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DUARTE.

Plantão hoje estava mais do que tranquilo porque como não tinha muito o que fazer e a favela estava na paz do senhor Jesus Cristo, nós ia beber um negocinho e comer uma coisinha.

Logo logo eu já tinha que ralar porque a Ágata estava em casa me esperando e ela estava terrível desde a última fofoca e desde o último assunto que tinha arrumado mas convenhamos que errado eu não estava não.

Sentei na mesa com os menor, Novinho e o Paquetá, o lugar estava cheio mesmo e ainda nem eram 22h da noite mas aqui era o fervo imagina quando fosse mais tarde porque por enquanto ainda estava muito cedo.

Liguei pro telefone da Ágata mas não me atendeu, tudo certo até então e eu comecei a apertar alguns balões ali mesmo para fumar com os menor.

Desceram o combo do whisky e eu coloquei a arma na mesa.

Novinho: Se o morro tá nesse movimento, quero nem ver no aniversário da mulher desse cara. — riu.

Duarte: Primeiro aniversário dela que ela vai passar comigo tendo paz irmão.

Paquetá: Não só tendo paz. — falou. — Sendo sua mulher e de verdade agora.

Novinho: Pior que é papo reto.

Duarte: Nem tinha raciocinado nisso ainda, tá ligado? — falei.

Fiz o meu copo e logo acendi o balão sentindo as cinzas caírem no chão, dei uns tragos e entreguei um pro Novinho e outro pro Paquetá que também iria fumar o dele na paz de Deus.

Dei um gole e comecei a escutar a música que tocava no local, hoje era dia de pagode ao vivo e com toda certeza isso ia lotar.
Observei o espaço e estava tudo mais do que tranquilo, eu gostava de ver o morro assim, me alegrava um pouco por dentro e me deixava mais tranquilo para que eu pudesse respirar sem ficar naquela neurose de operação o tempo todo.

Paquetá: Mandei o menor entregar a porra do dinheiro pros cana.

Duarte: Fez bem. — balancei a cabeça positivamente.

Novinho: É irmão mas eles são traiçoeiros demais.

Pior que o Novinho não mentiu, essa última vez agora o arrego estava pago e eles entraram com tudo fazendo arruaça e inesperadamente, nós já pagava o bagulho mas eles nunca estavam satisfeitos e sempre queriam mais e mais e mais.

Nunca o valor estava bom, lidar com polícia na hora de pagar arrego já é um saco mas quando é operação é pior ainda então eu preferia perder alguma merreca pra eles do que ficar nessa de operação e guerra todo santo dia.

Isso não era bom pra mim e nem pros moradores, favela é lugar de lazer e lugar de paz.

Paquetá: Vê bem quem tá vindo na sua direção. — me cutucou.

Só podia ser o satanás incubado que tinha nessa garota irmão, era a maluca da Melissa mas não era possível que essa porra não cansava de me perseguir e nem de me atormentar.

Novinho: Mano isso não vai dar certo porque a Ágata tá logo ali. — ele apontou.

Sorte que a Ágata ainda não tinha me visto e eu acho que dava tempo de dar um chega pra lá nessa garota antes que ela acabava com a noite de todo mundo.

Mas o que eu também não entendi era o que a Ágata estava fazendo aqui sem avisar e sem porra nenhuma, só que isso era problema pra resolver outra hora.

Melissa: Tá sozinho vida? — ela sorriu.

Duarte: Que que é Melissa, rala porra.

Melissa: Gente, não vai dizer que nem que ta com saudade. — passou a mão no meu ombro.

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