Poucos dias se passaram desde que decidi seguir meu caminho em Azarath para buscar a paz interior.
Aprendi um pouco do costume de fazer o possível para não me estressar e o ambiente ajudou muito, uma pequena aldeia no meio de um campo extenso de grama, flores e plantações era bastante relaxante.
Mas não para por aí, uma mulher me mostrou uma caverna cheia de cristais místicos energizados em que eu poderia meditar e refletir sobre tudo e buscar minha paz interior.
Ela disse que o processo é lento, mas que no fim vale a pena e que eu vou ser curada e ser purificada.
Por eu ter sofrido durante anos, isso me fez ter certeza de que demoraria um pouco para me reestabelecer, ainda mais agora com algo tão perigoso dentro de mim.
Esqueci minha raiva de Gar quando percebi que ele não queria me perder e eu não queria morrer, então ele fez o certo mesmo fazendo o errado.
Talvez, aceitar de que vou ter algo daquele monstro dentro de mim ajude á resolver as coisas.
Não é como se aquele coração fosse a única coisa que tenho dele, eu literalmente sou metade demônio por ser a filha dele.
Mas preservo minha metade feiticeira que herdei da minha mãe, por isso posso encontrar um desequilíbrio maior se eu optar por usar apenas a magia e quase nunca meus poderes demoníacos.
Eu entendi que certas coisas acontecem e não podemos mudar, não posso mudar o fato de eu ser filha do Destruidor de Mundos ou ser filha de uma poderosa feiticeira de Azarath que deu a vida para me salvar quando eu ainda era bebê.
Me sento na cama que pertencia á minha mãe, na casa que era dela e que agora reinvindiquei como minha por alguns meses.
Vou tentar o meu máximo para conseguir mudar rápido para voltar antes do aniversário do Gar, prometi isso.
Olho para as paredes cheias de tapeçarias lilás e concluo que minha mãe tinha um gosto parecido com o meu, por mais que eu nunca a tenha conhecido.
Talvez se ela não tivesse morrido, eu teria crescido aqui nesse lugar maravilhoso e teria aprendido a controlar meus poderes.
Eu seria uma pessoa leve e sem traumas.
Eu teria minhas vestes brancas todos os dias.
Faço um chá, não gosto de chá, mas aparentemente as ervas aqui são em grandes quantidades para essa especialidade.
Todos aqui são calmos e se tratam com harmonia, a verdade é que sinto um pouco de inveja das crianças e adolescentes que cresceram aqui.
Tomo um gole do chá e sinto toda a tensão deixar meu corpo, como todas as vezes que tomei essa hora da tarde.
Leio algumas páginas de um livro que se chama Como Dominar Suas Emoções.
Descubro que a aceitação daquilo que não pode mudar, pode mudar o jeito como levo minha vida a partir do momento que aceito.
Aqui ninguém me tratou como se eu fosse um monstro, pois eles aceitam minha condição mental e física.
Não me vêem como um monstro.
E sim como alguém que busca ajuda.
Eu não me importo de usar as roupas brancas que eles usam, não me importo de fazermos um grande jantar com todos da aldeia em uma grande mesa, eu não me importo de me sentir acolhida se isso me fizer sentir bem no final.
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Gar e Rachel - Melodias do Caos
RomanceRachel Roth, uma garota extremamente fria e ao mesmo tempo cheia de cicatrizes emocionais, tem sua vida mudada depois da volta de Gar e o aparecimento de uma garota loira e um antigo namorado.