41.

4K 154 14
                                    

MELISSA
Uma semana depois.

Eu sabia de bastante coisa da boca porque quando o Duarte ia para o plantão, eu ia com ele quando a Ágata não estava no morro, sabia quando chegava, o que chegava e quando saia.

Isso era mais do que necessário pra mim pra fazer o que eu queria fazer, já estava sabendo que eles tinham conversado e o Duarte estava calmo demais pro lado da Ágata, alguma coisa estava acontecendo entre os dois.

Mas o meu plano não era nem me meter nisso, era mexer no foco do dinheiro dele, se tivesse um desfalque e a Ágata não tivesse ao lado dele, ele ia conseguir ver quem essa piranha era de verdade.

Já que eu não podia jogar do lado que eu queria, eu ia me misturar onde eu podia, me arriscaria? Sim, mas é aquilo...

Se você não pode com os seus inimigos, se junte a eles e era isso que eu ia fazer antes da Ágata chegar eu já tinha visto quando chegaria a próxima carga de drogas e pelo visto era cocaína, lança e alguma outra que eu tinha esquecido.

O contato eu já tinha e eu ia me jogar para o lado dos alemão para conseguir o que eu queria, que era fuder a vida do Duarte.

Queria ver como ela ficaria se ele tivesse duro ou preso.

Desci o morro a pé mesmo porque hoje era dia de atravessar e sim, eu ia atravessar sozinha na minha missão impossível de fazer com que desse tudo errado nessa entrega.

O complexo para onde eu ia não era distante e tudo que eu sabia é que era pra eu chegar indo na direção do dono porque ele ja estaria me aguardando e eu subiria direto.

Papo de uns trinta minutinhos e eu cheguei na favela que era pra eu chegar e já subi direto alguns olhares pra mim mas pouco me importavam o que eu queria mesmo estava querendo se prendendo a uma mona piranha do caralho e eu não to disposta.

Melissa: Boa tarde.

Olhei a minha volta e eu só via bandido, só bandido, um mais encarado do que o outro, queria falar com o Sorriso, ele era o chefe e o mandante do lugar.

O interessado do bagulho era ele então era com ele que eu ia falar.

Logo ele chegou, branquinho bonito até, algumas tatuagens espalhadas inclusive uma no rosto.

Sorriso: Deixa a mina passar. — ele falou e o caminho foi aberto.

Melissa: Pra onde? — perguntei.

Sorriso: Senta aí loira, só quero tuas informações! — ele me olhou.

Puxei uma cadeira e sentei de frente pra ele.

Melissa: Daqui 4 semanas, acredito que vai ser em uma sexta feira, o morro recebe uma carga, Ruy que vai entregar tudo, na rua sete.

Sorriso: Entradas e saídas.

Melissa: Dia de recebimento não fica ninguém plantando na entrada do morro, sempre recebem na rua sete na entrada do QG, é a hora perfeita para o bote.

Sorriso: E o Duarte? — ele me olhou.

Melissa: Vão estar todos juntos no mesmo lugar, mesma entrada, todos vão estar juntos porque nesse momento fazem a contagem.

Sorriso: Tá ligado, que se uma das suas informações tiver errada, tu morre. — ele puxou uma pistola e colocou na mesa.

Melissa: E porquê eu mentiria de algo? — falei. — O seu interesse é o mesmo que o meu.

Ele me olhou e assentiu parecia confiar em mim mas eu não confiava nele, eu sabia o que estava fazendo mas tinha minhas condições pra continuar fazendo o que estava fazendo.

Melissa: Eu não quero que matem ele! — pedi.

Sorriso: Tá pedindo piedade Loira? — ele riu. — Como nós toma o bagulho se o mano não tiver morto?

Melissa: Baleia, sei lá, ele vai pra outra favela.

Sorriso: Vamos ver o que vamos fazer.

Assenti.

Sorriso: Traz o bagulho pra ela.

Ele olhou para um menino que me olhou novamente, ele tinha um fuzil atravessado e andou para dentro de uma salinha e logo voltou com uma envelope.

Sorriso: Pela tua disposição.

Melissa: O foco é a mulher dele, Ágata, se tu pegar ela, tu desestabiliza ele e ele entrega tudo. — falei e virei as costas.

Levantei e fui embora, coloquei na bolsa e peguei um Uber voltando para o morro, nada podia dar errado.

Nós por Nós. Onde histórias criam vida. Descubra agora