Ela parecia paralisada com medo de algo, balançava o corpo pra frente e pra trás enquanto ignorava o olhar do rapaz.

Ela virou a cabeça pra mim, seu rosto inchado de tanto chorar e vermelho, mas tinha algo errado com suas pupilas, elas tinham um brilho vermelho.

-Rachel...

-Dá o fora, eu já estou cuidando dela.

-Você não sabe como acalmar ela, então cale a boca e se afaste. -falei o encarando.

Rachel continuou perturbada e a última coisa que eu queria era que ela acabasse explodindo com uma discussão.

-Daqui eu não saio.

-Então nós sairemos. Rachel, por favor me escute, eu sei que você tá aí e se puder me ouvir...venha comigo.

-Não escute ele, vamos pra praia, eu posso te ajudar a se acalmar com aquela sinfonia dos peixes.

-Sinfonia dos peixes? Acha que um bando de sardinhas vai fazer com que ela se acalme? -falei, chegando mais perto dela -Rach, vamos para o meu quarto e você vai me contar sobre seus pesadelos.

Rachel olhos para mim e sua pupila avermelhada pareceu diminuir, seus lábios estavam tremendo.

-Me...me tira daqui. -ela pediu com a voz trêmula.

Não hesitei em passar meus braços por baixo da sua coxa e suas costas e a carregar.

Encarei Aqualed com uma certa aspereza antes de dar as costas e tirar Rachel dali apressado.

Ela soluçava nos meus braços enquanto o cristal na sua testa começava a brilhar uma pequena luz avermelhada.

Abri a porta e a fechei com o pé, depois a sentei na minha cama onde ela colocou as mãos no rosto enquanto apoiava os cotovelos nas coxas.

Peguei duas latinhas de coca cola no frigobar e dei uma pra ela, que aceitou com as mãos trêmulas.

-Merda, eu esqueci que íamos conversar sobre seus pesadelos aquele dia, estive muito ocupado e...desculpa, Rach.

Ela apenas acenou com a cabeça e respirou fundo.

-Eu não derrotei meu pai completamente e ele está prestes a voltar...eu não sei o que fazer, eu tenho ignorado esses pesadelos fazem anos e agora que eles se tornaram mais fortes eu tenho medo...

Nunca em toda nossa amizade eu ouvi a Rachel dizer que estava com medo de algo, isso me preocupou.

-Me conte mais sobre seus pesadelos, ás vezes podemos investigar pra ver se temos novas pistas.

Ela me falou todos os detalhes, eu pude sentir seu nervosismo penetrar na minha pele, a cada novo detalhe senti o peso da gravidade.

-Um culto...pode ser um culto em nome do seu pai! Rachel, você disse que tinha vitrais nesse local, só pode ser uma igreja!

-Eu tinha pensado nisso, mas que igreja iria ceder lugar para um coral satânico?

-Pode ser uma igreja abandonada. Pode ser um local afastado de tudo e de todos, ou com certeza alguém iria denunciar!

-Gar, precisamos procurar esse lugar na sala de controle. E rápido, todos os dias são um dia a menos e eu tenho medo...

-Rachel, por hoje você precisa descansar.

-Não, você não tá entendendo! Precisamos encontrar esse lugar, o Earth e as tecnologias Wayne podem nos ajudar se descrevermos os cenários!

-Eu entendo, mas e se por acaso acharmos esse lugar amanhã mesmo e decidirmos ir no próximo dia? Você tem que estar descansada.

-Mas...

-Rach. É sério. Você vai dormir aqui hoje para não correr o risco de ter outro pesadelo.

-E como sabe que eu não vou ter pesadelos se eu dormir aqui?

-Você nunca teve um pesadelo quando dormiu aqui. -fui sincero e me joguei no sofá cama do outro lado do quarto -amanhã iremos nos empenhar cem porcento nas buscas, eu prometo.

Com muito custo Rachel se deitou na cama e se cobriu, mas eu a vi olhando pra a janela como se esperasse que algo acontecesse lá fora.

Passaram mais de duas horas até que ela finalmente dormiu e assim consegui dormir também.

Gar e Rachel - Melodias do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora