18.

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ÁGATA.

Acordei com o celular tocando pra caralho, era a única coisa que eu tinha conseguido trazer, olhei ao redor e percebi que não estava em casa, a minha mente logo fez o favor de me recordar de tudo que tinha acontecido inclusive que eu quase deixei me levar por um beijo desse filho da puta.

Na cama ele não estava mais e eu ainda estava com a mesma roupa, nenhum sinal de sexo e se não tinha rolado nada, estava tudo tranquilo comecei a revirar o quarto atrás do meu salto e da minha bolsa mas logo lembrei que eu tinha esquecido ela com a minha irmã.

Fui olhar o telefone e tinha várias e várias mensagens perdidas da Susanne e da Kelly também, aí que ódio cara juro, sentei na cama e retornei a ligação assim que eu vi, só queria ir embora:

LIGAÇÃO.

Su: Irmã, pelo amor de Deus, onde você tá?

Ágata: Ai filha, história longa assim que eu chegar em casa te explico porque tá foda.

Duarte: Bom dia. — ele entrou no quarto invadindo a chamada também.

Su: Como assim? Você vai ter que me contar isso direito.

Ágata: Ai não sei como ainda não teve fofoca irmã.

Su: Só falaram que te viram a última vez brigando com ele do lado de fora do Mirante.

Ágata: Tá, eu to indo embora.

Su: Eu to aqui no Novinho, passa aqui e vamos pra casa juntas.

Ágata: Aproveitar que estamos bem perto.

ENCERRADA.

Duarte: Já vai? — ele perguntou me olhando.

Ágata: Não era nem pra eu ter vindo.

Levantei da cama cheia de dor de cabeça, uma ressaca maldita que inferno, não sei pra que fui inventar de dormir aqui agora era um assunto do caralho.

Duarte: Me escuta.

Ágata: Porra, eu não tenho nada pra falar com você mas já que você quer conversar, sou eu quem vou falar! — olhei dentro dos olhos dele. — Acabou Duarte, acabou pra sempre!

Ele estava me olhando sem dizer uma palavra e eu comecei a soltar cada palavra que estava engasgada por 5 anos desde que eu fui embora, desde que eu parei a minha vida, eu comecei a falar tudo o que eu estava sentindo.

Independente do sentimento, isso não sustentava nada e eu prometi pra mim mesma que não ia nunca mais me colocar nessa situação.

Ágata: Eu me arrisquei por você Duarte, eu cometi crimes, podia ter ido presa a troco de que? — senti as lágrimas tomarem o meus olhos.

Duarte: Ágata...

Ágata: Cala a boca! — eu o interrompi. — Quem vai falar sou eu, nos seus piores momentos era eu quem estava, do bom ao ruim, com dinheiro e sem nada, quando esse morro estava em paz e quando tinha guerra. Quem matava e morria por você, era eu!

As lágrimas escorriam no meu rosto e eu abaixei a cabeça, colocar esse sentimento pra fora doía tanto que eu não sabia o quanto eu estava sofrendo de tanto que eu guardava tudo.

Ágata: E em troca o que você me deu? — perguntei.

Ele me olhava sem dizer uma palavra, não sabia se estava arrependido por estar escutando tudo o que eu estava dizendo ou se ele realmente tinha mudado.

Ágata: Fala porra, em troca da minha lealdade o que você me deu? — gritei.

Ele não respondeu.

Ágata: Pois bem, eu te digo, você me traiu e ainda me bateu, me tirou daqui dessa casa que eu vivia com você como se eu fosse um cachorro sarnento, como se eu tivesse feito algo ruim mas não, o errado era você e eu fui embora.

Sequei as lágrimas e olhei pra ele que estava sentado na cama e mudo!

Ágata: Ai agora você acha que vai surtar comigo e eu vou te aceitar de volta mais uma vez pra viver e ser otaria mais uma vez? — ri fraco. — Duarte, eu não tenho mais 15 anos, eu não sou a menina boba que você conheceu, eu sou uma mulher!

Duarte: As pessoas mudam!

Ágata: Fácil falar quando não foi você que perdeu uma vida do lado de alguém que te traiu, eu perdi a minha adolescência, momentos com a minha família, perdi tudo quando fui embora.

Duarte: Vou te provar que eu posso fazer diferente. — ele falou.

Ágata: Não perca o seu tempo.

Calcei o meu salto, amarrei o meu cabelo e sai da casa dele, eu estava aliviada por ter falado tudo o que eu estava sentindo naquele momento, a paz tinha me consumido depois de eu ter falado tudo.

Subi na moto e fui na direção da casa do Novinho pra encontrar a Susanne.

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