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ÁGATA.

As coisas estavam correndo bem depois da conversa com o Duarte parecia que a paz tinha reinado e finalmente eu estava vivendo momentos de paz desde que eu tinha chegado.

A Melissa tinha dado um certo sossego mas como eu não confiava naquela ali estava esperando só o momento do bote dela chegar para que eu pudesse cair pra dentro mais uma vez.

E nem adianta vim falar que cair pra dentro e meter a porrada é feio, feio são as vergonhas gratuitas que essa mona passa nessa favela e ninguém fala nada.

Susanne tinha saído um pouco pra ver o bofe dela mas já tinha umas horas, hoje eu não pretendia sair de casa, peguei o meu telefone para mexer um pouco e lá estava a mensagem do Duarte.

MENSAGEM.
Duarte: Como você tá?

Ágata: Eu to bem e você?

Duarte: Tega por aqui.

Ágata: Tá no plantão?

Duarte: Tu sabe que não pego plantão, to só passando de olho em algumas coisas porque não pode deixar o morro nas mãos do diabo.

Ágata: Se cuida hein.

Duarte: Mais tarde tu vai fazer o que?

Ágata: Tem baile né?

Duarte: Sim. Daqui a pouco vou dar um giro pela favela e vou passar aí na sua casa, aparece na porta pra eu te dar um beijo antes de conferir as bocas daí de trás, to cheio de saudade de você morena.

Ágata: Tá bom mo...

FINALIZADA.

Dei um sorriso bobo pro telefone e bloqueei o mesmo quando eu pensei em levantar escutei a porta da sala se abrindo e era a Su.

Ágata: Eita que já tá voltou?

Ela me olhou mas não respondeu, seu olhar estava triste e ela fechou a porta caminhando para se sentar ao meu lado no sofá, logo o meu instinto de irmã preocupada aflorou alguma coisa tinha acontecido e eu precisava saber o que era.

Pelo menos pra tentar ajudar ela a resolver o que ela estava sentindo.

Ágata: O que foi minha princesa? — passei as mãos no cabelo dela.

Su: Mona tu acredita que o Novinho ficou com aquela vagabunda da Kelly.

Ágata: Ai meu Deus... — falei baixinho.

Su: Pra piorar tudo ele ainda teve a coragem de me falar que era solteiro e que eu não era mulher dele porque eu não queria isso! — ela continuou falando com lágrimas nos olhos.

Ágata: Susanne, eu não queria te falar isso mas de todos o Novinho é o mais tranquilo — olhei pra ela. — Sei que dói mas ele tá certo.

Su: Certo? — ela gritou. — Você não vai ficar do lado desse merda não Ágata!

Por mais que doesse eu tinha que falar, cara ele sempre pediu ela, sempre quis ela só pra ele mas eu sempre alertei que ela podia entrar nessa mas que se entrasse era pra manter um olho no padre e outro na missa porque com bandido não pode dar mole.

Não era que eu estava do lado do Novinho mas ele estava certo porque quem negou estar ao lado dele como mulher foi ela e aceitou ficar como ficante pra favela também foi ela.

Era difícil mas infelizmente era a realidade.

Ágata: Não é isso mas ele te pediu diversas vezes ou eu estou mentindo? — perguntei.

Su: Não... — ela sussurrou. — Mas a Kelly mano?

Ágata: Ele não é seu marido, você não pode cobrar lealdade!

Su: Ágata! — ela me repreendeu.

Ágata: Susanne, eu to mentindo? — olhei pra ela.

Su: Você cobra o Duarte!

Ágata: Não vem querer comparar não! — olhei pra ela.

Su: Cara, eu não quero viver isso!

Ágata: Não quer ser mulher dele mas não quer que ele tenha outras? — ri.

Susanne era tão nova pra entender que já era difícil um bandido dar lealdade pra alguém casado e que ela tinha maior sorte do mundo em ter ele porque ele respeitava muito.

Se ela queria cobrar tinha que aceitar o lugar de fiel e ver no que ia dar e foi o que eu falei pra ela, ficar mas não se deixar levar mas na cabeça dela não funcionava assim.

Eu não julgo porque com 15 anos eu pensava a mesma coisa até entender que enquanto eu não fosse mulher, eu não podia cobrar nenhuma vírgula fora do lugar.

Realmente eu não tinha visto o erro nele e ainda falou a verdade quando foi confrontado, não era o tipo dele mentir mas eu entendia que ela estava magoada também porque achava que era a única mas ela ia ter que aprender a levar se não quisesse ser mulher do bofe.

Ágata: Vai tomar um banho e se recompor porque vamos pro baile hoje.

Su: Vamos mesmo e eu vou bem linda, vou jogar igual pra geral e eu não quero ver ele falando um a torto pra mim.

Dei risada e ela entrou no banheiro, logo escutei a buzina da moto do Duarte na porta e corri para fora vendo ele sentado na moto.

A coisa mais linda, ele estacionou e desceu, veio até mim e me deu um beijo.

Duarte: Saudade de você moreninha! — ele acariciou meu cabelo.

Ágata: Eu também senti sua falta. — dei um sorriso.

Duarte: Ai pra tu! — ele estendeu a sacola.

Ágata: Mas o que é isso? — olhei pra cara dele.

Duarte: Mandei fazer pra tu, é ouro pra minha dama.

Dei um sorriso e abri a sacola dentro tinha um cordão muito lindo com a minha inicial, abracei ele segurei o mesmo olhando e era a coisa mais linda mas onde eu ia usar isso, era uma pergunta ótima porque eu não sabia.

Ágata: Você gosta desse exagero né! — sorri.

Duarte: Se eu ando adornado minha dama também tem que andar!

Ágata: Obrigada tá? — dei um sorriso. — Te amo.

Duarte: Também te amo morena, daqui pra frente é tudo diferente. — ele montou na moto. — Vai lá que eu vou agitar as coisas mais tarde eu te quero linda.

Ágata: Tá bom.

Com um beijo na testa se despediu de mim e eu entrei com o cordão em minhas mãos.

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