais agitado.
Estou novamente no mesmo campo, olhando para o cavaleiro e o moinho, mas o moinho agora possui outra forma. Já não é mais alto e forte como antes, agora é mais baixo, mesmo assim, ainda forte e, talvez, muito mais imponente do que eu pensava. Ele era o meu pai em forma de um dragão.
Como no conto da bela adormecida ao revés, vejo meu cavaleiro deitado na relva, aparentemente mergulhado em um sono profundo. Para chegar até ele, tenho que passar pela fera que cospe fogo, mas sou apenas eu, fraca e frágil. Sei do que o meu cavaleiro precisa. Apenas um beijo, uma resposta. Mas sou fraca demais para enfrentar um dragão e isso me desespera.
Acordo sentindo um pesar enorme em meu peito, por ter deixado lá o meu cavaleiro em seu sono eterno, sem conseguir salvá-lo.

A Deusa do Mago - Uma história de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora