19.

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DUARTE.

Sem pensar e igual fumaça ela sumiu pela casa indo embora de volta pra casa dela, depois de escutar cada palavra que ela dizia eu realmente percebi o quão burro eu fui em magoar a mulher que eu amava.

Era complicado demais, mais do que parecia, as vezes nós tenta passar essa visão de bandidão sem sentimento mas cada palavra dita por ela me fez voltar ao passado.

Ver ela chorando me fez voltar ao passado e ao dia que ela me pegou na cama com a mina aqui em casa, na cama que nós dormia junto, dentro da casa que ela morava enquanto de verdade ela estava lá se pondo em risco por causa de mim.

Ela já entrou na minha frente, já atirou em polícia por causa de mim, isso tudo veio na minha cabeça.

FLASHBACK:

Operação na favela, bope pra tudo quanto era lado, corri em casa e só conseguia me lembrar que a Ágata estava em casa e eu mandei o Paquetá tirar ela de lá porque era perigoso caso eles invadissem.

Corpo de cana pelo chão, corpo dos cria também, alguns morrendo armados, chega doer no coração de verdade mas a vida do crime sempre foi isso.

Aqui é a vida real e na guerra ou você mata ou você morre.

Era guerra, momento de tudo ou nada, era a minha vida ou a deles, desci o morro com o fuzil atravessado e eu escutei o grito da Ágata.

Ágata: Duarte!!!

Quatro tiros foram disparados e eu tentei me esconder atrás do muro, quando me deparei com um policial caído atrás de mim, que merda eu estava acontecendo.

O silêncio tomou o lugar e eu corri para ir de encontro com a Ágata que estava com uma glock na mão chorando.

Duarte: O que você está fazendo aqui? — perguntei. — Onde você pegou isso?

Ela estava chorando e eu peguei ela no colo sem entender levando ela embora da principal, ela salvou minha vida e estava em pânico após ter matado alguém.

Ágata: Ele ia te matar... Eu matei ele... Meu Deus, eu matei aquele homem... — ela falava repetidamente.

Duarte: Não era pra você ter saído daqui.

Me desarmei e deixei tudo em algum canto da casa onde era pra ela ter ficado, ela tremia e eu tentava acalmar ela que chorando sem parar.

ENCERRADO.

A mulher que eu mais amei e a mulher que eu mais errei foi ela mas eu estava no embalo de ter pegado o comando do morro, várias piranhas jogando na cara, nada disso justifica mas eu mudei.

A maturidade chegou e escutar ela falando tudo o que ela falou me fez voltar no tempo e analisar tudo que já fiz ela passar, isso nunca era pra ter acontecido.

Nós tinha planos, construir família lembro de quando ela era minha e gritava para os quatros cantos que era minha mulher com o maior orgulho, hoje escutar o desgosto ao falar tudo o que falou doeu.

Não vou mentir não mas o bagulho entrou na minha mente igual uma bala atravessando o meu peito.

Se conquistar ela já foi difícil porque ela já tinha uma marra de impossível, reconquistar seria praticamente impossível.

Mas ela não era santa e eu falo pra vocês com toda a certeza do meu coração.

Independente de qualquer bagulho, a mina não estava errada mas o bagulho agora era mostrar pra ela que eu podia sim fazer e ser diferente.

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