CAPÍTULO 4 - A APRESENTAÇÃO

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As demais aulas do dia transcorrem normalmente e estamos sendo apresentados aos novos professores. Particularmente, gosto muito das professoras de Biologia e Língua Portuguesa.
Troco algumas palavras com o meu mais novo colega de classe, o garoto alto. Falamos coisas corriqueiras sobre o colégio, amigos, expectativas para o ano etc.
Logo o sinal toca novamente e é hora de voltar para casa. Os alunos se levantam, pegam os poucos materiais que trouxeram e seguem em direção à saída.
Nesse momento Thiago se levanta e, como se eu fosse uma salsicha e ele um pão, ele me dá um grande abraço de urso e um beijo estalado na bochecha.
- Bem, então até amanhã - ele diz - Adorei conhecer você! Amigos?
Ainda sem fôlego pelo abraço inesperado, abro um sorriso. Nunca nenhum garoto me abraçou até hoje, isso é estranho e ao mesmo tempo acolhedor.
-Claro! Amigos com certeza!
-Que bom, fico feliz! Então fique bem, até amanhã!
-Até!
Enquanto sigo para fora da sala, fico repassando essa noite. Está sendo melhor do que eu imaginava! Acho que no colegial os garotos param de ser tão infantis.
Quando chego à porta da sala, vejo meu irmão vindo em minha direção. Meu coração acelera, o chão foge aos meus pés. Ele não está sozinho. Vem conversando, rindo e pude ver a jaqueta preta ao lado dele. Fico sem ar, abaixo o rosto logo que chegam perto.
-Ann!
Esse é o meu apelido, só minha família e os amigos me chamam de Ann.
Ergo, timidamente, o rosto.
-Esse é o Wagner, meu colega de classe!
Ainda com o coração acelerado, dou um olhar de cão sem dono e tento abrir um sorriso tímido, mas meu corpo não quer obedecer. Wagner, pega a minha mão, de leve, se aproxima e, delicadamente, beija o meu rosto. Então lhe digo.
-Oi, muito prazer! Meu nome é Anna, mas pode me chamar de Ann, se quiser!
-Vejo que fez um amigo, Eduardo! Mamãe vai ficar feliz em saber, você é sempre tão quieto!
-É verdade... Nem acredito que somos irmãos, você é sempre tão sociável.
Então, Wagner, como um perfeito cavalheiro, responde:
-Oi, esteja certa de que o prazer é inteiramente meu em conhecê-la!
Percebo que os olhos de Wagner brilham ao ouvir a palavra "irmão". Ou será que estou vendo coisas?
Andamos até a saída. Os dois conversam frivolidades. Nesse momento minha cabeça não consegue pensar direito, pareço um robô, sendo guiada por controle remoto. Minhas pernas seguem seu caminho até a saída sem que eu tenha a menor noção de tê-las ordenado.
Na porta do colégio, lá está ele Miguel, nosso pai. Ele sempre foi um pai muito carinhoso, cuidadoso e temeroso por nós, o que faz com que ele cruze o bairro para nos levar e buscar no colégio. Ele tem medo de que algo ruim nos aconteça.
Ao avistar o carro - um Jeep 1972 - nos despedimos. Wagner, com seus olhos brilhantes, vem até mim, me dá agora um abraço, outro beijo no rosto, abre um lindo sorriso, se aproxima do meu ouvido e diz baixinho:
Até amanhã, Ann!
Retribuo o sorriso. Nesse momento, Eduardo me puxa pelo braço, já afoito, dizendo:
-Vamos, vamos! Você sabe que o papai é bravo e não gosta de esperar. Até mais Wagner!
Quando entramos no carro, papai nos deu aquele olhar de reprovação, mas abriu um sorriso.
-Como foi o primeiro dia de aula?
Eduardo logo respondeu. - Foi bem! Fizemos alguns amigos!
Fico quieta no banco de trás, absorvendo cada momento que se passou.
Essa noite eu teria um sonho mais agitado que o normal.

A Deusa do Mago - Uma história de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora