35.

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ÁGATA.

Duarte: A gente ainda vai conversar. — ele falou.

Ágata: Então fala Duarte, você não vem querer confundir só porque aconteceu isso entre a gente hoje não.

Duarte: Você tá dando uma de maluca pro meu lado garota? — ele me olhou.

Ágata: Eu já falei que sou solteira. — coloquei minha roupa.

Duarte: Solteira? Ágata acorda pra tua vida! — ele gritou.

Eu dei risada escutando os gritos e foi nesse meio tempo que ele grudou no meu braço com uma força absurda, eu tinha esquecido o quanto esse babaca era agressivo.

Ágata: Me solta porra! — gritei. — Eu e você antes de tudo sabemos muito bem que não temos nada a anos, o que aconteceu hoje foi um deslize e nada além disso.

Duarte: Você tem que perder essa mania de querer me fazer de otario perante a rapaziada. — ele me olhou.

Ágata: Eu to te dando tudo o que você me deu no tempo que ficamos juntos.

Duarte: Se transformando em uma piranha que passa na mão de qualquer vagabundo? — ele me olhou.

Ágata: Sempre foi essas que você deu valor.

Duarte: Já te falei que eu era moleque, não tinha cabeça.

Aos poucos ele foi soltando o meu braço e eu fui cedendo para escutar o que ele tinha para falar.

Ágata: Eu tinha 15 anos quando ficamos juntos, você não pode simplesmente virar pra mim e falar que era moleque quando eu com 15 anos dei praticamente a minha vida por você. — falei.

Duarte: Você tem que perder essa mania de só querer falar, aprende a ouvir os outros.

Ele tinha razão por um lado, em todas as conversas eu nunca dei abertura pra ele falar nada, eu sempre estava falando, sempre estava interrompendo ele mas era por um simples motivo.

Eu estava cansada das mesmas desculpas, das mesmas histórias e das mesmas coisas.

Duarte: Tu faz essas graças porque eu não tenho coragem de te encostar a mão!

Ágata: Até parece, quando eu era mais nova me descia o cacete, agora mudou e tá aqui o cão arrependido na minha frente! — gargalhei.

Duarte: Fica com seu deboche garota, fica!

Isso tudo e eu ainda não tinha começado a debochar mas ele sabe como eu sou e me conhece como ninguém sendo que ele espera uma otaria que faça tudo o que ele quer, da mesma maneira que era no passado.

E isso, ele não ia ter, nem aqui e nem na China!

Duarte: Ágata, eu não vou aceitar tu ficar dando uma de maluca pela favela e me tirando pra otario não! — ele começou a falar.

Ágata: E eu nunca vou me colocar em uma situação que eu sei como vai terminar só pra manter a sua imagem de patrão limpa!

Duarte: Garota, eu só to aqui falando com você porque você gosta de dar uma de maluca. — ele me olhou. — Qual foi Ágata, indo pra morro ficar com bandido que eu conheço? Tá me tirando?

Ágata: O que tá te incomodando mesmo é o fato de querer me ter de volta e não conseguir ou eu ter ficado com o Ptk? — perguntei.

Duarte: Os dois Ágata, to aqui te dando papo de sujeito homem, tem nenhuma criança mais aqui filha, acorda pra tua vida!

Ágata: Acontece que eu não vou ficar nessa com você de novo não! — falei. — Olha tudo que eu ja fiz por você, falar disso chega me dar um nó na garganta, você nunca me valorizou.

Duarte: Eu sei que errei pra caralho contigo mas qual foi garota, te perder foi o maior choque que eu tomei nenhuma mulher fez o que você fez por mim não.

Ágata: Você me quer como mulher pra poder me colocar em palco de baile e me fazer de otaria pelas costas, eu te conheço!

Duarte: Tá achando que eu te quero como algum troféu? — ele se aproximou. — Você nunca foi troféu pra mim não garota, se liga na tua responsa.

Ágata: Então me diz porque você fez o que fez comigo? — olhei nos olhos dele.

Duarte: Eu era menorzão Ágata, tinha a cabeça no lugar não, você sabe que eu tinha acabado de pegar a coordenação do morro e me deixei levar.

Ágata: Várias piranhas jogando na cara, dinheiro a pamparra e a de casa que fazia tudo por você, você cagava na cabeça e levava enganada! — falei.

Ele se aproximou de mim e acariciou o meu rosto, o seu olhar ainda era apaixonado mas dessa vez muito mais do que quando eu conheci ele.

Isso que era foda, nós nos amávamos mas eu não sabia se podia confiar nele, essa situação era muito complicada para dizer que sim imediatamente.

Duarte: Se eu quisesse outras, não estava aqui agora rendendo pra você... — ele falou baixo.

Ágata: Não consigo confiar em você! — as lágrimas queriam inundar meus olhos.

Eu estava me contendo para não chorar porque já tínhamos conversado uma vez e eu tinha chorado, não podia ficar nessa toda vez que ele tocasse nesse assunto.

Duarte: Uma chance que eu to pedindo pra te mostrar que eu posso fazer diferente!

Ágata: Eu não quero te dar essa chance, 5 anos atrás eu te dei e você jogou fora!

Duarte: Vai ficar se apegando no passado até quando? — ele perguntou.

Ágata: Até quando não tirarem da minha cabeça!

Duarte: Então deixa eu tirar! — ele me olhou ainda acariciando meu rosto. — Só to pedindo uma chance Ágata, a gente se ama, você quer negar isso?

Meu coração dizia que sim, minha mente dizia que não, eu estava perdida, não sabia nem o que fazer.

Eu não podia deixar me levar assim tão rápido.

Ágata: Eu não vou fazer o que fiz no passado e me deixar levar rápido assim por você!

Duarte: Que seja da forma que você quiser.

Ágata: Primeiro prova tudo o que você me disse e o seu arrependimento e aí sim penso se realmente vale a pena tentar novamente.

Duarte: Eu só te peço respeito.

Ágata: Tenho que ir embora! — virei as costas saindo da casa dele.

Minha mente estava um turbilhão, tudo o que tinha acontecido, a conversa e o olhar dele pra mim, eu nunca tinha visto ele daquele jeito porque ele era um bicho e sempre foi.

Sempre me tratou como quis e agora do nada ele estava mais manso do que cachorro adestrado.

Se o tempo muda realmente as pessoas, eu queria ver o que ele era capaz pra me provar que tinha mudado.

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