57.

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MELISSA.

Mais ansiosa eu não podia estar, fiquei fora umas semanas do morro desde que fui lá no Sorriso pra ver o que ele ia decidir no dia do recebimento da carga.

Cheguei e fui em casa indo na direção da Kelly que eu queria me atualizar pra saber sobre os ocorridos da favela infelizmente ou felizmente agora eu tinha que estar por dentro de tudo.

Eu tinha que passar as informações pra frente e nada podia ficar pra trás, se isso era bom ou ruim, eu nunca ia saber mas o que era meu por direito eu ia ter, que maluquice era essa.

Cheguei em casa e corri pro banho, precisava lavar meu cabelo, fazer um papazinho porque era necessário, estava cheia de saudade de fazer e comer a minha comida sendo que nesse momento a minha preguiça estava falando tão alto.

Entrei pro banho correndo e tomei banho da cabeça aos pés com a água quente bem gostosa que eu adorava que descesse pelo meu corpo, a minha mente só pensava no que eu ia escutar da Kelly porque querendo ou não ela era meus olhos e meus ouvidos aqui nesse morro.

Sai do banho, passei um pouco de perfume e uma escova no meu cabelo e já fui correndo agarrar meu celular.

LIGAÇÃO.

Kelly: Fala garota.

Mel: Vem minha filha, tá esperando o que?

Kelly: To quase na sua porta já, calma.

Mel: To ansiosíssima.

ENCERRADA.

Coloquei um conjuntinho molinho e era o tempo que ela chegava na minha casa, queria muito saber das coisas e alguns minutos depois eu escutei o barulho na porta.

Mel: Já vaiii!

Gritei e fui correndo até a porta, abrindo dei de cara com a Kelly que entrou já se sentando no sofá e me olhando.

Kelly: Coloca a pipoca no microondas primeiro. — ela riu.

Mel: Porra, tá difícil. — falei indo colocar.

Enquanto a pipoca estourava no microondas eu voltei e me sentei já quase pulando pra ficar maluca e saber logo o que tinha acontecido.

Kelly: Pelo visto, a Ágata derramou a boca. — ela começou e meu olho arregalou.

Mel: Derramou a boca? — perguntei.

Kelly: Cacete, deixa eu falar. — assenti ficando quieta. — Então pelo visto em uma briga com o Duarte ela resolveu distribuir dinheiro pela favela mas esse dinheiro era de alguma coisa, acho que da carga que estava pra chegar e ela deu pro morro todo, dando um prejuízo pro Duarte.

Mel: Então a entrega vai atrasar? — perguntei.

Kelly: Acho que não, Duarte recuperou uma parte do dinheiro com a venda e estava faltando pouca coisa pelo que eu entendi mas eles estão correndo atrás pra conseguir entregar no tempo certo.

Mel: Óbvio que estão, o que movimenta a boca daqui é a cocaína que o Ruy entrega. — falei.

Kelly: Pois bem mas ninguém tem certeza de nada ainda, as coisas estão andando como se nada tivesse acontecido.

Mel: Queria saber o motivo da briga deles... — falei curiosa.

Kelly: Se foi chifre você sabe que ele não deixa transparecer pra ninguém! — ela disse.

Mel: Pior que é verdade, eu espero que tudo ocorra conforme o combinado porque eu preciso que tudo dê certo pro Sorriso entrar.

Kelly: Tá se arriscando demais. — ela disse.

Mel: Não tem mais volta...

Por mais que eu soubesse os riscos que eu estava correndo fazendo tudo isso por conta do diabo eu não podia simplesmente voltar atrás depois de ir atrás do chefe da facção rival pra resolver essas coisas.

Entreguei tudo pra ele, cada passo do Duarte e tudo o que acontecia nesse morro ele estava sabendo e era por mim mas eu já tinha avisado pra ele desde o início que o foco do negócio não era o meu homem.

Era a Ágata, sem ela no meu caminho eu ia conseguir finalmente o que eu queria.

A pipoca ficou pronta e eu me perdi dos meus pensamentos ao escutar o barulho do microondas, fui até o mesmo peguei a pipoca e voltei pra sala sentando no sofá com a Kelly para comer e assistir.

Kelly: Queria ver um desenho, sabe? — ela falou.

Mel: Vamos ver filme. — peguei o controle.

Kelly: Manaaaa! — ela reclamou.

Discutimos um pouco sobre o que iríamos assistir e coloquei algo depois de entrarmos em um consenso, o silêncio reinou e os meus pensamentos se perderam novamente.

Tudo isso tinha que valer muito a pena porque eu não podia sair perdendo de maneira e nem hipótese nenhuma.

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