Terra
Como se pode ter um desejo de vingança se a pessoa em questão está morta?
Pensei nisso maior parte dos dois meses que se passaram e, sinceramente, me frustrei por não ter tido uma resposta.
Aqualed e Rose parecem estar me ajudando com isso, desde que descobri que a pessoa que eu mais confiava matou meus pais, tudo tem sido um caos.
Jason e Tim se recusam a falar comigo, por mais que o motivo do Tim é não perder a amizade com o Jason.
Percebo que esse mesmo tratamento se aplica á Rose, ambos não falam com ela e Dick e Kory passaram a interagir com a equipe de forma indireta na maioria das vezes.
Ok, eu admito, as coisas eram bem mais interessantes com toda a equipe reunida por mais que meu trabalho tenha sido espionar eles.
Faço minha refeição na bancada e me lembro do Gar, da maneira como ele me animava só com a voz, mas eu estava cega demais pra perceber que ele já tinha uma dona.
Não tenho rancor da Rachel, estou me esforçando pra ser uma pessoa melhor, mas admito que ainda sinto ciúmes.
Eles estão lá em Paris, felizes só por ver as ligações que Kory e Dick recebem pela televisão da sala, eu gostaria de ser ela e me sentir amada.
-Pensando demais outra vez? -Aqualed se aproximou e mordeu metade da minha maçã?
-Quem te deu o direito de morder minha maçã? -perguntei estreitando os olhos pra ele.
-Ninguém, eu faço o que eu quero.
-Vai fazer o que quer quando meu punho afundar o seu nariz. -digo o encarando.
-Você devia parar de ser estressadinha, está começando a ter rugas.
Resmunguei, continuando a comer o meu cereal.
-Vou sair com o Tim hoje, vamos pra uma festa do amigo dele.
-Legal.
-Vou trazer uma lembrancinha pra você. -ele diz saindo da cozinha mordendo uma pera que achou na geladeira.
"Acho que também preciso sair, eu vejo a cara de todo mundo durante todos os dias"
Não demorou muito pra que eu chegasse em uma boate que Rose me recomendou, ela me disse que foi várias vezes com Rachel pra encher a cara.
Passo pelas pessoas e vou direto para o balcão, uma mulher estava de costas pra mim, de cabelos curtinhos de um tom azul escuro, um corte masculino.
-No que posso ajudar? -ela se virou ainda sem me encarar.
Vi as tatuagens no seu pescoço e nos seus braços, ela realmente tinha um estilo maneiro.
Ela me encarou, por alguns segundos apenas me fitou e depois tirou o cardápio de trás do balcão.
Os analisei, me sentindo estranha por estar nervosa.
-Eu vou querer um Purple House.
Ela foi para as prateleiras e começou a selecionar algumas garrafas, notei os desenhos feitos no seu cabelo curto com Gillette.
Quando ela se virou novamente pra bancada e começou a trabalhar, pediu para o seu ajudante atender o outro cliente.
Prestei atenção a cada movimento dela, o jeito como ela balançava o recipiente para misturar as coisas e como adicionava extrato de pêssego.
Eu não conseguia me mover direito, meus olhos não pareciam responder ao meu comando.
Quando ela terminou, tirei meu celular do bolso pra fazer a transferência.
-Quanto é?
-Por conta da casa -ela me encarou e depois piscou, indo atender outro cliente quando pensei em protestar.
Peguei a bebida e me sentei em um canto qualquer ouvindo aquela música alta por horas e sem conversar com absolutamente ninguém.
Me sentia zonza demais pra fazer qualquer coisa, de repente a labirintite atacou.
Pousei minha cabeça na mesa e acabei adormecendo.
-Ei, acorda. -sinto uma mão me balançar pelos braços.
-O que...-levanto a cabeça e tenho um leve vislumbre daqueles cabelos azuis.
-Parece que bebeu demais, o bar já fechou.
-Já fechou...? -olho só meu redor, depois fecho meus olhos.
-Você não tá nem em condições de ir embora, peço que fique aqui até amanhecer.
A encaro, confusa diante do seu pedido e penso em protestar, mas segundos depois me vejo ser segurada pela cintura com o braço ao redor dos ombros dela.
-O quartinho dos fundos...normalmente durmo nele quando tenho que cumprir expediente.
-O seu chefe não vai brigar com você?
-Eu não posso brigar comigo mesma por estar ajudando alguém do meu próprio bar.
Ela logo está na porta.
-Vou pra casa, por favor não acabe com meu estoque de champanhe.
Ela piscou e fechou a porta, momentos depois apenas apaguei.
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Gar e Rachel - Melodias do Caos
RomantizmRachel Roth, uma garota extremamente fria e ao mesmo tempo cheia de cicatrizes emocionais, tem sua vida mudada depois da volta de Gar e o aparecimento de uma garota loira e um antigo namorado.